Poker, design e criação

Por Ciro Oliveira

Mesmo com os avanços que a tecnologia alcança todos os dias, o poker, curiosamente, é um grande empecilho para os especialistas da inteligência artificial. Os seres-humanos já são inferiores aos computadores na lógica necessária para jogar bem o xadrez ou calcular álgebras, por exemplo, mas nenhum cientista foi capaz de produzir conhecimento suficiente para trazer essa eficiência ao jogo de cartas.

um

E o que isso tem a ver com design? Simples. O motivo da dificuldade é o poker não possuir um raciocínio que seja único, exato e que possa ser definido como um padrão para o êxito certo. Assim também são os trabalhos de nós, designers.

Quantos são os problemas que podem aparecer durante a criação? Você tem um conceito perfeito, dinâmico e interessante. Mas o grid não está colaborando com a diagramação, não está dando para fazer caber. Falta espaço, sobra espaço. Tem informação demais, não tem informação nenhuma. Ou esse conceito, consenso entre a equipe, fez o cliente torcer o nariz. E, é claro, existe sempre ele, o deadline.. É esse o tipo de raciocínio lógico que o poker ajuda a desenvolver: saber lidar com a situação no momento exato através do conhecimento das possibilidades e facilidade em criar estratégias imediatas.

O controle da nossa criatividade é um desafio contínuo e ainda discutível. Para uma criação consideravelmente boa, precisamos de um trunfo, uma chave que pode estar no controle da nossa emoção, na observação crítica do outro e na construção de um plano de ação. Não é difícil que você aprenda a jogar poker. Como nesse site, as regras são simples como decorar o funcionamento de ferramentas e softwares. Você, da mesma forma, também pode ler teorias e dicas diariamente, se cercar de boas referências, inspirar e expirar design, mas a questão principal é entender exatamente o que cada partida/job pede de você. Ou, ainda que seja um trabalho livre e experimental, você sabe como executar sua ideia perfeitamente? E no menor tempo de execução? Com a melhor eficácia possível?

dois

No post linkado, a questão do controle da criatividade é novamente colocado em discussão. Inconsciente ou racional, é nisso que o poker talvez possa nos ajudar. Cada partida é incerta e o jogador precisa estar atento a todos os detalhes que estão em constante mudança na mesa para criar novas adaptações. Essa habilidade de estar preparado para alternar estratégias pode ajudar os designers na velocidade que ele processo e organiza suas ideias no momento da produção.

Mais que isso, o poker é também um jogo de controle de emoções. Não somente de autocontrole mas também de percepção dos adversários e seus blefes. Como esse artigo do site Filosofia do Design discute, o controle das emoções também é caríssimo aos criativos, ainda que, na opnião do autor, estes sentimentos não devam ser vistos como obstáculos e sim como uma outra alternativa para inspiração.

Quando você mantém sua mente sob controle, você consegue utilizar todo o seu conhecimento e potencial. O repertório adiquirido pode ser completamente acessado e não existe nada mais combustível para a criatividade que o nosso conhecimento. É também o que diferencia nossos trabalhos, as combinações de diferentes informações que são, sempre, individuais, mas que não é a todo momento que sabemos como concentrar-se para usufruir delas.

tres

O jogo de cartas pode ajudar o designer a desenvolver sua lógica. Assim como para o poker, a inteligência artificial dificilmente conseguiria ser eficiente em criar estratégias que fossem mais que criação automática de design. Nosso trabalho ainda precisa de todos esses itens para inovar e adaptar-se às necessidades que cada uma de nossas peças precisam e é nesse momento que o jogo de cartas faz todo o sentido na nossa profissão.

As cartas personalizadas usadas como ilustração desse post são de autoria da designer alemã Monja Gentschow.

 

Referências

Ciro Oliveira

Ciro Oliveira

Correndo atras de seu portfólio para sua faculdade com textos interessantes e que são feitos especialmente para voces. Original de São Paulo e fabricado em 91. Mentalidade maior do que esta no RG.

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Poker, design e criação

Por Ciro Oliveira

Mesmo com os avanços que a tecnologia alcança todos os dias, o poker, curiosamente, é um grande empecilho para os especialistas da inteligência artificial. Os seres-humanos já são inferiores aos computadores na lógica necessária para jogar bem o xadrez ou calcular álgebras, por exemplo, mas nenhum cientista foi capaz de produzir conhecimento suficiente para trazer essa eficiência ao jogo de cartas.

um

E o que isso tem a ver com design? Simples. O motivo da dificuldade é o poker não possuir um raciocínio que seja único, exato e que possa ser definido como um padrão para o êxito certo. Assim também são os trabalhos de nós, designers.

Quantos são os problemas que podem aparecer durante a criação? Você tem um conceito perfeito, dinâmico e interessante. Mas o grid não está colaborando com a diagramação, não está dando para fazer caber. Falta espaço, sobra espaço. Tem informação demais, não tem informação nenhuma. Ou esse conceito, consenso entre a equipe, fez o cliente torcer o nariz. E, é claro, existe sempre ele, o deadline.. É esse o tipo de raciocínio lógico que o poker ajuda a desenvolver: saber lidar com a situação no momento exato através do conhecimento das possibilidades e facilidade em criar estratégias imediatas.

O controle da nossa criatividade é um desafio contínuo e ainda discutível. Para uma criação consideravelmente boa, precisamos de um trunfo, uma chave que pode estar no controle da nossa emoção, na observação crítica do outro e na construção de um plano de ação. Não é difícil que você aprenda a jogar poker. Como nesse site, as regras são simples como decorar o funcionamento de ferramentas e softwares. Você, da mesma forma, também pode ler teorias e dicas diariamente, se cercar de boas referências, inspirar e expirar design, mas a questão principal é entender exatamente o que cada partida/job pede de você. Ou, ainda que seja um trabalho livre e experimental, você sabe como executar sua ideia perfeitamente? E no menor tempo de execução? Com a melhor eficácia possível?

dois

No post linkado, a questão do controle da criatividade é novamente colocado em discussão. Inconsciente ou racional, é nisso que o poker talvez possa nos ajudar. Cada partida é incerta e o jogador precisa estar atento a todos os detalhes que estão em constante mudança na mesa para criar novas adaptações. Essa habilidade de estar preparado para alternar estratégias pode ajudar os designers na velocidade que ele processo e organiza suas ideias no momento da produção.

Mais que isso, o poker é também um jogo de controle de emoções. Não somente de autocontrole mas também de percepção dos adversários e seus blefes. Como esse artigo do site Filosofia do Design discute, o controle das emoções também é caríssimo aos criativos, ainda que, na opnião do autor, estes sentimentos não devam ser vistos como obstáculos e sim como uma outra alternativa para inspiração.

Quando você mantém sua mente sob controle, você consegue utilizar todo o seu conhecimento e potencial. O repertório adiquirido pode ser completamente acessado e não existe nada mais combustível para a criatividade que o nosso conhecimento. É também o que diferencia nossos trabalhos, as combinações de diferentes informações que são, sempre, individuais, mas que não é a todo momento que sabemos como concentrar-se para usufruir delas.

tres

O jogo de cartas pode ajudar o designer a desenvolver sua lógica. Assim como para o poker, a inteligência artificial dificilmente conseguiria ser eficiente em criar estratégias que fossem mais que criação automática de design. Nosso trabalho ainda precisa de todos esses itens para inovar e adaptar-se às necessidades que cada uma de nossas peças precisam e é nesse momento que o jogo de cartas faz todo o sentido na nossa profissão.

As cartas personalizadas usadas como ilustração desse post são de autoria da designer alemã Monja Gentschow.

 

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Correndo atras de seu portfólio para sua faculdade com textos interessantes e que são feitos especialmente para voces. Original de São Paulo e fabricado em 91. Mentalidade maior do que esta no RG.

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