Indivíduo e a geléia modernidade II

Por Carol Zanelatto

Parte II – A Consolidação e tempos de agora

A mutação dessa postura e ritmo social é evidente até os meados de 1980, como foi mostrado na primeira parte deste texto. Hoje, três décadas depois, considerando a dinâmica do conjunto de vida social, é falho afirmar que o processo de mutação é exatamente o mesmo. Nesse caso, entende-se que o patamar está se consolidando e potencializando na “cultura dos excessos”.

Controvérsias ou não sobre como classificar em miúdos o momento atual, a certeza é que este é ritmado pelo hiperconsumo e hipernarcisismo. (ilustração: Lorenzo Paolini)

Agora, o ritmo é excessivo, urgente, compulsivo. Tudo acontece, tudo é rápido e aos montantes: a tecnologia, a informação, o trabalho. Ao mesmo tempo em que se preza pela eficiência dos sistemas de organização e qualidade, otimização e funcionalidade, qualquer situação da vida do ser é tão efêmera quanto um carro ou uma TV.

há uma crise das estruturas ideológicas e culturais, e não há outro condicionamento de vida que não o de consumo. (colagem: Natan Schäfer)

Assim, o hiperconsumo é condicionado pelo excesso da novidade e das tecnologias e ditado na indústria pelo styling e pela obsolescência programada. O ato de comprar é emotivo, e os bens de consumo aguçam o desejo, o fetiche de consumo, tanto por prazer quanto por exaltação de status social que é condicionado pelos bens possuídos e que diferencia o indivíduo dos demais.

atualmente, os valores e modos de vida são impostos e vendidos em pacotes: pacotes de falsa identidade ou felicidade. Branding?

De outro ponto, esse indivíduo, narciso pós-moderno, precisa também vestir o narciso maduro: organizado e eficaz, preza por suas responsabilidades, dentro da sociedade funcional da ciência e da técnica ao mesmo tempo em que, sente a necessidade de manter-se sempre jovem, é imerso num mundo de possibilidades e desejos e é seduzido por todo e qualquer tipo de prazer, mostrando comportamentos compulsivos e sofrendo de quadros depressivos, revelando-se um sujeito desequilibrado.

Assim, esse indivíduo tem todas as ferramentas para manter sua liberdade e ser dono de sua razão, ao mesmo tempo em que precisa manter o controle e seguir princípios de boa conduta para manter a postura social. (colagem:Luan Camposi)

O fato é que há um paradoxo na vida hipermoderna entre a ordem a desordem: enquanto um lado aponta para a liberdade individual e os prazeres numa irresponsabilidade consequente o outro preza pela ordem, pela hiperfuncionalidade e a excessiva otimização de todo e qualquer tipo de processo. Isso não indicia outra coisa além da realidade caótica, que leva à fragilidade do individuo e às enfermidades mentais: a sociedade é esquizofrênica!

Outros posts da série

Carol Zanelatto

Carol Zanelatto

é estudante de Design de Produto da UFPR e mantém um caso de amor entre tantas outras coisas, com você, o mundo, a arte e a CORDe Curitiba

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Controvérsias ou não sobre como classificar em miúdos o momento atual, a certeza é que este é ritmado pelo hiperconsumo e hipernarcisismo. (ilustração: Lorenzo Paolini)

Agora, o ritmo é excessivo, urgente, compulsivo. Tudo acontece, tudo é rápido e aos montantes: a tecnologia, a informação, o trabalho. Ao mesmo tempo em que se preza pela eficiência dos sistemas de organização e qualidade, otimização e funcionalidade, qualquer situação da vida do ser é tão efêmera quanto um carro ou uma TV.

há uma crise das estruturas ideológicas e culturais, e não há outro condicionamento de vida que não o de consumo. (colagem: Natan Schäfer)

Assim, o hiperconsumo é condicionado pelo excesso da novidade e das tecnologias e ditado na indústria pelo styling e pela obsolescência programada. O ato de comprar é emotivo, e os bens de consumo aguçam o desejo, o fetiche de consumo, tanto por prazer quanto por exaltação de status social que é condicionado pelos bens possuídos e que diferencia o indivíduo dos demais.

atualmente, os valores e modos de vida são impostos e vendidos em pacotes: pacotes de falsa identidade ou felicidade. Branding?

De outro ponto, esse indivíduo, narciso pós-moderno, precisa também vestir o narciso maduro: organizado e eficaz, preza por suas responsabilidades, dentro da sociedade funcional da ciência e da técnica ao mesmo tempo em que, sente a necessidade de manter-se sempre jovem, é imerso num mundo de possibilidades e desejos e é seduzido por todo e qualquer tipo de prazer, mostrando comportamentos compulsivos e sofrendo de quadros depressivos, revelando-se um sujeito desequilibrado.

Assim, esse indivíduo tem todas as ferramentas para manter sua liberdade e ser dono de sua razão, ao mesmo tempo em que precisa manter o controle e seguir princípios de boa conduta para manter a postura social. (colagem:Luan Camposi)

O fato é que há um paradoxo na vida hipermoderna entre a ordem a desordem: enquanto um lado aponta para a liberdade individual e os prazeres numa irresponsabilidade consequente o outro preza pela ordem, pela hiperfuncionalidade e a excessiva otimização de todo e qualquer tipo de processo. Isso não indicia outra coisa além da realidade caótica, que leva à fragilidade do individuo e às enfermidades mentais: a sociedade é esquizofrênica!

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