#03 A Informação no Transporte

Por Maia Amanda

O Post de hoje trata de um dos mais eficientes transporte público do mundo. Para quem não conhece, Londres é a capital da globalização e da diversidade cultural. É a cidade que inspira moda, política, educação, finanças e conceitos os de irreverência, modernidade, conservadorismo e tradicionalismo. No entanto, além de ser um dos destinos turísticos mais procurados, a cidade faz jus aos seus conceitos também na questão de mobilidade urbana.  A capital britânica apresenta uma rede de transporte integrada e eficiente para os usuários tanto na realização dos deslocamentos quanto em sua comunicação visual – que está diretamente ligada à facilidade de compreensão do sistema.

Identidade Visual do Transporte Público de Londres

Identidade Visual do Transporte Público de Londres

No transporte público de Londres, o modo mais utilizado é o metrô (ou também conhecido como Tube e Underground). O Underground é o segundo maior metrô do mundo e o mais antigo existente, criado em 1863, tem cerca de 270 estações e 400km de trilhos, transportando mais de 2,6 milhões de usuários por dia. São 11 linhas, cada uma caracterizada por uma cor diferente. Em relação ao plano de rotas, em 1932 o designer gráfico Harry Beck criou um esquema para organizar as linhas do sistema. Ele desenhou um roteiro diagramático onde a posição geográfica não foi o ponto principal, mas sim a topologia da rede, ou seja, a relação do espaço com a conectividade das estações. O designer se baseou em circuitos elétricos e idealizou o diagrama através de linhas retas horizontais, verticais e diagonais em 45º. Este esquema é conhecido mundialmente e até hoje é utilizado em diversas outras redes de transportes, como Berlim, Paris e Barcelona, além de ser um dos símbolos da capital britânica.

“A good transport system enables passengers to reach their destination easily by the most efficient route. London’s Transport maps followed a familiar geographic style that mirrored the landscape of the city until 1933. That was the year Harry Beck produced a diagrammatic map so simple (and so famous) that it has been copied by virtually every transport system in the world”

(LONDON TRANSPORT MUSEUM)

Diagramas do Metrô de Londres

O Museu do Transporte de Londres (ou London Transport Museum) é um local idealizado para guardar o patrimônio do transporte londrino. Aberto em 2002 como “Transport for London”, ele possui longa abrangência, ou seja, conserva todas as memórias referente aos ônibus, trens, taxis e metrôs, desde o início de sua existência. Localizado no Covent Garden Piazza (Zona 1), é aberto à visitação todos os dias por um preço pouco camarada de 15 libras.

London Transport Museum

O táxi preto e o ônibus vermelho double deck são elementos simbólicos encontrados juntos às paisagens londrinas. Assim como os mapas de Harry Beck, eles são conhecidos no mundo inteiro. Eles foram desenvolvidos e implantados na década de 20. No museu, eles recebem uma sessão especial. Existe uma área de preservação de veículos onde são expostos os modos de transporte público que variam desde as carroças com tração animal até os mais modernos e famosos ônibus londrinos. No museu, o visitante pode ver como eram os antigos vagões dos trens quando eles ainda se separavam por classes.

Evolução dos Veículos do Transporte

Os luxuosos e antigos trens

São diversos os setores encontrados no museu. Ao iniciar o tour, ao invés de nos mostrar os andares, o elevador nos leva às décadas de 1880, 1900, 1950, 1970… até 2012. Cada setor é caracterizado por sua época. Ao longo do passeio é possível visualizar uma compilação de mapas antigos, que demonstra a evolução das linhas ferroviárias até o mapa utilizado atualmente.

Evolução dos diagramas de rotas

Diagrama de rotas atual (2011)

A comunicação visual do transporte de Londres também está exposta neste museu. O símbolo do metrô (logotipo vermelho com a barra azul – conhecido por roundel) teve sua implantação em 1908. Em seguida esse mesmo elemento foi adaptado para o restante do sistema (pontos de ônibus e trem). Essa simples ideia facilitou a identificação dos pontos de embarque por parte dos usuários. Hoje em dia, o símbolo está estampado em todas as estações com o uso do letreiro “UNDERGROUND” ou “OVERGROUND”. Seu idealizador, Frank Pick, foi quem determinou as bases para o design: cores, tipografia, sinalização, publicidade e arquitetura das informações.

“Every Corporation, large or small, need a unifying marque or logo. The roundel device was first developed for the London Underground a century ago. It is still used by Transport for London today. The roundel is so closely identified with public transport in London that it has become one of the best-known logos of the world”

LONDON TRANSPORT MUSEUM

Alguns anos depois a tipografia escolhida já não traduzia mais os conceitos de legibilidade e acessibilidade propostos por Pick, e então, ele contratou o calígrafo Edward Johnston para criar uma fonte exclusiva. Assim surgiu a “New Johnston”, um tipo geométrico, sem serifa e bastante legível.

“The simplicity of Edward Johnston’s typeface reflected the efficiency of the whole transportation system.  The typeface is ‘sans serif’, without additional ornaments at the ends of letters. Johnston’s turned to classical Roman capitals to get the correct proportions, and so his letterface ‘designed itself’, as he later put it. The design included numerals, ponctuation and a pound sterling sign to create a unified typographic set. Johnston’s clean, elegant letters also provided the inspiration for his pupil, Eric Gill, who created the typeface Gill Sans in the 1920s”

LONDON TRANSPORT MUSEUM

Em 1972 a designer Misha Black foi contratada para realizar algumas atualizações da Identidade Visual do Transporte de Londres, o que originou a forma que conhecemos hoje. Mais tarde, a Wolff Olins também participou do processo de redesign da marca e também adaptou suas vertentes (overground, taxi, trens…). Além da tipografia, também foram determinadas as cores para cada linha do sistema de informação, uma família de ícones e símbolos que delimitam a Identidade Visual do Transporte Público de Londres.

Materiais gráficos do acervo do Museu do Transporte e do Manual de Identidade Visual

Neste link é possível acessar o restante do Manual de Identidade Visual desenvolvido para o Sistema de Informação do Transporte de Londres, incluindo metrô, ônibus, trens, taxis, bicicletas, e todo o material de expediente, ingressos, placas de rua, entre outros. Acompanhe também as novidades do Museu no facebook no /ltmuseum.

O Museu do Transporte de Londres agradece a sua leitura!  =) Volte sempre!

O Museu do Transporte de Londres agradece a sua leitura! 🙂 Volte sempre!

Referências

 

Maia Amanda

Maia Amanda

Atualmente trabalha na Vitao Alimentos como responsável pelo setor de Design e Marketing. Mestre em Design da Informação (UFPR/2013) e formada em Design Visual (ESPM/2010). Intercambista em Lisboa e nos EUA. Em suas experiências,descobriu a paixão pelo estudo da informação e do design aplicado ao transporte público. Mobiliário Urbano, Representação de Mapas, Design Inclusivo, Daltonismo e Estudo da Cor também foram paixões descobertas. Além disso, ama fotografia, cores, viagens, design, grêmio, embalagem e música.

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#03 A Informação no Transporte

Por Maia Amanda

O Post de hoje trata de um dos mais eficientes transporte público do mundo. Para quem não conhece, Londres é a capital da globalização e da diversidade cultural. É a cidade que inspira moda, política, educação, finanças e conceitos os de irreverência, modernidade, conservadorismo e tradicionalismo. No entanto, além de ser um dos destinos turísticos mais procurados, a cidade faz jus aos seus conceitos também na questão de mobilidade urbana.  A capital britânica apresenta uma rede de transporte integrada e eficiente para os usuários tanto na realização dos deslocamentos quanto em sua comunicação visual – que está diretamente ligada à facilidade de compreensão do sistema.

Identidade Visual do Transporte Público de Londres

Identidade Visual do Transporte Público de Londres

No transporte público de Londres, o modo mais utilizado é o metrô (ou também conhecido como Tube e Underground). O Underground é o segundo maior metrô do mundo e o mais antigo existente, criado em 1863, tem cerca de 270 estações e 400km de trilhos, transportando mais de 2,6 milhões de usuários por dia. São 11 linhas, cada uma caracterizada por uma cor diferente. Em relação ao plano de rotas, em 1932 o designer gráfico Harry Beck criou um esquema para organizar as linhas do sistema. Ele desenhou um roteiro diagramático onde a posição geográfica não foi o ponto principal, mas sim a topologia da rede, ou seja, a relação do espaço com a conectividade das estações. O designer se baseou em circuitos elétricos e idealizou o diagrama através de linhas retas horizontais, verticais e diagonais em 45º. Este esquema é conhecido mundialmente e até hoje é utilizado em diversas outras redes de transportes, como Berlim, Paris e Barcelona, além de ser um dos símbolos da capital britânica.

“A good transport system enables passengers to reach their destination easily by the most efficient route. London’s Transport maps followed a familiar geographic style that mirrored the landscape of the city until 1933. That was the year Harry Beck produced a diagrammatic map so simple (and so famous) that it has been copied by virtually every transport system in the world”

(LONDON TRANSPORT MUSEUM)

Diagramas do Metrô de Londres

O Museu do Transporte de Londres (ou London Transport Museum) é um local idealizado para guardar o patrimônio do transporte londrino. Aberto em 2002 como “Transport for London”, ele possui longa abrangência, ou seja, conserva todas as memórias referente aos ônibus, trens, taxis e metrôs, desde o início de sua existência. Localizado no Covent Garden Piazza (Zona 1), é aberto à visitação todos os dias por um preço pouco camarada de 15 libras.

London Transport Museum

O táxi preto e o ônibus vermelho double deck são elementos simbólicos encontrados juntos às paisagens londrinas. Assim como os mapas de Harry Beck, eles são conhecidos no mundo inteiro. Eles foram desenvolvidos e implantados na década de 20. No museu, eles recebem uma sessão especial. Existe uma área de preservação de veículos onde são expostos os modos de transporte público que variam desde as carroças com tração animal até os mais modernos e famosos ônibus londrinos. No museu, o visitante pode ver como eram os antigos vagões dos trens quando eles ainda se separavam por classes.

Evolução dos Veículos do Transporte

Os luxuosos e antigos trens

São diversos os setores encontrados no museu. Ao iniciar o tour, ao invés de nos mostrar os andares, o elevador nos leva às décadas de 1880, 1900, 1950, 1970… até 2012. Cada setor é caracterizado por sua época. Ao longo do passeio é possível visualizar uma compilação de mapas antigos, que demonstra a evolução das linhas ferroviárias até o mapa utilizado atualmente.

Evolução dos diagramas de rotas

Diagrama de rotas atual (2011)

A comunicação visual do transporte de Londres também está exposta neste museu. O símbolo do metrô (logotipo vermelho com a barra azul – conhecido por roundel) teve sua implantação em 1908. Em seguida esse mesmo elemento foi adaptado para o restante do sistema (pontos de ônibus e trem). Essa simples ideia facilitou a identificação dos pontos de embarque por parte dos usuários. Hoje em dia, o símbolo está estampado em todas as estações com o uso do letreiro “UNDERGROUND” ou “OVERGROUND”. Seu idealizador, Frank Pick, foi quem determinou as bases para o design: cores, tipografia, sinalização, publicidade e arquitetura das informações.

“Every Corporation, large or small, need a unifying marque or logo. The roundel device was first developed for the London Underground a century ago. It is still used by Transport for London today. The roundel is so closely identified with public transport in London that it has become one of the best-known logos of the world”

LONDON TRANSPORT MUSEUM

Alguns anos depois a tipografia escolhida já não traduzia mais os conceitos de legibilidade e acessibilidade propostos por Pick, e então, ele contratou o calígrafo Edward Johnston para criar uma fonte exclusiva. Assim surgiu a “New Johnston”, um tipo geométrico, sem serifa e bastante legível.

“The simplicity of Edward Johnston’s typeface reflected the efficiency of the whole transportation system.  The typeface is ‘sans serif’, without additional ornaments at the ends of letters. Johnston’s turned to classical Roman capitals to get the correct proportions, and so his letterface ‘designed itself’, as he later put it. The design included numerals, ponctuation and a pound sterling sign to create a unified typographic set. Johnston’s clean, elegant letters also provided the inspiration for his pupil, Eric Gill, who created the typeface Gill Sans in the 1920s”

LONDON TRANSPORT MUSEUM

Em 1972 a designer Misha Black foi contratada para realizar algumas atualizações da Identidade Visual do Transporte de Londres, o que originou a forma que conhecemos hoje. Mais tarde, a Wolff Olins também participou do processo de redesign da marca e também adaptou suas vertentes (overground, taxi, trens…). Além da tipografia, também foram determinadas as cores para cada linha do sistema de informação, uma família de ícones e símbolos que delimitam a Identidade Visual do Transporte Público de Londres.

Materiais gráficos do acervo do Museu do Transporte e do Manual de Identidade Visual

Neste link é possível acessar o restante do Manual de Identidade Visual desenvolvido para o Sistema de Informação do Transporte de Londres, incluindo metrô, ônibus, trens, taxis, bicicletas, e todo o material de expediente, ingressos, placas de rua, entre outros. Acompanhe também as novidades do Museu no facebook no /ltmuseum.

O Museu do Transporte de Londres agradece a sua leitura!  =) Volte sempre!

O Museu do Transporte de Londres agradece a sua leitura! 🙂 Volte sempre!

Referências

 

Maia Amanda

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Atualmente trabalha na Vitao Alimentos como responsável pelo setor de Design e Marketing. Mestre em Design da Informação (UFPR/2013) e formada em Design Visual (ESPM/2010). Intercambista em Lisboa e nos EUA. Em suas experiências,descobriu a paixão pelo estudo da informação e do design aplicado ao transporte público. Mobiliário Urbano, Representação de Mapas, Design Inclusivo, Daltonismo e Estudo da Cor também foram paixões descobertas. Além disso, ama fotografia, cores, viagens, design, grêmio, embalagem e música.

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