Por um design socialmente responsável

Por Mauro Adriano Müller

Quando falamos em design, nos dias atuais, não é difícil perceber uma certa preocupação em desenvolver produtos, serviços ou programas com responsabilidade social. Com o propósito de auxiliar indivíduos que possuem necessidades especiais, como portadores de deficiências, idosos, pobres e também populações de países em desenvolvimento (e que acaba incluindo todas as problemáticas existentes em tais ambientes),  esse enfoque social do design apareceu com uma grande força através do livro “Design for the Real World“, de Vitor Papanek, publicado em 1972.

Algumas impressões

O objetivo principal do design social é satisfazer as necessidades humanas, diferente daquilo que é observado no design para o mercado, que tem por finalidade de projetar produtos para  venda e  consumo. De acordo com Victor Margolin e Sylvia Margolin, para que se possa pensar e produzir produtos capazes de ajudar a satisfazer tais necessidades, é preciso criar um “modelo social” em design, inspirado nas políticas de assistência social, onde os assistentes sociais têm a função de avaliar a relação entre seu “cliente” (que pode ser uma única pessoa ou até uma comunidade inteira) e os domínios que existem no ambiente onde esse mesmo cliente está situado. Assim, o designer deve contribuir não só na busca de soluções e criação de produtos para melhorias no ambiente social, mas também na procura e identificação de problemas. Infelizmente, recursos que ajudam a prática do design social ainda são escassos, e para contornar esta situação, o designer deve adotar práticas como a observação participativa e pesquisas centradas no desenvolvimento de produtos socialmente responsáveis, bem como aprender e aprimorar habilidades relacionadas às populações vulneráveis e ambientes que ele irá atender. Possuir um maior entendimento nas áreas de sociologia, psicologia e políticas públicas também é uma característica relevante e necessária.

Para Alain Findeli, “responsabilidade em Design” significa que nós, profissionais de design, precisamos estar conscientes de que cada vez que nos envolvemos em um projeto, estamos também recriando o mundo. Exagero ou não, o que nos interessa é o argumento de que assim como produtos mal-elaborados estão à espera de designers responsáveis e competentes, também há serviços aguardando pelos mesmos, ou seja, designers também podem projetar sistemas que possam diminuir a burocracia nos hospitais e serviços públicos das cidades onde moram, por exemplo, ou criar estratégias de maior efetividade para abordar problemas como estes.

Conclusão

A prática do design “socialmente responsável” deve nos ajudar a nos focarmos em como as coisas podem ser melhoradas, ou como nós podemos projetar uma maior eficácia em produtos e sistemas que já existem. Melhorar a prestação de serviços para um determinado grupo de pessoas pode ser tão desafiador quanto o desenvolvimento de novos sistemas de tecnologia para atender as comunidades excluídas.

Para encerrar, um vídeo da palestra de Timothy Prestero no TED, contando sobre a importância do design para o uso no mundo real, e não como meio para ganhar prêmios ou elogios.
 

Referências:

Mauro Adriano Müller

Mauro Adriano Müller

Gaúcho, 24 anos, estudante de Design na Universidade Feevale/RS. Acredita que o Design pode (e deve) mudar o pensamento das pessoas sobre o mundo e sobre as muitas coisas que existem nele.

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Por Mauro Adriano Müller

Quando falamos em design, nos dias atuais, não é difícil perceber uma certa preocupação em desenvolver produtos, serviços ou programas com responsabilidade social. Com o propósito de auxiliar indivíduos que possuem necessidades especiais, como portadores de deficiências, idosos, pobres e também populações de países em desenvolvimento (e que acaba incluindo todas as problemáticas existentes em tais ambientes),  esse enfoque social do design apareceu com uma grande força através do livro “Design for the Real World“, de Vitor Papanek, publicado em 1972.

Algumas impressões

O objetivo principal do design social é satisfazer as necessidades humanas, diferente daquilo que é observado no design para o mercado, que tem por finalidade de projetar produtos para  venda e  consumo. De acordo com Victor Margolin e Sylvia Margolin, para que se possa pensar e produzir produtos capazes de ajudar a satisfazer tais necessidades, é preciso criar um “modelo social” em design, inspirado nas políticas de assistência social, onde os assistentes sociais têm a função de avaliar a relação entre seu “cliente” (que pode ser uma única pessoa ou até uma comunidade inteira) e os domínios que existem no ambiente onde esse mesmo cliente está situado. Assim, o designer deve contribuir não só na busca de soluções e criação de produtos para melhorias no ambiente social, mas também na procura e identificação de problemas. Infelizmente, recursos que ajudam a prática do design social ainda são escassos, e para contornar esta situação, o designer deve adotar práticas como a observação participativa e pesquisas centradas no desenvolvimento de produtos socialmente responsáveis, bem como aprender e aprimorar habilidades relacionadas às populações vulneráveis e ambientes que ele irá atender. Possuir um maior entendimento nas áreas de sociologia, psicologia e políticas públicas também é uma característica relevante e necessária.

Para Alain Findeli, “responsabilidade em Design” significa que nós, profissionais de design, precisamos estar conscientes de que cada vez que nos envolvemos em um projeto, estamos também recriando o mundo. Exagero ou não, o que nos interessa é o argumento de que assim como produtos mal-elaborados estão à espera de designers responsáveis e competentes, também há serviços aguardando pelos mesmos, ou seja, designers também podem projetar sistemas que possam diminuir a burocracia nos hospitais e serviços públicos das cidades onde moram, por exemplo, ou criar estratégias de maior efetividade para abordar problemas como estes.

Conclusão

A prática do design “socialmente responsável” deve nos ajudar a nos focarmos em como as coisas podem ser melhoradas, ou como nós podemos projetar uma maior eficácia em produtos e sistemas que já existem. Melhorar a prestação de serviços para um determinado grupo de pessoas pode ser tão desafiador quanto o desenvolvimento de novos sistemas de tecnologia para atender as comunidades excluídas.

Para encerrar, um vídeo da palestra de Timothy Prestero no TED, contando sobre a importância do design para o uso no mundo real, e não como meio para ganhar prêmios ou elogios.
 

Referências:

Mauro Adriano Müller

Mauro Adriano Müller

Gaúcho, 24 anos, estudante de Design na Universidade Feevale/RS. Acredita que o Design pode (e deve) mudar o pensamento das pessoas sobre o mundo e sobre as muitas coisas que existem nele.

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