Os japoneses fazem melhor! Parte II

Por Henrique Cabral

O Talento dos Designers japoneses e sua influência na moda

Com o início dos anos 90, a globalização ao menos nos grandes centros do mundo, já se configurava numa realidade. Toda grande capital dos países desenvolvidos, ou em desenvolvimento era multinacional.

Além dos designers que mesmo vivendo no Japão, realizam seus lançamentos de coleção na Europa, mais e mais encontramos nomes de talentos vindos do oriente atrelados às casas tradicionais européias, seja como diretores criativos ou como inspiradores da inovação do design mundial. Como no caso da Costume National, criada por Ennio Capasa, após ter trabalhado como Yohji Yamamoto por dois anos, já no lançamento de suas primeiras coleções em 1986 foi considerado criador de “um novo Design Italiano” devido às inovações na construção da peças, obviamente inspiradas na modelagem japonesa.

Costume National

Costume National

Junya Watanabe que trabalhava com Rei Kawakubo teve sua primeira oportunidade de exibir seu trabalho em 1993 com as coleções Junya Watanabe Comme des Garçons. Seu trabalho movido pela obsessão por inovação tecnológica têxtil criou o que se seguiria entre os anos 90 e 2000 como uma característica do estilo dos novos designers japoneses.

De uma maneira perfeita, Junya mistura a alfaiataria clássica e as padronagens seculares de tecidos como os xadrezes da Grã-Bretanha a outros tecidos sintéticos e artificiais, criando o que poderia ser chamado de Tailoring Sport.

Cabe aqui uma observação de que o trabalho de Junya Watanabe é mais do que se pode pensar de uma brincadeira entre estilos tão diversos, mas uma síntese das transformações sociais da época (e até hoje). Com o estreitamento das relações entre países, culturas e classes, as criações dele mostram claramente uma moda que além de cosmopolita é democrática, funcional e versátil.

Junya Watanabe

Junya Watanabe

Numa linha bem semelhante deste conceito de re-design, seu conterrâneo Mihara Yasuhiro estreou em 1997, no entanto o que difere seu trabalho é o enfoque que possui, até hoje, ao design de calçados. Sua coleção Mihara Puma lançada em 2000 o consagrou nesse mercado e lhe deu além de visibilidade global, o devido mérito por seu trabalho.

PUMA Mihara Yasuhiro

PUMA Mihara Yasuhiro

 

Mihara Yasuhiro

Mihara Yasuhiro

Formada pelo Bunka Fashion College de Tóquio Tsumori Chisato possui uma estética onírica e surreal que encontramos em arte de todos os tempos, também é encontrada em suas formas harmoniosas

Tsumori cria mundos onde podemos encontrar múltiplas referências, trazidas de todas as formas de arte. Isto faz com que seu trabalho seja impossível de ser reduzido a uma escola, ou um estilo.

O enriquecimento criado através da miscigenação cultural talvez seja à base de suas criações, digo talvez por não desejar interpretá-lo.

Tsumori Chisato

Tsumori Chisato

Interessante nessa análise dos diversos designers japoneses e suas características é percebermos que a capacidade de criação de nossos amigos nipônicos é incrível quando os confrontamos com a cultura do Japão, de caráter tão restritiva e peculiar e podemos ver que eles conseguem absorver culturas tão distintas das suas e devolver isso para a sociedade transformada em produtos singulares e com qualidade surpreendentes.

Estas características justificam o sucesso alcançado por suas marcas, ou as marcas dirigidas por eles.

Diferentemente dos designers citados anteriormente, há toda uma corrente de profissionais de criação voltados ao mercado interno japonês que deixa clara essa distinção entre o cosmopolita e o local.

Nozomi Ishiguro, embora tenha trabalhado cerca de 12 anos com Rei Kawakubo na Comme des Garçons segue um estilo facilmente identificável por aqueles que já visitaram sites sobre o estilo dos jovens do bairro japonês Harajuku.

Motivo pelos qual faz sucesso em sua própria terra, mas não no cenário internacional. Longe de ser um defeito, Nozomi Ishiguro optou pela segmentação de seu público e se mantêm fiel ao seu próprio estilo, e isto, é a mais louvável qualidade de um designer.

Nozomi Ishiguro

Nozomi Ishiguro

P.S.: Na próxima coluna sobre “Os japoneses fazem melhor – Parte III” uma análise dos brasileiros que fazem parte desse universo.

Henrique Cabral

Henrique Cabral

Produtor Executivo e Gráfico de Moda tendo produzido campanhas no Brasil e no Exterior. Acredita que o vestuário é uma das das formas de comunicação não verbal mais fortes da sociedade.

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Com o início dos anos 90, a globalização ao menos nos grandes centros do mundo, já se configurava numa realidade. Toda grande capital dos países desenvolvidos, ou em desenvolvimento era multinacional.

Além dos designers que mesmo vivendo no Japão, realizam seus lançamentos de coleção na Europa, mais e mais encontramos nomes de talentos vindos do oriente atrelados às casas tradicionais européias, seja como diretores criativos ou como inspiradores da inovação do design mundial. Como no caso da Costume National, criada por Ennio Capasa, após ter trabalhado como Yohji Yamamoto por dois anos, já no lançamento de suas primeiras coleções em 1986 foi considerado criador de “um novo Design Italiano” devido às inovações na construção da peças, obviamente inspiradas na modelagem japonesa.

Costume National

Costume National

Junya Watanabe que trabalhava com Rei Kawakubo teve sua primeira oportunidade de exibir seu trabalho em 1993 com as coleções Junya Watanabe Comme des Garçons. Seu trabalho movido pela obsessão por inovação tecnológica têxtil criou o que se seguiria entre os anos 90 e 2000 como uma característica do estilo dos novos designers japoneses.

De uma maneira perfeita, Junya mistura a alfaiataria clássica e as padronagens seculares de tecidos como os xadrezes da Grã-Bretanha a outros tecidos sintéticos e artificiais, criando o que poderia ser chamado de Tailoring Sport.

Cabe aqui uma observação de que o trabalho de Junya Watanabe é mais do que se pode pensar de uma brincadeira entre estilos tão diversos, mas uma síntese das transformações sociais da época (e até hoje). Com o estreitamento das relações entre países, culturas e classes, as criações dele mostram claramente uma moda que além de cosmopolita é democrática, funcional e versátil.

Junya Watanabe

Junya Watanabe

Numa linha bem semelhante deste conceito de re-design, seu conterrâneo Mihara Yasuhiro estreou em 1997, no entanto o que difere seu trabalho é o enfoque que possui, até hoje, ao design de calçados. Sua coleção Mihara Puma lançada em 2000 o consagrou nesse mercado e lhe deu além de visibilidade global, o devido mérito por seu trabalho.

PUMA Mihara Yasuhiro

PUMA Mihara Yasuhiro

 

Mihara Yasuhiro

Mihara Yasuhiro

Formada pelo Bunka Fashion College de Tóquio Tsumori Chisato possui uma estética onírica e surreal que encontramos em arte de todos os tempos, também é encontrada em suas formas harmoniosas

Tsumori cria mundos onde podemos encontrar múltiplas referências, trazidas de todas as formas de arte. Isto faz com que seu trabalho seja impossível de ser reduzido a uma escola, ou um estilo.

O enriquecimento criado através da miscigenação cultural talvez seja à base de suas criações, digo talvez por não desejar interpretá-lo.

Tsumori Chisato

Tsumori Chisato

Interessante nessa análise dos diversos designers japoneses e suas características é percebermos que a capacidade de criação de nossos amigos nipônicos é incrível quando os confrontamos com a cultura do Japão, de caráter tão restritiva e peculiar e podemos ver que eles conseguem absorver culturas tão distintas das suas e devolver isso para a sociedade transformada em produtos singulares e com qualidade surpreendentes.

Estas características justificam o sucesso alcançado por suas marcas, ou as marcas dirigidas por eles.

Diferentemente dos designers citados anteriormente, há toda uma corrente de profissionais de criação voltados ao mercado interno japonês que deixa clara essa distinção entre o cosmopolita e o local.

Nozomi Ishiguro, embora tenha trabalhado cerca de 12 anos com Rei Kawakubo na Comme des Garçons segue um estilo facilmente identificável por aqueles que já visitaram sites sobre o estilo dos jovens do bairro japonês Harajuku.

Motivo pelos qual faz sucesso em sua própria terra, mas não no cenário internacional. Longe de ser um defeito, Nozomi Ishiguro optou pela segmentação de seu público e se mantêm fiel ao seu próprio estilo, e isto, é a mais louvável qualidade de um designer.

Nozomi Ishiguro

Nozomi Ishiguro

P.S.: Na próxima coluna sobre “Os japoneses fazem melhor – Parte III” uma análise dos brasileiros que fazem parte desse universo.

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Produtor Executivo e Gráfico de Moda tendo produzido campanhas no Brasil e no Exterior. Acredita que o vestuário é uma das das formas de comunicação não verbal mais fortes da sociedade.

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