O design por um viés científico

Por Zeh Fernandes

O principal objeto de estudo do design moderno é o ser humano: manipular formas, cores, percepções, interações … Na tentativa de direcioná-las para um fim.

E como ter certezas trabalhando com essa variável tão subjetiva que é o comportamento humano?

Subjetividade que permite que frases, como: “O design não tem certo e nem errado”, sejam ditas a todo o momento por colegas de profissão.

De certa forma não condeno a afirmação mas, como uma citação, ela é usada fora de contexto e de forma totalmente equivocada. Os leitores de Maquiavel entendem o que digo quando em um diálogo normal alguém comenta “Os fins justificam os meios”: frase isolada que permite a interpretação de que a única coisa que importa é o resultado. Porém, ela é uma tentativa (falha) de simplificar o pensamento do Autor em sua obra “O príncipe”. Seu contexto, Itália Renascentista, a proposta era uma centralização do poder político na mão do estado, fora dos alcances da ditadura moral da Igreja.

O mesmo acontece com a afirmação que o design não possui um certo e nem um errado – conceito pós moderno que somos uma subjetividade incompreensível.

Há muito tempo este lado subjetivo vem sendo estudado e explorando de maneira científica: com experimentos e quantificação de dados para encontrar explicações do processo e denominadores comuns.

Aproximarmos nosso design a áreas como psicologia, sociologia e neurociência podem nos ajudar a fundamentar nossas decisões e aumentar as chances de apostar nos signos certos na composição do nosso design.

Neste viés, apresento 3 estudos que valem como ponto de partida para essa aventura do comportamento humano:

Pirâmide de Maslow

Pirâmide de Maslow adaptada para interfaces

Diagrama proposto por Abrahm Maslow, em 1943, mapeando hierarquicamente as necessidades do ser humano. O mesmo diagrama pode ser convertido para as expectativas de satisfação de um usuário ao utilizar uma interface, como na imagem acima.

Leia mais sobre a hirearquia de necessidade da pirâmide

Lei de Fitts

Gráfico obtido pela Lei de Fitts a respeito do tamanho do alvo e sua diferença na usabilidade.

Existem vários trabalhos a respeito da lei de Fitts. Mas basicamente é uma fórmula matemática para descobrir o tempo necessário para chegar em um alvo, considerando o tamanho e a distância dele.

Uma conclusão interessante é que: após um estágio, o aumento do objeto tem mudanças irrelevantes em relação à percepção dele. Ótima forma de justificar que não adianta aumentar ainda mais a logo do cliente.

Veja aplicações da lei de Fitts na usabilidade

Estética da Leitura

Imagem da pesquisa sobre a estética da leitura conduzida pelo MIT e Microsoft

Existem vários estudos relevantes sobre padrões de leitura. Recentemente o estudo “A Estética da Leitura” do Dr. Kevin Larson e do Dr. Rosalind Picard chegou a uma conclusão curiosa.
Uma boa tipografia não acelerou o ritmo da leitura e nem melhorou a compreensão dos leitores, porém melhorou o humor, do mesmo modo que ver um vídeo engraçado ou ganhar uma lembrancinha. Consequentemente ficaram mais hábeis para completarem tarefas secundárias que envolvem criatividade.

Veja a pesquisa sobre os efeitos da tipografia no humor (PDF, 480kb)

Fique atento

Pesquisas na área cognitiva do cérebro ainda são recentes, é importante manter-se atualizado e acompanhar os avanços. Abaixo seguem alguns links de sites que valem uma visita mensal para ver as novas descobertas:

E lembre que os fundamentos da Gestalt foram postulados a partir de métodos científicos! =)

Zeh Fernandes

Zeh Fernandes

Coordenador do Projeto Cliche e Estudante de Design Gráfico na UTFPR. Seu portfolio pode ser acessado em www.zehfernandes.com

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Os comentários estão encerrados.

O design por um viés científico

Por Zeh Fernandes

O principal objeto de estudo do design moderno é o ser humano: manipular formas, cores, percepções, interações … Na tentativa de direcioná-las para um fim.

E como ter certezas trabalhando com essa variável tão subjetiva que é o comportamento humano?

Subjetividade que permite que frases, como: “O design não tem certo e nem errado”, sejam ditas a todo o momento por colegas de profissão.

De certa forma não condeno a afirmação mas, como uma citação, ela é usada fora de contexto e de forma totalmente equivocada. Os leitores de Maquiavel entendem o que digo quando em um diálogo normal alguém comenta “Os fins justificam os meios”: frase isolada que permite a interpretação de que a única coisa que importa é o resultado. Porém, ela é uma tentativa (falha) de simplificar o pensamento do Autor em sua obra “O príncipe”. Seu contexto, Itália Renascentista, a proposta era uma centralização do poder político na mão do estado, fora dos alcances da ditadura moral da Igreja.

O mesmo acontece com a afirmação que o design não possui um certo e nem um errado – conceito pós moderno que somos uma subjetividade incompreensível.

Há muito tempo este lado subjetivo vem sendo estudado e explorando de maneira científica: com experimentos e quantificação de dados para encontrar explicações do processo e denominadores comuns.

Aproximarmos nosso design a áreas como psicologia, sociologia e neurociência podem nos ajudar a fundamentar nossas decisões e aumentar as chances de apostar nos signos certos na composição do nosso design.

Neste viés, apresento 3 estudos que valem como ponto de partida para essa aventura do comportamento humano:

Pirâmide de Maslow

Pirâmide de Maslow adaptada para interfaces

Diagrama proposto por Abrahm Maslow, em 1943, mapeando hierarquicamente as necessidades do ser humano. O mesmo diagrama pode ser convertido para as expectativas de satisfação de um usuário ao utilizar uma interface, como na imagem acima.

Leia mais sobre a hirearquia de necessidade da pirâmide

Lei de Fitts

Gráfico obtido pela Lei de Fitts a respeito do tamanho do alvo e sua diferença na usabilidade.

Existem vários trabalhos a respeito da lei de Fitts. Mas basicamente é uma fórmula matemática para descobrir o tempo necessário para chegar em um alvo, considerando o tamanho e a distância dele.

Uma conclusão interessante é que: após um estágio, o aumento do objeto tem mudanças irrelevantes em relação à percepção dele. Ótima forma de justificar que não adianta aumentar ainda mais a logo do cliente.

Veja aplicações da lei de Fitts na usabilidade

Estética da Leitura

Imagem da pesquisa sobre a estética da leitura conduzida pelo MIT e Microsoft

Existem vários estudos relevantes sobre padrões de leitura. Recentemente o estudo “A Estética da Leitura” do Dr. Kevin Larson e do Dr. Rosalind Picard chegou a uma conclusão curiosa.
Uma boa tipografia não acelerou o ritmo da leitura e nem melhorou a compreensão dos leitores, porém melhorou o humor, do mesmo modo que ver um vídeo engraçado ou ganhar uma lembrancinha. Consequentemente ficaram mais hábeis para completarem tarefas secundárias que envolvem criatividade.

Veja a pesquisa sobre os efeitos da tipografia no humor (PDF, 480kb)

Fique atento

Pesquisas na área cognitiva do cérebro ainda são recentes, é importante manter-se atualizado e acompanhar os avanços. Abaixo seguem alguns links de sites que valem uma visita mensal para ver as novas descobertas:

E lembre que os fundamentos da Gestalt foram postulados a partir de métodos científicos! =)

Zeh Fernandes

Zeh Fernandes

Coordenador do Projeto Cliche e Estudante de Design Gráfico na UTFPR. Seu portfolio pode ser acessado em www.zehfernandes.com

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