Quando a Moda vira Arte (ou vice-versa) Parte II

Por Henrique Cabral

Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender.

– Alvin Toffler

Sempre quando penso em moda e sua tênue ligação com o universo das artes, se dá pelo fato de que a moda como forma de expressão se configura numa linguagem. Sim, moda é uma forma de linguagem visual tridimensional. Como linguagem, a função da moda é transmitir, comunicar facilitar o entendimento de algo, quer seja algo de agora, do passado ou do futuro. Por isso é comum observarmos na história recente da moda, a recorrência em criadores se inspirarem em obras de arte de nomes famosos.

A inspiração (não a cópia) é comum em qualquer processo criativo, e mais do que se apropriar de cores, texturas e formas, muitas vezes faz de produtos de moda um veículo do conhecimento. Ao trazer para passarela características de grandes artistas e levar às ruas peças carregadas de informação, a moda se torna um meio de difusão destas, incita o público na busca pelas referências e, com isto, contribui para ampliação de seu conhecimento.

Muitas vezes a arte que serviu de inspiração original se esconde por trás do estilo do criador, que assimila suas características mais marcantes e as traduz à sua maneira, considerando seu estilo próprio e seu público-alvo.

Como no caso da Coleção de Anthony Vaccarello, de 2011, que buscou nas obras monocromáticas de Mondrian e Pierre Soulage uma conexão com seu histórico, quase sempre baseado em preto e branco.

Mondrian-anthonvacharello-Soulages

Mondrian – Anthony Vaccarello – Pierre Soulage

John Galliano, inspirado nas obras de Gustav Klimt, combinou seu estilo teatral conferindo mais drama a Coleção da Dior em 2008.

Galliano para Dior, 2008  -  Gustav Klimt

Galliano para Dior, 2008 – Gustav Klimt

Dries Van Noten em sua coleção, para o Inverno 2014, ousou uma releitura das obras de Goya, trazendo para a passarela as texturas, formas e cores das telas.

Dries Van Noten, 2014  -  Goya

Dries Van Noten, 2014  –  Goya

A inspiração da Moda pelas artes nem sempre é óbvia portanto. Mas qual linguagem é? O importante é saber buscar as fontes quando o assunto é o desenvolvimento de uma coleção, e que compreender isso só é possível através de um exercício contínuo do olhar.

É como uma nova alfabetização!

Henrique Cabral

Henrique Cabral

Produtor Executivo e Gráfico de Moda tendo produzido campanhas no Brasil e no Exterior. Acredita que o vestuário é uma das das formas de comunicação não verbal mais fortes da sociedade.

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Por Henrique Cabral

Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender.

– Alvin Toffler

Sempre quando penso em moda e sua tênue ligação com o universo das artes, se dá pelo fato de que a moda como forma de expressão se configura numa linguagem. Sim, moda é uma forma de linguagem visual tridimensional. Como linguagem, a função da moda é transmitir, comunicar facilitar o entendimento de algo, quer seja algo de agora, do passado ou do futuro. Por isso é comum observarmos na história recente da moda, a recorrência em criadores se inspirarem em obras de arte de nomes famosos.

A inspiração (não a cópia) é comum em qualquer processo criativo, e mais do que se apropriar de cores, texturas e formas, muitas vezes faz de produtos de moda um veículo do conhecimento. Ao trazer para passarela características de grandes artistas e levar às ruas peças carregadas de informação, a moda se torna um meio de difusão destas, incita o público na busca pelas referências e, com isto, contribui para ampliação de seu conhecimento.

Muitas vezes a arte que serviu de inspiração original se esconde por trás do estilo do criador, que assimila suas características mais marcantes e as traduz à sua maneira, considerando seu estilo próprio e seu público-alvo.

Como no caso da Coleção de Anthony Vaccarello, de 2011, que buscou nas obras monocromáticas de Mondrian e Pierre Soulage uma conexão com seu histórico, quase sempre baseado em preto e branco.

Mondrian-anthonvacharello-Soulages

Mondrian – Anthony Vaccarello – Pierre Soulage

John Galliano, inspirado nas obras de Gustav Klimt, combinou seu estilo teatral conferindo mais drama a Coleção da Dior em 2008.

Galliano para Dior, 2008  -  Gustav Klimt

Galliano para Dior, 2008 – Gustav Klimt

Dries Van Noten em sua coleção, para o Inverno 2014, ousou uma releitura das obras de Goya, trazendo para a passarela as texturas, formas e cores das telas.

Dries Van Noten, 2014  -  Goya

Dries Van Noten, 2014  –  Goya

A inspiração da Moda pelas artes nem sempre é óbvia portanto. Mas qual linguagem é? O importante é saber buscar as fontes quando o assunto é o desenvolvimento de uma coleção, e que compreender isso só é possível através de um exercício contínuo do olhar.

É como uma nova alfabetização!

Henrique Cabral

Henrique Cabral

Produtor Executivo e Gráfico de Moda tendo produzido campanhas no Brasil e no Exterior. Acredita que o vestuário é uma das das formas de comunicação não verbal mais fortes da sociedade.

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