
O design gráfico e a moda
Assim como o design gráfico, a moda também proporciona diversas possibilidades para realização de trabalhos em que o conceito, a criatividade, os valores estéticos e as inovações podem ser amplamente explorados e transformados. Sendo assim, estes podem reinventar padrões, aperfeiçoar modelos já existentes e trazer mais conteúdos para nossa rotina de criações.
Imagine então, já que estas duas áreas possuem esta característica em comum, os trabalhos em conjunto de profissionais do design gráfico e da moda, sabendo que, provavelmente, as limitações a respeito de idéias pré-estabelecidas e engessadas que podem surgir em outras áreas, são muito menores, pois o posicionamento que estes profissionais devem possuir são direcionados ao campo da criação e à quebra de alguns padrões.
Foi pensando dessa forma, que o designer Peter Saville e o estilista Yohji Yamamoto trabalharam em parceria e construíram o lookbook da coleção de Outono / Inverno 1986/87, apresentando um trabalho único e marcante. Por esta colaboração, Yamamoto e Saville foram uns dos primeiros a abrir o leque de possibilidades para trabalhos em conjunto entre a indústria da moda e o design gráfico.
Ao decorrer dos anos, várias parcerias foram feitas e o resultado disso são alguns cases bem interessantes que mostram como o designer pode trabalhar com diversos elementos que vão de lookbooks a etiquetas, embalagens a convites de desfile, entre outros.
A exemplo disso, a marca sueca van Deurs, recebeu a colaboração do estúdio de design Ohlsonsmith, em 2007. A van Deurs possuía roupas luxuosas e incompatíveis com a comunicação visual, que era muito precária. A Ohlsonsmith então, analisou as essências das roupas, o tecido e a textura e evidenciou uma característica marcante das coleções, as pregas. Após isso, foram criados alguns elementos como a etiqueta, que tem dobras que se assemelham às pregas e reforçam a textura das peças da van Deurs e também o material da embalagem que possui a mesma característica, além de outros elementos da marca.
Outra contribuição que começou em 2005, foi entre a designer holandesa Karen Van de Kraats e a marca de Antoine Peters. Para o desfile de Outono / Inverno 2009/10, a designer analisou o trabalho descontraído de Antoine e o traduziu na forma de um convite que apresentava algumas estampas inspiradas na coleção formando as palavras “ I’m with stupid”, que ainda ia ser desfilada. Além disso, este convite poderia ser impresso nas roupas, por meio do ferro de passar roupas, fazendo com que os convidados pudessem participar ativamente do desfile e divulgassem a marca.
Inúmeras marcas, hoje, realizam este tipo de trabalho. Pode-se observar que muitas delas não são marcas tão conhecidas como as casas de alta costura ou prêt-à-porter que estamos acostumados a ver com mais frequência na mídia. Porém, muitas delas possuem um esforço criativo significativo e vontade de desenvolver um trabalho diferenciado, por isso é importante não se ater a visão sobre moda com apenas o que já que estamos acostumados, é claro possuem seu valor também, mas expandir os conhecimento sobre as interações e possibilidades que estas áreas nos permite é enriquecedor e nos ajuda a construir nosso repertório.
Se você quiser conhecer mais um pouco sobre as parcerias indico o livro “Design gráfico para moda” de Jay Hess e Simone Pasztorek de onde retirei algumas informações.
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