Canta, Ty-Etê!

Por Wagner Regis

Esse curta se mostra como algo muito ousado. A qualidade de visual, principalmente por se tratar de animação de líquidos, é algo que vai além do desenho. Temos que imergir muito mais em noções de Física do que de ilustração propriamente, visto que a água retratada não deveria parecer um lodo, ou vice-versa. Dessa maneira, “Canta, Ty-Etê” (em Tupy, Água Real ou Água Verdadeira) tem uma maneira instigante de narrativa que se conduz e vai enchendo os olhos. Primeiramente pela riqueza dos detalhes em cenários, que uma vez acabam permanecendo estáticos por mais tempo na tela. Posteriormente, pela simplicidade dos personagens, não que seja ruim, muito pelo contrário, geram o contraste necessário em cena tornando-os únicos, com uma animação fluida e bonita de ser vista.

“Canta, Ty-Etê!” fez parte do Edital Paulicéia 2012 . Não precisando de storyboard ou desenhos, foram apresentados temas e era necessário que fossem enviadas, apenas, roteiros de boas ideias (e residir na cidade de São Paulo há pelo menos 2 anos). E o selecionado foi produzido pelo Núcleo Paulistano de Animação (NUPA) do Centro Cultural da Juventude Ruth Cardos, localizado na periferia norte da capital paulista. Mas, o que é o NUPA? Bom, o que era … Foi um estúdio-escola gratuito onde os jovens aprendiam a arte da animação, e essas produções eram efetivamente produzidas. Porém, na atual gestão da Prefeitura de São Paulo, ele fechou as portas, e vem sendo realizada uma petição online para que continuem suas atividades. Contudo, desde fevereiro, alcançou, aproximadamente, pouco mais da metade das assinaturas necessárias.

No caso de “Canta, Ty-Etê!”, a direção ficou por conta de Céu D’Elia (que já trabalhou com Steven Spielberg e como animador em “Fievel vai para o Oeste”), e a concepção visual a encargo de Alê Abreu (o qual já produziu diversos curtas, dentre eles o premiado “Calango”).

As três produções realizadas através desse Edital – pelo NUPA – “Bicicletas em São Paulo”, “Mario de Andrade” e, a própria, “Canta, Ty-Etê!”, estão esse ano fazendo parte da programação do Anima Mundi, nas sessões Panorama. Não são mostras competitivas, uma pena a meu ver, mas ao menos estarão tendo seu reconhecimento.

Sem desmerecer as outras, “Canta, Ty-Etê!” é a minha favorita, e creio que seja a mais marcante, ainda mais por esse grito de conscientização e trazer as cores, de volta, para nossos rios.

Wagner Regis

Wagner Regis

Designer Gráfico por formação e Pós-Graduado em Jogos Digitais (UP). É co-fundador do estúdio de animação "Make Toons", professor na Universidade Positivo, e feliz por gostar do que faz.

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Canta, Ty-Etê!

Por Wagner Regis

Esse curta se mostra como algo muito ousado. A qualidade de visual, principalmente por se tratar de animação de líquidos, é algo que vai além do desenho. Temos que imergir muito mais em noções de Física do que de ilustração propriamente, visto que a água retratada não deveria parecer um lodo, ou vice-versa. Dessa maneira, “Canta, Ty-Etê” (em Tupy, Água Real ou Água Verdadeira) tem uma maneira instigante de narrativa que se conduz e vai enchendo os olhos. Primeiramente pela riqueza dos detalhes em cenários, que uma vez acabam permanecendo estáticos por mais tempo na tela. Posteriormente, pela simplicidade dos personagens, não que seja ruim, muito pelo contrário, geram o contraste necessário em cena tornando-os únicos, com uma animação fluida e bonita de ser vista.

“Canta, Ty-Etê!” fez parte do Edital Paulicéia 2012 . Não precisando de storyboard ou desenhos, foram apresentados temas e era necessário que fossem enviadas, apenas, roteiros de boas ideias (e residir na cidade de São Paulo há pelo menos 2 anos). E o selecionado foi produzido pelo Núcleo Paulistano de Animação (NUPA) do Centro Cultural da Juventude Ruth Cardos, localizado na periferia norte da capital paulista. Mas, o que é o NUPA? Bom, o que era … Foi um estúdio-escola gratuito onde os jovens aprendiam a arte da animação, e essas produções eram efetivamente produzidas. Porém, na atual gestão da Prefeitura de São Paulo, ele fechou as portas, e vem sendo realizada uma petição online para que continuem suas atividades. Contudo, desde fevereiro, alcançou, aproximadamente, pouco mais da metade das assinaturas necessárias.

No caso de “Canta, Ty-Etê!”, a direção ficou por conta de Céu D’Elia (que já trabalhou com Steven Spielberg e como animador em “Fievel vai para o Oeste”), e a concepção visual a encargo de Alê Abreu (o qual já produziu diversos curtas, dentre eles o premiado “Calango”).

As três produções realizadas através desse Edital – pelo NUPA – “Bicicletas em São Paulo”, “Mario de Andrade” e, a própria, “Canta, Ty-Etê!”, estão esse ano fazendo parte da programação do Anima Mundi, nas sessões Panorama. Não são mostras competitivas, uma pena a meu ver, mas ao menos estarão tendo seu reconhecimento.

Sem desmerecer as outras, “Canta, Ty-Etê!” é a minha favorita, e creio que seja a mais marcante, ainda mais por esse grito de conscientização e trazer as cores, de volta, para nossos rios.

Wagner Regis

Wagner Regis

Designer Gráfico por formação e Pós-Graduado em Jogos Digitais (UP). É co-fundador do estúdio de animação "Make Toons", professor na Universidade Positivo, e feliz por gostar do que faz.

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