O lado negro dos padrões

Por Hugo Pizaia

O design possuí uma vasta pesquisa em seu portfólio quando o assunto é aguçar os principais pontos sensoriais e comportamentais do ser humano. Estudos que através de pesquisas chegaram a soluções padrão para determinados problemas.

Ex: Um objeto comum como um extintor ser da cor vermelha não foi uma escolha infundada, pois graças ao estudo da percepção cromática sabemos que um objeto vermelho será muito mais eficaz que um objeto escuro em ser encontrado no meio de um incêndio. Logo grande parte, se não todos, os extintores possuem a carcaça avermelhada.

Já imaginou todo esse potencial acadêmico do design sendo usado para enganar ou até mesmo manipular você? Pois é, bem-vindo ao “Dark patterns” ou como eu gosto de chamar “O lado negro dos padrões”.

Quando pensamos em um design ruim, pensamos em preguiça e erros. Esses são conhecidos como anti-padrões. O lado negro dos padrões são diferentes – não são erros, eles são cuidadosamente elaborados com uma sólida compreensão da psicologia humana e não têm interesse do usuário em mente
– Darkpatterns wiki sobre darkpatterns

Exemplos de padrões do mal são facilmente encontrados em sites de hospedagem de arquivos, principalmente os de arquivos “ilegais”.

Piratebay é um dos nomes mais conhecidos da web que faz o uso dessas malandragens, por exemplo ao clicar em “pesquisar”, antes do resultado da busca ser carregada, uma nova janela se abre automaticamente em seu navegador, mas ao contrário do que pode parecer o conteúdo dessa nova página é publicitário e pouco ou nada tem a ver com a pesquisa efetuada.

Piratebay – Nova janela surpresa que abre conteúdo patrocinado

Na página do resultado da busca, temos 4 banners principais ,que ocupam pontos generosos da sua visão, sugerindo possuir conteúdo pornografico em seus links, quando na verdade te levarão para cadastros em sites de relacionamento.

Piratebay – Banner sacana que te leva para sites de relacionamento

Caso você tenha conseguido passar pela janela surpresa e não tenha sucumbido as tentações da carne, essa terceira e última armadilha provavelmente vai te pegar. O grande botão verde de download, ao contrário do que diz não faz download muito menos entrega o arquivo que você procura, pelo contrário te leva para o já ignorado anteriormente banner patrocinado da janela surpresa.

Caso você queira fazer o download do arquivo pesquisado é necessário clicar no pequeno texto em verde, pouco informativo, que fica quase imperceptível embaixo do brilhante botão padrão de download.

Piratebay – botão de download que te leva para conteúdo patrocinado

Se você ficou um pouco perturbado com todo esse descaso, mas não ligou muito porque os sites que você entra, não são de “piratas”, são de marcas conhecidas e eles nunca fariam isso com seus usuários, sinto-lhe informar que outro grande vilão dos padrões são os sites de compra pela internet.

Inclusive trago um exemplo recente, final do ano de 2012 minha namorada estava comprando online passagens de avião pelo site da companhia aérea Azul, além de ter que desmarcar o espertinho “valor padrão” para assinar o email marketing da empresa durante o cadastro, ela ainda se deparou com uma maliciosa e insistente tentativa de venda de serviços.

Não contente em utilizar o comumente botão inferior direito de “próximo passo” para fazer uma venda casada, a interface do sistema da azul ainda abre um pop-up para confirmar se você fez a escolha “certa”, repare que além do jogo semiótico a Azul ainda se utiliza de truques semânticos onde o botão inicialmente apenas oferece um “Seguro” já no pop-up ofereçe o mesmo serviço,  utilizando o mesmo botão, só que agora o vende como “Assistência e sorteio”.

Azul – Jogo semiótico e semântico para fazer venda casada

E por ai vai, eu poderia criai uma sessão no site só com posts comentando e analisado esses exemplos negativos,  e não estou falando só de interfaces digitais. Mas, o meu objetivo aqui, além de expor essas soluções anti-éticas ao ridículo, é fazer com que você designer não pegue o lightsaber vermelho, não use a “força” que a pesquisa do design possuí para manipular e ou fazer pouco do usuário. Não se deixe levar pelo resultado positivo a curto prazo que essa escolhas podem proporcionar,  a longo prazo você só estará dificultando, quando não lesando, a vida de muitas pessoas, sem contar que grande parte dessas soluções são ilegais!

No portal da Cliche você  já encontra conteúdo o suficiente para se animar e vislumbrar  como o design possui projetos e ambições muito mais gratificantes. Apoiamos, um design mais liberto, mais compromisado e compartilhado!

Falando nisso, você tem alguma alguma história para compartilhar sobre o lado negro dos padrões? Coloque nos comentários!

Quer saber mais?

 

Hugo Pizaia

Hugo Pizaia

Um dos gestores da Revista Cliche, estuda Design Gráfico na UTFPR e luta diariamente por uma Web mais simpática.

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O lado negro dos padrões

Por Hugo Pizaia

O design possuí uma vasta pesquisa em seu portfólio quando o assunto é aguçar os principais pontos sensoriais e comportamentais do ser humano. Estudos que através de pesquisas chegaram a soluções padrão para determinados problemas.

Ex: Um objeto comum como um extintor ser da cor vermelha não foi uma escolha infundada, pois graças ao estudo da percepção cromática sabemos que um objeto vermelho será muito mais eficaz que um objeto escuro em ser encontrado no meio de um incêndio. Logo grande parte, se não todos, os extintores possuem a carcaça avermelhada.

Já imaginou todo esse potencial acadêmico do design sendo usado para enganar ou até mesmo manipular você? Pois é, bem-vindo ao “Dark patterns” ou como eu gosto de chamar “O lado negro dos padrões”.

Quando pensamos em um design ruim, pensamos em preguiça e erros. Esses são conhecidos como anti-padrões. O lado negro dos padrões são diferentes – não são erros, eles são cuidadosamente elaborados com uma sólida compreensão da psicologia humana e não têm interesse do usuário em mente
– Darkpatterns wiki sobre darkpatterns

Exemplos de padrões do mal são facilmente encontrados em sites de hospedagem de arquivos, principalmente os de arquivos “ilegais”.

Piratebay é um dos nomes mais conhecidos da web que faz o uso dessas malandragens, por exemplo ao clicar em “pesquisar”, antes do resultado da busca ser carregada, uma nova janela se abre automaticamente em seu navegador, mas ao contrário do que pode parecer o conteúdo dessa nova página é publicitário e pouco ou nada tem a ver com a pesquisa efetuada.

Piratebay – Nova janela surpresa que abre conteúdo patrocinado

Na página do resultado da busca, temos 4 banners principais ,que ocupam pontos generosos da sua visão, sugerindo possuir conteúdo pornografico em seus links, quando na verdade te levarão para cadastros em sites de relacionamento.

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Caso você tenha conseguido passar pela janela surpresa e não tenha sucumbido as tentações da carne, essa terceira e última armadilha provavelmente vai te pegar. O grande botão verde de download, ao contrário do que diz não faz download muito menos entrega o arquivo que você procura, pelo contrário te leva para o já ignorado anteriormente banner patrocinado da janela surpresa.

Caso você queira fazer o download do arquivo pesquisado é necessário clicar no pequeno texto em verde, pouco informativo, que fica quase imperceptível embaixo do brilhante botão padrão de download.

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Se você ficou um pouco perturbado com todo esse descaso, mas não ligou muito porque os sites que você entra, não são de “piratas”, são de marcas conhecidas e eles nunca fariam isso com seus usuários, sinto-lhe informar que outro grande vilão dos padrões são os sites de compra pela internet.

Inclusive trago um exemplo recente, final do ano de 2012 minha namorada estava comprando online passagens de avião pelo site da companhia aérea Azul, além de ter que desmarcar o espertinho “valor padrão” para assinar o email marketing da empresa durante o cadastro, ela ainda se deparou com uma maliciosa e insistente tentativa de venda de serviços.

Não contente em utilizar o comumente botão inferior direito de “próximo passo” para fazer uma venda casada, a interface do sistema da azul ainda abre um pop-up para confirmar se você fez a escolha “certa”, repare que além do jogo semiótico a Azul ainda se utiliza de truques semânticos onde o botão inicialmente apenas oferece um “Seguro” já no pop-up ofereçe o mesmo serviço,  utilizando o mesmo botão, só que agora o vende como “Assistência e sorteio”.

Azul – Jogo semiótico e semântico para fazer venda casada

E por ai vai, eu poderia criai uma sessão no site só com posts comentando e analisado esses exemplos negativos,  e não estou falando só de interfaces digitais. Mas, o meu objetivo aqui, além de expor essas soluções anti-éticas ao ridículo, é fazer com que você designer não pegue o lightsaber vermelho, não use a “força” que a pesquisa do design possuí para manipular e ou fazer pouco do usuário. Não se deixe levar pelo resultado positivo a curto prazo que essa escolhas podem proporcionar,  a longo prazo você só estará dificultando, quando não lesando, a vida de muitas pessoas, sem contar que grande parte dessas soluções são ilegais!

No portal da Cliche você  já encontra conteúdo o suficiente para se animar e vislumbrar  como o design possui projetos e ambições muito mais gratificantes. Apoiamos, um design mais liberto, mais compromisado e compartilhado!

Falando nisso, você tem alguma alguma história para compartilhar sobre o lado negro dos padrões? Coloque nos comentários!

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Hugo Pizaia

Hugo Pizaia

Um dos gestores da Revista Cliche, estuda Design Gráfico na UTFPR e luta diariamente por uma Web mais simpática.

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