Estilo colorido – Parte 2

Por Amanda Prado

Continuando o post de semana passada, hoje estarão em foco os por quês das cores terem o potencial de representar traços de identidade das tribos urbanas, em especial os coloridos.

AS CORES:

De forma recorrente compreendemos as cores como propriedade ou qualidade natural dos objetos. Porém, o conceito de cor tem um longo percurso na história.

Inicialmente relacionado à luz, o conceito de cor apresentado por Aristóteles foi o percursor de uma série de outras teorias elaboradas por outros pensadores de diversas áreas, desde a filosofia até a física.

Portanto, essa variedade de conceitos representando linhas de pensamentos próprios, cria várias discussões acerca do “assunto” cor.

GUIMARÃES (2001) coloca que a ideia de cor depende da definição dada pela área de sua aplicação, e assim como ele, definirei cor aqui como uma informação visual causada por um estímulo físico, percebida pelos olhos e decodificada pelo cérebro. Ou seja, o estímulo físico, a causa da cor, será decodificada pelo cérebro, que transformará essa causa em sensação, o efeito da cor.

Quanto às funções que se pode atribuir à cor, destaco: o seu potencial de discriminação, já que é possível distinguir superfícies ou objetos através das cores; O poder de expressão, possível graças à vibração psíquica que a cor exerce; E a capacidade de significar, ou seja, representar simbolicamente.

As cores serão analisadas aplicadas a objetos (no caso, roupas e acessórios), visando extrair deles possíveis atividades exercidas pelas cores, pois essas desempenham determinadas funções quando aplicadas com determinada intenção em determinado objeto. Por isso é imprescindível levar em consideração o caráter cultural que também se associa às cores.

Como aponta FARINA (1990):

“podemos dizer que vivemos hoje numa iconosfera, na qual o indivíduo penetra desde que nasce.”

E, portanto, é evidente a força comunicativa das imagens, e são amplas as possibilidades oferecidas pela cor nesse sentido, já que ela age tanto sobre quem visualizará a imagem, quanto sobre quem às constrói.

Sobre o sujeito que recebe a comunicação visual, a cor exerce as seguintes ações: ela é vista, impressiona a retina; é sentida, provoca uma emoção; é construtiva, pois, tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade de construir uma linguagem que comunica uma ideia, lembrando-nos que nenhuma linguagem é inocente, assim podendo ser utilizada de acordo com as mais diversas intenções.

Nesse sentido a cor será analisada agindo em função de roupas e acessórios utilizados por tribos urbanas para a criação de uma identidade.

MÚSICA E CONTRUÇÃO DE IDENTIDADE:

Assim como foi exposto em relação às cores, o conceito de identidade também é muito explorado por diversas áreas, sendo assim, apesar de toda a complexidade que envolve esse tema, de modo geral pode-se dizer que o conceito de identidade se relaciona ao conjunto de compreensão que os indivíduos mantêm sobre quem são e sobre o que é significativo para eles. Além disso, o termo identidade também pode definir um conjunto de fatores determinantes em relação ao modo como os sujeitos se relacionam, agem ou pensam.

Para uma melhor compreensão do conceito de identidade, geralmente divide-se o mesmo em diversos níveis que possuem influências e características distintas, porém, apesar da existência de outros níveis, como por exemplo, a identidade pessoal, conhecida também como auto identidade, irei enfatizar apenas o nível da identidade social, por ser o mais relevante para a análise proposta, tendo em vista que é nesse nível que a música tem papel fundamental, já que normalmente a identidade social é formada a partir de grupos de convívio, ou seja, as relações são construídas através de interesses em comum. E por conta disso pode-se dizer que a identidade social tem extrema relevância, principalmente na adolescência, já que nessa fase as descobertas são inúmeras e intensas, havendo maior propensão à influência dos outros indivíduos, já que a identidade pessoal ainda não está completamente formada.

A identidade social diz respeito às características que são atribuídas a um indivíduo pelos outros. Nesse caso, as chamadas “tribos” são relevantes, pois é principalmente durante a adolescência que os indivíduos procuram esses grupos de convívio, buscando identificações e informações a cerca dos assuntos de interesse compartilhado pelo grupo.

Assim as identidades sociais marcam as formas pelas quais os sujeitos são “o mesmo” que os outros.

Por tanto, em relação à música destaco dentre várias, duas funções sociais que se inserem nesse contexto. A função de comunicação e de integração social, pois os adolescentes utilizam-se da música como forma de ingresso a um grupo, mostrando aos demais, adolescentes ou adultos, qual é a sua “tribo”, quais são suas preferências, e que já é capaz de fazer suas próprias escolhas.

Dado o exposto, podemos perceber que não é por acaso que adolescentes adotam estilos semelhantes de vestir-se entre si, isso acontece em relação à música, pois, ela proporciona a edificação de identidades sociais que são essenciais aos adolescentes. Assim, dependendo da mensagem veiculada por um estilo musical, os jovens podem se apropriar desse discurso, e veiculá-lo através do seu modo de vestir, e dessa maneira, constituir grupos e “tribos urbanas”, como ocorre no caso das roupas e acessórios coloridos, ou no caso dos emos.

TRIBOS E IDENTIDADES NA PÓS-MODERNIDADE:

Como já foi exposto, o conceito de tribos relaciona-se com a edificação da identidade social dos sujeitos, porém, esse fenômeno que não necessariamente ocorre apenas no universo jovem (apesar de ser nesse universo sua maior perpetuação), sofreu modificações a cerca do seu significado e estruturação na contemporaneidade, já que as tribos urbanas são reflexos sociais, se deve esclarecer além do seu conceito, a forma como ele se estrutura na sociedade pós-moderna para compreendermos como e por que o jovem de hoje, seja percebido como emo ou “colorido”, veste-se de determinada maneira.

Como aponta CARDOZA (2003):

percebe-se que na pós-modernidade a identidade social dos adolescentes constitui a realização da ideia do “ser jovem” como sendo sinônimo da adequação em um universo, ou em uma tribo que tenha o reflexo do moderno e do arrojado, e é esta ideia ou ideal que é vendido maciçamente na sociedade de consumo, vivendo-se o “mito da novidade”, o qual transforma o jovem, e sua ideia acerca de sua autoimagem, ou identidade pessoal, em produtos próprios do mercado de consumo.

Ou seja, o imediatismo, assim como a transitoriedade unem-se numa certa glorificação do presente vivida na tribo, não existindo projetos futuros ou preocupações com o destino da tribo, sendo que é o movimento do consumo que determina o futuro dessas tribos.

Assim, o termo “tribo” refere-se a uma articulação do mundo pós-moderno, cujas características atribuídas a essas comunidades são reflexos do contexto pós- moderno, como: o aspecto efêmero, a valoração da estética da imagem e a ausência de uma organização e estrutura cotidiana.

Geralmente, nas tribos urbanas que esse artigo se propôs a investigar, têm-se apenas olhares rápidos, que não se fixam, entre os próprios membros. Dessa forma, nos remetemos a própria circulação incessante de objetos e mercadorias, característica da nossa sociedade de consumo.

Essa sociedade consumista torna possível que essas coletividades afetivas transitórias, caminhem sob uma nova ética, a “ética da estética”, em que palavras como intensidade, afeto e imagem, interagem e determinam a maneira com que o indivíduo se expressa. Essa ética da estética é uma forte característica do modo contemporâneo de comportar-se no mundo, e ela própria favorece o aparecimento das tribos. Desse modo a beleza e o culto à imagem imperam, redefinindo o próprio senso de identidade que os indivíduos possam cultivar de si.

Assim sendo, o sentimento de identidade e de pertencimento social baseiam-se cada vez mais na materialidade dos objetos, e o sujeito fica cada vez mais aprisionado e dependente da materialidade. Assim, há a tendência, do asseguramento do “eu” através de objetivos que determinam o reconhecimento de pertencer ás tribos ou não.

A estética que se elabora na imagem pode ser caracterizada como uma linguagem que impulsiona e favorece a formação de pequenos grupos ou tribos, porém esses fatos tendem a tornar essas identidades nômades, e o individualismo do sujeito frágil, mas ainda assim percebe-se a eficácia da aparência que assume a função de identificar e agrupar, como se nota nos grupos que se vestem com determinados tipos de roupas, por exemplo, no caso dos emos e dos “coloridos”, que são grupos de pessoas que ouvem músicas diferentes e veiculam discursos também distintos, demonstrando tal fato claramente através do seu visual, já que não são confundidos entre si, e facilmente identificados em uma multidão. Justamente esse é outro fator que também propicia a utilização da aparência como função identitária, pois, por exemplo, nas grandes cidades, os sujeitos se tornam anônimos na multidão, e através da adoção de um estilo torna-se possível ser visível, e reconhecido.

Neste sentido, leva-se em conta o fato de que o sujeito contemporâneo é movido pela condição de desamparo, e a adequação em uma tribo, garante a sobrevivência do próprio “eu”, além de ser uma maneira de lidar com o próprio desamparo, pois o compartilhar de emoções, fantasias e objetos, seria de certa forma uma fuga dos conflitos ao encontro de um amparo.

E nesse caso, as cores e a música são o amparo desses jovens que esteticamente garantem a existência do seu “eu” social, inserindo-se em tribos.

Na próxima semana o raciocínio continua! A pós-modernidade e a condição exposta aqui hoje do caso analisado serão relacionados com a moda, a música e o papel das cores como forma de identificação.

Para Saber Mais:

  • CARDOZA, Isabela Fonseca. A sociedade pós-moderna e o fenômeno das tribos urbanas. Lato & Sensu, Belém, v. 4, n. 1, p. 3-5, out, 2003.
  • FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgard Blücher, 1990.
  • GIDDENS, ANTHONY. Sociologia. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2005, pp.38-45, 207.
  • GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação. São Paulo: Annablume, 2001.
  • LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal. São Paulo: Companhia Das Letras, 2007.
  • MOURA, Auro Sanson. Música e Construção de Identidade. In: Anais ANPPOM, XVII Congresso, São Paulo, 2007.
Amanda Prado

Amanda Prado

Vinte e um anos, mineira, viveu no interior do Rio de Janeiro desde sempre até que a partir de 2011 se aventurou a morar em terras paranaenses para estudar Moda na Universidade Estadual de Maringá (UEM), mais especificamente em Cianorte, onde concluiu o curso de Moda em 2015, e não satisfeita, aproveitou a deixa e se formou em 2013 como técnica em vestuário pelo SENAI. Apaixonada por pesquisas acadêmicas, moda e áreas afins, mas acima de tudo consciente da necessidade da fomentação do campo de saber da moda.

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Por Amanda Prado

Continuando o post de semana passada, hoje estarão em foco os por quês das cores terem o potencial de representar traços de identidade das tribos urbanas, em especial os coloridos.

AS CORES:

De forma recorrente compreendemos as cores como propriedade ou qualidade natural dos objetos. Porém, o conceito de cor tem um longo percurso na história.

Inicialmente relacionado à luz, o conceito de cor apresentado por Aristóteles foi o percursor de uma série de outras teorias elaboradas por outros pensadores de diversas áreas, desde a filosofia até a física.

Portanto, essa variedade de conceitos representando linhas de pensamentos próprios, cria várias discussões acerca do “assunto” cor.

GUIMARÃES (2001) coloca que a ideia de cor depende da definição dada pela área de sua aplicação, e assim como ele, definirei cor aqui como uma informação visual causada por um estímulo físico, percebida pelos olhos e decodificada pelo cérebro. Ou seja, o estímulo físico, a causa da cor, será decodificada pelo cérebro, que transformará essa causa em sensação, o efeito da cor.

Quanto às funções que se pode atribuir à cor, destaco: o seu potencial de discriminação, já que é possível distinguir superfícies ou objetos através das cores; O poder de expressão, possível graças à vibração psíquica que a cor exerce; E a capacidade de significar, ou seja, representar simbolicamente.

As cores serão analisadas aplicadas a objetos (no caso, roupas e acessórios), visando extrair deles possíveis atividades exercidas pelas cores, pois essas desempenham determinadas funções quando aplicadas com determinada intenção em determinado objeto. Por isso é imprescindível levar em consideração o caráter cultural que também se associa às cores.

Como aponta FARINA (1990):

“podemos dizer que vivemos hoje numa iconosfera, na qual o indivíduo penetra desde que nasce.”

E, portanto, é evidente a força comunicativa das imagens, e são amplas as possibilidades oferecidas pela cor nesse sentido, já que ela age tanto sobre quem visualizará a imagem, quanto sobre quem às constrói.

Sobre o sujeito que recebe a comunicação visual, a cor exerce as seguintes ações: ela é vista, impressiona a retina; é sentida, provoca uma emoção; é construtiva, pois, tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade de construir uma linguagem que comunica uma ideia, lembrando-nos que nenhuma linguagem é inocente, assim podendo ser utilizada de acordo com as mais diversas intenções.

Nesse sentido a cor será analisada agindo em função de roupas e acessórios utilizados por tribos urbanas para a criação de uma identidade.

MÚSICA E CONTRUÇÃO DE IDENTIDADE:

Assim como foi exposto em relação às cores, o conceito de identidade também é muito explorado por diversas áreas, sendo assim, apesar de toda a complexidade que envolve esse tema, de modo geral pode-se dizer que o conceito de identidade se relaciona ao conjunto de compreensão que os indivíduos mantêm sobre quem são e sobre o que é significativo para eles. Além disso, o termo identidade também pode definir um conjunto de fatores determinantes em relação ao modo como os sujeitos se relacionam, agem ou pensam.

Para uma melhor compreensão do conceito de identidade, geralmente divide-se o mesmo em diversos níveis que possuem influências e características distintas, porém, apesar da existência de outros níveis, como por exemplo, a identidade pessoal, conhecida também como auto identidade, irei enfatizar apenas o nível da identidade social, por ser o mais relevante para a análise proposta, tendo em vista que é nesse nível que a música tem papel fundamental, já que normalmente a identidade social é formada a partir de grupos de convívio, ou seja, as relações são construídas através de interesses em comum. E por conta disso pode-se dizer que a identidade social tem extrema relevância, principalmente na adolescência, já que nessa fase as descobertas são inúmeras e intensas, havendo maior propensão à influência dos outros indivíduos, já que a identidade pessoal ainda não está completamente formada.

A identidade social diz respeito às características que são atribuídas a um indivíduo pelos outros. Nesse caso, as chamadas “tribos” são relevantes, pois é principalmente durante a adolescência que os indivíduos procuram esses grupos de convívio, buscando identificações e informações a cerca dos assuntos de interesse compartilhado pelo grupo.

Assim as identidades sociais marcam as formas pelas quais os sujeitos são “o mesmo” que os outros.

Por tanto, em relação à música destaco dentre várias, duas funções sociais que se inserem nesse contexto. A função de comunicação e de integração social, pois os adolescentes utilizam-se da música como forma de ingresso a um grupo, mostrando aos demais, adolescentes ou adultos, qual é a sua “tribo”, quais são suas preferências, e que já é capaz de fazer suas próprias escolhas.

Dado o exposto, podemos perceber que não é por acaso que adolescentes adotam estilos semelhantes de vestir-se entre si, isso acontece em relação à música, pois, ela proporciona a edificação de identidades sociais que são essenciais aos adolescentes. Assim, dependendo da mensagem veiculada por um estilo musical, os jovens podem se apropriar desse discurso, e veiculá-lo através do seu modo de vestir, e dessa maneira, constituir grupos e “tribos urbanas”, como ocorre no caso das roupas e acessórios coloridos, ou no caso dos emos.

TRIBOS E IDENTIDADES NA PÓS-MODERNIDADE:

Como já foi exposto, o conceito de tribos relaciona-se com a edificação da identidade social dos sujeitos, porém, esse fenômeno que não necessariamente ocorre apenas no universo jovem (apesar de ser nesse universo sua maior perpetuação), sofreu modificações a cerca do seu significado e estruturação na contemporaneidade, já que as tribos urbanas são reflexos sociais, se deve esclarecer além do seu conceito, a forma como ele se estrutura na sociedade pós-moderna para compreendermos como e por que o jovem de hoje, seja percebido como emo ou “colorido”, veste-se de determinada maneira.

Como aponta CARDOZA (2003):

percebe-se que na pós-modernidade a identidade social dos adolescentes constitui a realização da ideia do “ser jovem” como sendo sinônimo da adequação em um universo, ou em uma tribo que tenha o reflexo do moderno e do arrojado, e é esta ideia ou ideal que é vendido maciçamente na sociedade de consumo, vivendo-se o “mito da novidade”, o qual transforma o jovem, e sua ideia acerca de sua autoimagem, ou identidade pessoal, em produtos próprios do mercado de consumo.

Ou seja, o imediatismo, assim como a transitoriedade unem-se numa certa glorificação do presente vivida na tribo, não existindo projetos futuros ou preocupações com o destino da tribo, sendo que é o movimento do consumo que determina o futuro dessas tribos.

Assim, o termo “tribo” refere-se a uma articulação do mundo pós-moderno, cujas características atribuídas a essas comunidades são reflexos do contexto pós- moderno, como: o aspecto efêmero, a valoração da estética da imagem e a ausência de uma organização e estrutura cotidiana.

Geralmente, nas tribos urbanas que esse artigo se propôs a investigar, têm-se apenas olhares rápidos, que não se fixam, entre os próprios membros. Dessa forma, nos remetemos a própria circulação incessante de objetos e mercadorias, característica da nossa sociedade de consumo.

Essa sociedade consumista torna possível que essas coletividades afetivas transitórias, caminhem sob uma nova ética, a “ética da estética”, em que palavras como intensidade, afeto e imagem, interagem e determinam a maneira com que o indivíduo se expressa. Essa ética da estética é uma forte característica do modo contemporâneo de comportar-se no mundo, e ela própria favorece o aparecimento das tribos. Desse modo a beleza e o culto à imagem imperam, redefinindo o próprio senso de identidade que os indivíduos possam cultivar de si.

Assim sendo, o sentimento de identidade e de pertencimento social baseiam-se cada vez mais na materialidade dos objetos, e o sujeito fica cada vez mais aprisionado e dependente da materialidade. Assim, há a tendência, do asseguramento do “eu” através de objetivos que determinam o reconhecimento de pertencer ás tribos ou não.

A estética que se elabora na imagem pode ser caracterizada como uma linguagem que impulsiona e favorece a formação de pequenos grupos ou tribos, porém esses fatos tendem a tornar essas identidades nômades, e o individualismo do sujeito frágil, mas ainda assim percebe-se a eficácia da aparência que assume a função de identificar e agrupar, como se nota nos grupos que se vestem com determinados tipos de roupas, por exemplo, no caso dos emos e dos “coloridos”, que são grupos de pessoas que ouvem músicas diferentes e veiculam discursos também distintos, demonstrando tal fato claramente através do seu visual, já que não são confundidos entre si, e facilmente identificados em uma multidão. Justamente esse é outro fator que também propicia a utilização da aparência como função identitária, pois, por exemplo, nas grandes cidades, os sujeitos se tornam anônimos na multidão, e através da adoção de um estilo torna-se possível ser visível, e reconhecido.

Neste sentido, leva-se em conta o fato de que o sujeito contemporâneo é movido pela condição de desamparo, e a adequação em uma tribo, garante a sobrevivência do próprio “eu”, além de ser uma maneira de lidar com o próprio desamparo, pois o compartilhar de emoções, fantasias e objetos, seria de certa forma uma fuga dos conflitos ao encontro de um amparo.

E nesse caso, as cores e a música são o amparo desses jovens que esteticamente garantem a existência do seu “eu” social, inserindo-se em tribos.

Na próxima semana o raciocínio continua! A pós-modernidade e a condição exposta aqui hoje do caso analisado serão relacionados com a moda, a música e o papel das cores como forma de identificação.

Para Saber Mais:

  • CARDOZA, Isabela Fonseca. A sociedade pós-moderna e o fenômeno das tribos urbanas. Lato & Sensu, Belém, v. 4, n. 1, p. 3-5, out, 2003.
  • FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgard Blücher, 1990.
  • GIDDENS, ANTHONY. Sociologia. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2005, pp.38-45, 207.
  • GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação. São Paulo: Annablume, 2001.
  • LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal. São Paulo: Companhia Das Letras, 2007.
  • MOURA, Auro Sanson. Música e Construção de Identidade. In: Anais ANPPOM, XVII Congresso, São Paulo, 2007.
Amanda Prado

Amanda Prado

Vinte e um anos, mineira, viveu no interior do Rio de Janeiro desde sempre até que a partir de 2011 se aventurou a morar em terras paranaenses para estudar Moda na Universidade Estadual de Maringá (UEM), mais especificamente em Cianorte, onde concluiu o curso de Moda em 2015, e não satisfeita, aproveitou a deixa e se formou em 2013 como técnica em vestuário pelo SENAI. Apaixonada por pesquisas acadêmicas, moda e áreas afins, mas acima de tudo consciente da necessidade da fomentação do campo de saber da moda.

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