Design da Informação em Sinalização e Wayfinding

Por Maia Amanda

O texto de hoje irá falar um pouco sobre a diferença entre alguns conceitos na área do Design. Você já deve ter ouvido falar em Sinalização e Wayfinding, mas sabe a diferença entre eles e qual o papel de cada um dentro do Design da Informação?

Para iniciar o post vou primeiramente definir o que é o Design da Informação e qual a sua atuação dentro do Design Gráfico. O Design da Informação nada mais é do que a área do design que busca a satisfação informacional de indivíduos ao utilizar produtos e serviços. Este processo envolve análise, planejamento, apresentação e compreensão de mensagens através do seu conteúdo, linguagem e forma. Através do design da informação é possível proporcionar todos os dados necessários para que o usuário realize uma tarefa na qual não está apto a realizar, compreendendo e captando mensagens para o processo de tomada de decisão (PETERSSON, 2007).

Conceito de Design da Informação

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A SBDI – Sociedade Brasileira de Design da Informação é uma entidade responsável por reunir e concentrar as principais informações, profissionais e eventos científicos da área, que atuam na área de sistemas de informação em design. A cada dois anos esta sociedade organiza um evento científico chamado CIDI / CONGIC onde os profissionais da área podem publicar suas pesquisas acadêmicas. Existem também uma revista digital – A Revista Infodesign – também da área científica ligada ao grupo da SBDI, que publica a cada 3 / 4 meses artigos sobre o assunto.

Agora que foi possível compreender o que é o design da informação, vamos visualizar também os outros conceitos propostos no post.

Sinalização: É o processo de veiculação de informações, baseado no princípio de marcar, sinalizar algo. Possui como objetivo a transmissão da informação através da adequada disposição dos sinais visuais. É utilizada para orientar, informar e guiar os indivíduos. É uma ferramenta que se dispõe a facilitar a mobilidade, estabelecendo uma comunicação entre o sistema e o observador. As informações presentes na sinalização devem transmitir noções sobre o espaço a ser explorado, como por exemplo, distâncias, localização, pontos de interesse, direções e etc.

Exemplo de Sinalização [NDGA/UFRGS]

Exemplo de Sinalização [NDGA/UFRGS]figura03

A sinalização é geralmente concebida por meio do Design da Informação. Isso significa que, na teoria, as placas de sinalização são implantadas ao longo dos trajetos de acordo com a adaptação correta de informações e um pensamento focado na necessidade dos usuários que receberão as mensagens.

O objetivo das sinalizações em geral é criar códigos visuais que facilitem o entendimento de informações, com a utilização de símbolos e signos, pictogramas e setas, tipografia e cores. São 4 as principais funções da sinalização: Identificar, Orientar, Informar e Advertir.

Principais funções da sinalização

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Identificar é nomear um local. Considera-se os elementos como um todo, envolvendo desde fachadas até salas, setores, andares, edifícios e blocos. Normalmente utiliza-se palavras, cores ou números.

Orientar caracteriza-se pela presença da seta. É aplicado na maioria das informações direcionais. Os pedestres precisam saber onde atravessar a rua e os carros precisam saber onde realizar a conversão para chegar em determinado shopping. Nesta situação, as informações devem ser fornecidas de acordo com uma sequencialidade para manter corretamente os usuários na rota desejada.

O processo de orientação espacial (que será visto posteriormente) – diferente do conceito de orientar – é uma atividade cognitiva mais complexa do que apenas a aplicação de setas em placas de sinalização.

Informar significa o que o próprio nome afirma: repassar uma mensagem para alguém. Qualquer sinalização precisa informar algo seja através de cor, de pictogramas ou de palavras.

Advertir significa avisar, restringir e/ou proibir. Este tipo de sinalização é importante e imprescindível em locais de grande risco, como por exemplo, uma curva perigosa logo a frente ou uma atividade que pode oferecer perigo ao usuário.

Em Espanhol existe o conceito de Señalética, que assemelha-se ao da sinalização, no entanto difere-se na questão formal, que está relacionada diretamente ao Design da Informação: Enquanto que a sinalização preocupa-se com a disposição das informações em um layout e em como ele será percebido pelo observador, a Señalética é mais funcional, tendo como finalidade a informação imediata e inequívoca, direcionada a reação à mensagens. Ela não chama nem impõe a atenção, não é provocativa nem apelativa. É apenas a informação disponível sem provocar qualquer impacto nos indivíduos. Apresenta-se em linguagem concisa e econômica, evitando a retórica visual. Aposta no uso de muita informação com o mínimo de elementos para identificação e compreensão (COSTA, 1992).

Sua presença é silenciosa, sua ocupação é discreta, pode ou não ser utilizada, e deve desaparecer de imediato do campo de conhecimento do usuário” 

No entanto, acredita-se que este tipo de adaptação de mensagens não seja adequado nos dias de hoje devido à grande demanda de informação que alguns locais possuem. Agora imagine-se entrando em um aeroporto grande (pode ser o de São Paulo mesmo) onde as placas não lhe chamam a atenção e nem ao menos se caracterizam como sinalização. Isso irá comprometer seu desempenho na hora de encontrar o local desejado, seja o guichê da TAM ou o balcão de informações da GOL. Logo isso irá impacta diretamente no seu processo de orientação espacial, que também é conhecido como processo de wayfinding.

Este tema já pôde ser visto no post do Gestor da Clichê, Raphael Inoue, que em março deste ano explicou as principais características do fenômeno. No entanto, retomarei e complementarei algumas das principais questões, que são de grande importância para este texto.

A principal premissa do wayfinding é que este processo utiliza-se dos recursos da sinalização para auxiliar na orientação dos usuários em ambientes. O objetivo é tornar o trajeto mais seguro e agradável à quem o percorre de forma que o indivíduo não se perca ao longo do caminho.

Wayfinding ao ar livre [SCENO ENVIRONMENTAL GRAPHIC DESIGN]

Wayfinding ao ar livre [SCENO ENVIRONMENTAL GRAPHIC DESIGN]

Para LASCANO (2009), o que auxilia no processo de wayfinding em ambientes é a união dos seguintes aspectos: fácil navegação e orientação, design consistente, visível e reconhecível, organização clara da informação, informação legível e compreensível, funcional, interessante e acessível para todos os públicos, pesquisas sólidas para sua concepção, e deve providenciar um mapa.

Além do conceito de wayfinding estar ligado diretamente à orientação de pessoas, este termo pode ser utilizado também ao se referir à mapas em sistemas de informação. Estes mapas são chamados de wayfinding maps – ou “YOU ARE HERE MAPS”. Geralmente são encontrados em sinalização predial, como hospitais e aeroportos, ou sistemas de informação em transporte público e turismo.

Wayfinding maps

figura06

Wayfinding maps são aquelas representações que proporcionam orientação através da organização da informação. A adaptação destes mapas é importante para evitar problemas de desorientação em ambientes complexos e com alta demanda de informação. Este tipo de mapa faz parte também do sistema de sinalização doe um determinado local, que, obviamente, foi pensado através da perspectiva do Design da Informação.

Os “You Are Here maps” precisam apresentar algumas características para se caracterizar como tal:

  • Diferenciação de cores, tipos, larguras e objetos;
  • Combinação de gráficos com mínimo de texto (foco na informação essencial);
  • Empregar mapas apenas quando o tempo de destino não é um fator crítico ou quando não há outra forma de representar a informação;
  • Posicionamento destes mapas deve ser próximo das entradas, em locais que os usuários possam ver claramente e em pontos de decisão;
  • Não utilizar termos muito específicos, pois certos observadores podem não ter conhecimento do que se trata;
  • Devem ser planejados para ser flexíveis, caso haja uma alteração ou aumento de demanda de informação;
  • Pontos de referências devem atuar em locais de decisão (estudos comprovaram que as pessoas levam menos tempo para encontrar seus destinos na presença destes pontos) (O’NEILL, 1999).

Este texto teve intenção de esclarecer os principais conceitos ligados ao Design de Sinalização e Wayfinding relacionados diretamente à informação em espaços e como ela deve ser trabalhada para atender melhor ao público de cada local. Para um conhecimento mais aprofundado, indico a leitura deste artigo da ABC Design e o livro de Kevin Lynch – A Imagem da Cidade.

Referências

Maia Amanda

Maia Amanda

Atualmente trabalha na Vitao Alimentos como responsável pelo setor de Design e Marketing. Mestre em Design da Informação (UFPR/2013) e formada em Design Visual (ESPM/2010). Intercambista em Lisboa e nos EUA. Em suas experiências,descobriu a paixão pelo estudo da informação e do design aplicado ao transporte público. Mobiliário Urbano, Representação de Mapas, Design Inclusivo, Daltonismo e Estudo da Cor também foram paixões descobertas. Além disso, ama fotografia, cores, viagens, design, grêmio, embalagem e música.

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Design da Informação em Sinalização e Wayfinding

Por Maia Amanda

O texto de hoje irá falar um pouco sobre a diferença entre alguns conceitos na área do Design. Você já deve ter ouvido falar em Sinalização e Wayfinding, mas sabe a diferença entre eles e qual o papel de cada um dentro do Design da Informação?

Para iniciar o post vou primeiramente definir o que é o Design da Informação e qual a sua atuação dentro do Design Gráfico. O Design da Informação nada mais é do que a área do design que busca a satisfação informacional de indivíduos ao utilizar produtos e serviços. Este processo envolve análise, planejamento, apresentação e compreensão de mensagens através do seu conteúdo, linguagem e forma. Através do design da informação é possível proporcionar todos os dados necessários para que o usuário realize uma tarefa na qual não está apto a realizar, compreendendo e captando mensagens para o processo de tomada de decisão (PETERSSON, 2007).

Conceito de Design da Informação

figura01

A SBDI – Sociedade Brasileira de Design da Informação é uma entidade responsável por reunir e concentrar as principais informações, profissionais e eventos científicos da área, que atuam na área de sistemas de informação em design. A cada dois anos esta sociedade organiza um evento científico chamado CIDI / CONGIC onde os profissionais da área podem publicar suas pesquisas acadêmicas. Existem também uma revista digital – A Revista Infodesign – também da área científica ligada ao grupo da SBDI, que publica a cada 3 / 4 meses artigos sobre o assunto.

Agora que foi possível compreender o que é o design da informação, vamos visualizar também os outros conceitos propostos no post.

Sinalização: É o processo de veiculação de informações, baseado no princípio de marcar, sinalizar algo. Possui como objetivo a transmissão da informação através da adequada disposição dos sinais visuais. É utilizada para orientar, informar e guiar os indivíduos. É uma ferramenta que se dispõe a facilitar a mobilidade, estabelecendo uma comunicação entre o sistema e o observador. As informações presentes na sinalização devem transmitir noções sobre o espaço a ser explorado, como por exemplo, distâncias, localização, pontos de interesse, direções e etc.

Exemplo de Sinalização [NDGA/UFRGS]

Exemplo de Sinalização [NDGA/UFRGS]figura03

A sinalização é geralmente concebida por meio do Design da Informação. Isso significa que, na teoria, as placas de sinalização são implantadas ao longo dos trajetos de acordo com a adaptação correta de informações e um pensamento focado na necessidade dos usuários que receberão as mensagens.

O objetivo das sinalizações em geral é criar códigos visuais que facilitem o entendimento de informações, com a utilização de símbolos e signos, pictogramas e setas, tipografia e cores. São 4 as principais funções da sinalização: Identificar, Orientar, Informar e Advertir.

Principais funções da sinalização

figura04

Identificar é nomear um local. Considera-se os elementos como um todo, envolvendo desde fachadas até salas, setores, andares, edifícios e blocos. Normalmente utiliza-se palavras, cores ou números.

Orientar caracteriza-se pela presença da seta. É aplicado na maioria das informações direcionais. Os pedestres precisam saber onde atravessar a rua e os carros precisam saber onde realizar a conversão para chegar em determinado shopping. Nesta situação, as informações devem ser fornecidas de acordo com uma sequencialidade para manter corretamente os usuários na rota desejada.

O processo de orientação espacial (que será visto posteriormente) – diferente do conceito de orientar – é uma atividade cognitiva mais complexa do que apenas a aplicação de setas em placas de sinalização.

Informar significa o que o próprio nome afirma: repassar uma mensagem para alguém. Qualquer sinalização precisa informar algo seja através de cor, de pictogramas ou de palavras.

Advertir significa avisar, restringir e/ou proibir. Este tipo de sinalização é importante e imprescindível em locais de grande risco, como por exemplo, uma curva perigosa logo a frente ou uma atividade que pode oferecer perigo ao usuário.

Em Espanhol existe o conceito de Señalética, que assemelha-se ao da sinalização, no entanto difere-se na questão formal, que está relacionada diretamente ao Design da Informação: Enquanto que a sinalização preocupa-se com a disposição das informações em um layout e em como ele será percebido pelo observador, a Señalética é mais funcional, tendo como finalidade a informação imediata e inequívoca, direcionada a reação à mensagens. Ela não chama nem impõe a atenção, não é provocativa nem apelativa. É apenas a informação disponível sem provocar qualquer impacto nos indivíduos. Apresenta-se em linguagem concisa e econômica, evitando a retórica visual. Aposta no uso de muita informação com o mínimo de elementos para identificação e compreensão (COSTA, 1992).

Sua presença é silenciosa, sua ocupação é discreta, pode ou não ser utilizada, e deve desaparecer de imediato do campo de conhecimento do usuário” 

No entanto, acredita-se que este tipo de adaptação de mensagens não seja adequado nos dias de hoje devido à grande demanda de informação que alguns locais possuem. Agora imagine-se entrando em um aeroporto grande (pode ser o de São Paulo mesmo) onde as placas não lhe chamam a atenção e nem ao menos se caracterizam como sinalização. Isso irá comprometer seu desempenho na hora de encontrar o local desejado, seja o guichê da TAM ou o balcão de informações da GOL. Logo isso irá impacta diretamente no seu processo de orientação espacial, que também é conhecido como processo de wayfinding.

Este tema já pôde ser visto no post do Gestor da Clichê, Raphael Inoue, que em março deste ano explicou as principais características do fenômeno. No entanto, retomarei e complementarei algumas das principais questões, que são de grande importância para este texto.

A principal premissa do wayfinding é que este processo utiliza-se dos recursos da sinalização para auxiliar na orientação dos usuários em ambientes. O objetivo é tornar o trajeto mais seguro e agradável à quem o percorre de forma que o indivíduo não se perca ao longo do caminho.

Wayfinding ao ar livre [SCENO ENVIRONMENTAL GRAPHIC DESIGN]

Wayfinding ao ar livre [SCENO ENVIRONMENTAL GRAPHIC DESIGN]

Para LASCANO (2009), o que auxilia no processo de wayfinding em ambientes é a união dos seguintes aspectos: fácil navegação e orientação, design consistente, visível e reconhecível, organização clara da informação, informação legível e compreensível, funcional, interessante e acessível para todos os públicos, pesquisas sólidas para sua concepção, e deve providenciar um mapa.

Além do conceito de wayfinding estar ligado diretamente à orientação de pessoas, este termo pode ser utilizado também ao se referir à mapas em sistemas de informação. Estes mapas são chamados de wayfinding maps – ou “YOU ARE HERE MAPS”. Geralmente são encontrados em sinalização predial, como hospitais e aeroportos, ou sistemas de informação em transporte público e turismo.

Wayfinding maps

figura06

Wayfinding maps são aquelas representações que proporcionam orientação através da organização da informação. A adaptação destes mapas é importante para evitar problemas de desorientação em ambientes complexos e com alta demanda de informação. Este tipo de mapa faz parte também do sistema de sinalização doe um determinado local, que, obviamente, foi pensado através da perspectiva do Design da Informação.

Os “You Are Here maps” precisam apresentar algumas características para se caracterizar como tal:

  • Diferenciação de cores, tipos, larguras e objetos;
  • Combinação de gráficos com mínimo de texto (foco na informação essencial);
  • Empregar mapas apenas quando o tempo de destino não é um fator crítico ou quando não há outra forma de representar a informação;
  • Posicionamento destes mapas deve ser próximo das entradas, em locais que os usuários possam ver claramente e em pontos de decisão;
  • Não utilizar termos muito específicos, pois certos observadores podem não ter conhecimento do que se trata;
  • Devem ser planejados para ser flexíveis, caso haja uma alteração ou aumento de demanda de informação;
  • Pontos de referências devem atuar em locais de decisão (estudos comprovaram que as pessoas levam menos tempo para encontrar seus destinos na presença destes pontos) (O’NEILL, 1999).

Este texto teve intenção de esclarecer os principais conceitos ligados ao Design de Sinalização e Wayfinding relacionados diretamente à informação em espaços e como ela deve ser trabalhada para atender melhor ao público de cada local. Para um conhecimento mais aprofundado, indico a leitura deste artigo da ABC Design e o livro de Kevin Lynch – A Imagem da Cidade.

Referências

Maia Amanda

Maia Amanda

Atualmente trabalha na Vitao Alimentos como responsável pelo setor de Design e Marketing. Mestre em Design da Informação (UFPR/2013) e formada em Design Visual (ESPM/2010). Intercambista em Lisboa e nos EUA. Em suas experiências,descobriu a paixão pelo estudo da informação e do design aplicado ao transporte público. Mobiliário Urbano, Representação de Mapas, Design Inclusivo, Daltonismo e Estudo da Cor também foram paixões descobertas. Além disso, ama fotografia, cores, viagens, design, grêmio, embalagem e música.

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