O Design Universal

Por Mauro Adriano Müller

O termo Design Universal foi utilizado pela primeira vez nos anos 70, pelo norte-americano Ronald Mace, um arquiteto cadeirante. Naquele momento, o termo foi relacionado apenas à arquitetura, mas com o passar dos anos e a sempre crescente evolução tecnológica, ampliou-se a utilização do termo nos campos de desenvolvimento de produtos de consumo, além de produtos de telecomunicação e de tecnologia da informação. Segundo a definição do Center for Universal Design (North Caroline State University, EUA), o propósito do Design Universal é gerar ambientes, produtos, serviços, programas e tecnologias acessíveis de forma a atender o maior número de pessoas, na maior extensão possível, sem a necessidade de adaptação ou design especializado. Também conhecido como Design Inclusivo, o Design Universal tem como objetivo a inclusão de todas as pessoas em todas as atividades da vida, promovendo sempre a inclusão – é o design para todos. No entanto, é impossível afirmar que qualquer produto, ambiente ou serviço vai ser utilizado por todas as pessoas sob todas as condições possíveis. Desse modo, é mais apropriado considerar o Design Universal como um processo, e não um resultado.

Os sete princípios do Design Universal 

Em 1997,  uma equipe multidisciplinar do Center for Universal Design, composta por arquitetos, designers, engenheiros, pesquisadores ambientais e investigadores foi reunida através do projeto “Estudos para Incrementar o Desenvolvimento do Design Universal” , com o objetivo de elaborar um conjunto de princípios capazes de conter a base de conhecimento existente sobre Design Universal. São eles:

1. Uso Equitativo (com igualdade)

O design é útil e comercializável para pessoas com habilidades distintas.

  • Proporciona a mesma forma de utilização a todos os usuários: idêntica sempre que possível; equivalente, quando não for.
  • Evita marginalizar ou estigmatizar qualquer usuário.
  • Providencia a privacidade, proteção e segurança, igualmente, a todos os usuários.
  • Torna o design atraente a todos os usuários.

Um exemplo simples? O email torna a comunicação mais fácil para qualquer um, incluindo aquelas pessoas que possuem dificuldades em falar pelo telefone. (Uso Equitativo)

2. Flexibilidade no Uso

O design atende amplamente a diversidade de preferências e habilidades individuais.

  • Possibilita a escolha de formas de utilização.
  • Atende o acesso e o uso, tanto ao destro, como ao canhoto.
  • Facilita a exatidão e a precisão por parte do usuário.
  • Oferece adaptabilidade no ritmo de assimilação do usuário.

Este modelo de tesoura permite o uso com ambas as mãos, permitindo também a alternância entre as duas em tarefas repetitivas. (Flexibilidade de Uso)

3. Uso Simples e Intuitivo

O uso do “design” é facilmente compreendido, independentemente da experiência do    usuário, do nível de formação, conhecimento de idioma ou de sua capacidade de   concentração.

  • Dispensa complexidades desnecessárias.
  • Deve ser lógico, dentro das expectativas e intuição do usuário.
  • Abrange uma ampla faixa de níveis de instrução e capacidades linguísticas.
  • Dispõe a informação de acordo com sua importância.
  • Fornece solicitação e retorno eficazes, durante e após a conclusão de uma tarefa.

Interfaces de produtos de telecomunicação (Uso Simples e Intuitivo)

4. Informação Perceptível

O design comunica eficazmente ao usuário a informação necessária,      independentemente das condições ambientais ou da capacidade sensorial dos                   usuários.

  • Apresenta a informação essencial com redundância, usando diferentes meios (pictográfico, verbal, tátil).
  • Providencia o adequado contraste entre as informações essenciais e as afins.
  • Maximiza a legibilidade da informação essencial.
  • Diferencia os elementos em formas que possam ser descritas (ou seja, torna fácil o instruir e o orientar).
  • Provê compatibilidade com a diversidade de técnicas e equipamentos usados por portadores de limitações sensoriais.

5. Tolerância ao Erro

O design minimiza o risco e as consequências adversas de ações involuntárias ou imprevistas.

  • Dispõe os elementos de modo a minimizar riscos e erros: elementos mais usados, mais acessíveis; elementos perigosos, eliminados, isolados ou protegidos.
  • Provê avisos de riscos e de erros.
  • Providencia recursos de segurança no caso de falhas.
  • Desencoraja ações inconscientes em tarefas onde seja necessária a vigilância.

O mecanismo de disparo sequencial de uma pistola de pregos impede um disparo acidental, quando a ferramenta não é pressionado contra um objeto. (Tolerância ao Erro)

6. Baixo Esforço Físico 

O  design pode ser usado com eficiência e conforto, e com o mínimo de fadiga.

  • Possibilita que o usuário mantenha uma posição corporal neutra.
  • Que o usuário opere aplicando força razoável.
  • Minimiza as operações repetitivas.
  • Minimiza o esforço físico contínuo.

Fechaduras e maçanetas de portas e janelas devem ser operadas sem a necessidade de força, podendo ser abertas apenas utilizando-se o punho ou até mesmo o cotovelo. (Baixo Esforço Físico)

7. Tamanho e Espaço para Aproximação e Uso 

O “design” oferece espaços e dimensões apropriados para interação, alcance, manipulação e uso. Prevê o espaço para uso de forma confortável pelo maior número possível de usuários, independentemente do tamanho, postura ou mobilidade da pessoa.

  • Provê uma linha de visão, livre e desimpedida, para os elementos importantes, quer o usuário esteja sentado ou de pé.
  • Tornar alcançáveis e de forma confortável, todos os componentes, quer o usuário esteja sentado ou de pé.
  • Acomoda diferentes mãos e capacidades de pegar elementos.
  • Provê espaço adequado para o uso de auxílios técnicos e de assistência pessoal.

Referências:

http://www.universaldesign.ie/
http://www.ncsu.edu/project/design-projects/udi/
http://acessibilidade-portugal.blogspot.com.br/2012/09/design-universal-1-ideia-7-principios.html
http://styx.nied.unicamp.br/todosnos/acessibilidade/textos/design_universal.htmlhttp://www.slideshare.net/srains/os-sete-princpios-de-desenho-universal

Mauro Adriano Müller

Mauro Adriano Müller

Gaúcho, 24 anos, estudante de Design na Universidade Feevale/RS. Acredita que o Design pode (e deve) mudar o pensamento das pessoas sobre o mundo e sobre as muitas coisas que existem nele.

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O Design Universal

Por Mauro Adriano Müller

O termo Design Universal foi utilizado pela primeira vez nos anos 70, pelo norte-americano Ronald Mace, um arquiteto cadeirante. Naquele momento, o termo foi relacionado apenas à arquitetura, mas com o passar dos anos e a sempre crescente evolução tecnológica, ampliou-se a utilização do termo nos campos de desenvolvimento de produtos de consumo, além de produtos de telecomunicação e de tecnologia da informação. Segundo a definição do Center for Universal Design (North Caroline State University, EUA), o propósito do Design Universal é gerar ambientes, produtos, serviços, programas e tecnologias acessíveis de forma a atender o maior número de pessoas, na maior extensão possível, sem a necessidade de adaptação ou design especializado. Também conhecido como Design Inclusivo, o Design Universal tem como objetivo a inclusão de todas as pessoas em todas as atividades da vida, promovendo sempre a inclusão – é o design para todos. No entanto, é impossível afirmar que qualquer produto, ambiente ou serviço vai ser utilizado por todas as pessoas sob todas as condições possíveis. Desse modo, é mais apropriado considerar o Design Universal como um processo, e não um resultado.

Os sete princípios do Design Universal 

Em 1997,  uma equipe multidisciplinar do Center for Universal Design, composta por arquitetos, designers, engenheiros, pesquisadores ambientais e investigadores foi reunida através do projeto “Estudos para Incrementar o Desenvolvimento do Design Universal” , com o objetivo de elaborar um conjunto de princípios capazes de conter a base de conhecimento existente sobre Design Universal. São eles:

1. Uso Equitativo (com igualdade)

O design é útil e comercializável para pessoas com habilidades distintas.

  • Proporciona a mesma forma de utilização a todos os usuários: idêntica sempre que possível; equivalente, quando não for.
  • Evita marginalizar ou estigmatizar qualquer usuário.
  • Providencia a privacidade, proteção e segurança, igualmente, a todos os usuários.
  • Torna o design atraente a todos os usuários.

Um exemplo simples? O email torna a comunicação mais fácil para qualquer um, incluindo aquelas pessoas que possuem dificuldades em falar pelo telefone. (Uso Equitativo)

2. Flexibilidade no Uso

O design atende amplamente a diversidade de preferências e habilidades individuais.

  • Possibilita a escolha de formas de utilização.
  • Atende o acesso e o uso, tanto ao destro, como ao canhoto.
  • Facilita a exatidão e a precisão por parte do usuário.
  • Oferece adaptabilidade no ritmo de assimilação do usuário.

Este modelo de tesoura permite o uso com ambas as mãos, permitindo também a alternância entre as duas em tarefas repetitivas. (Flexibilidade de Uso)

3. Uso Simples e Intuitivo

O uso do “design” é facilmente compreendido, independentemente da experiência do    usuário, do nível de formação, conhecimento de idioma ou de sua capacidade de   concentração.

  • Dispensa complexidades desnecessárias.
  • Deve ser lógico, dentro das expectativas e intuição do usuário.
  • Abrange uma ampla faixa de níveis de instrução e capacidades linguísticas.
  • Dispõe a informação de acordo com sua importância.
  • Fornece solicitação e retorno eficazes, durante e após a conclusão de uma tarefa.

Interfaces de produtos de telecomunicação (Uso Simples e Intuitivo)

4. Informação Perceptível

O design comunica eficazmente ao usuário a informação necessária,      independentemente das condições ambientais ou da capacidade sensorial dos                   usuários.

  • Apresenta a informação essencial com redundância, usando diferentes meios (pictográfico, verbal, tátil).
  • Providencia o adequado contraste entre as informações essenciais e as afins.
  • Maximiza a legibilidade da informação essencial.
  • Diferencia os elementos em formas que possam ser descritas (ou seja, torna fácil o instruir e o orientar).
  • Provê compatibilidade com a diversidade de técnicas e equipamentos usados por portadores de limitações sensoriais.

5. Tolerância ao Erro

O design minimiza o risco e as consequências adversas de ações involuntárias ou imprevistas.

  • Dispõe os elementos de modo a minimizar riscos e erros: elementos mais usados, mais acessíveis; elementos perigosos, eliminados, isolados ou protegidos.
  • Provê avisos de riscos e de erros.
  • Providencia recursos de segurança no caso de falhas.
  • Desencoraja ações inconscientes em tarefas onde seja necessária a vigilância.

O mecanismo de disparo sequencial de uma pistola de pregos impede um disparo acidental, quando a ferramenta não é pressionado contra um objeto. (Tolerância ao Erro)

6. Baixo Esforço Físico 

O  design pode ser usado com eficiência e conforto, e com o mínimo de fadiga.

  • Possibilita que o usuário mantenha uma posição corporal neutra.
  • Que o usuário opere aplicando força razoável.
  • Minimiza as operações repetitivas.
  • Minimiza o esforço físico contínuo.

Fechaduras e maçanetas de portas e janelas devem ser operadas sem a necessidade de força, podendo ser abertas apenas utilizando-se o punho ou até mesmo o cotovelo. (Baixo Esforço Físico)

7. Tamanho e Espaço para Aproximação e Uso 

O “design” oferece espaços e dimensões apropriados para interação, alcance, manipulação e uso. Prevê o espaço para uso de forma confortável pelo maior número possível de usuários, independentemente do tamanho, postura ou mobilidade da pessoa.

  • Provê uma linha de visão, livre e desimpedida, para os elementos importantes, quer o usuário esteja sentado ou de pé.
  • Tornar alcançáveis e de forma confortável, todos os componentes, quer o usuário esteja sentado ou de pé.
  • Acomoda diferentes mãos e capacidades de pegar elementos.
  • Provê espaço adequado para o uso de auxílios técnicos e de assistência pessoal.

Referências:

http://www.universaldesign.ie/
http://www.ncsu.edu/project/design-projects/udi/
http://acessibilidade-portugal.blogspot.com.br/2012/09/design-universal-1-ideia-7-principios.html
http://styx.nied.unicamp.br/todosnos/acessibilidade/textos/design_universal.htmlhttp://www.slideshare.net/srains/os-sete-princpios-de-desenho-universal

Mauro Adriano Müller

Mauro Adriano Müller

Gaúcho, 24 anos, estudante de Design na Universidade Feevale/RS. Acredita que o Design pode (e deve) mudar o pensamento das pessoas sobre o mundo e sobre as muitas coisas que existem nele.

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