Beijos e guarda-chuvas

Por Guto Souza

A rua é o espaço urbano em que a vida acontece. Ali as pessoas convivem umas com as outras, com a cidade e com a natureza – um mar de interações que a transforma em um dos locais mais interessantes para a fotografia. E, por mais insólito que pareça, entre os inúmeros assuntos que povoam a rua, dois dos mais fotogênicos são o beijo e o guarda-chuva.

O beijo foi celebremente retratado por grandes mestres da fotografia de rua. Os casais parisienses de Henri Cartier-Bresson e Robert Doisneau estão entre as imagens favoritas de dez a cada dez amantes da fotografia. O “Californian Kiss” de Elliott Erwitt provoca suspiros desde 1955. E a “V-J Day in Times Square” de Alfred Eisenstaedt, foto que anunciou à nação norte-americana o fim da Segunda Guerra Mundial, é tida por muitos como uma das imagens mais importantes do século XX.

Foto por Henri Cartier-Bresson (1968)

Foto por Robert Doisneau (1950)

Foto por Elliott Erwitt (1955)

Foto por Alfred Eisenstaedt (1945)

Recentemente outra fotografia de um beijo no asfalto comoveu o mundo, e acabou tornando-se mais notória que o próprio evento em que foi gerada. Você deve ter visto (e compartilhado) nas redes sociais: em meio à confusão generalizada nas ruas de Vancouver, um homem tenta acalmar sua namorada – que havia sido nocauteada pela polícia local. Uma demonstração de carinho em contraponto à violência presente.

Foto por Rich Lam (2011)

Ok. O momento íntimo do beijo é mais que inspirador. O beijo é mágico. O beijo é lindo. O beijo merece estar entre os temas mais importantes da fotografia. Mas e o guarda-chuva? Que diabos o guarda-chuva tem de tão admirável para ser fotografado?

Não sei. Talvez ele seja um símbolo do urbano, por evitar o contato entre homem e natureza. Talvez demonstre o afastamento das pessoas, por ser artigo de uso individual; ou o contrário, quando duas ou mais pessoas abrigam-se sob o mesmo guarda-chuva. Ou, ainda, pode simplesmente ser um elemento de interesse gráfico. O fato é que o guarda-chuva atrai a visão dos fotógrafos como poucos objetos.

Foto por Flavio Damm (2004)

Buscando pelo termo “street photography” no Google Imagens, o que mais se encontra é foto de gente com guarda-chuva. Pessoas usando guarda-chuva no sol, na neve e, inclusive, na chuva. Dos dezenove street photographers anunciados pelo blog 121 Clicks como “novos talentos”, quatro têm o guarda-chuva em sua imagem de apresentação. Ora, isso tudo só confirma que o guarda-chuva é preferência mundial quando se trata de fotografia de rua.

Foto por Henri Cartier-Bresson (1926)

Portanto, da próxima vez que sair às ruas com uma câmera na mão, procure por um casal dividindo o guarda-chuva. As chances de você fazer a melhor fotografia de sua vida são grandes.

Guto Souza

Guto Souza

Guto Souza nasceu e vive em Curitiba. Publicitário por formação e fotógrafo por paixão. Clica diferentes temáticas e linguagens em busca das suas próprias. Seus textos sobre Fotografia são publicados aos sábados, quinzenalmente.

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Beijos e guarda-chuvas

Por Guto Souza

A rua é o espaço urbano em que a vida acontece. Ali as pessoas convivem umas com as outras, com a cidade e com a natureza – um mar de interações que a transforma em um dos locais mais interessantes para a fotografia. E, por mais insólito que pareça, entre os inúmeros assuntos que povoam a rua, dois dos mais fotogênicos são o beijo e o guarda-chuva.

O beijo foi celebremente retratado por grandes mestres da fotografia de rua. Os casais parisienses de Henri Cartier-Bresson e Robert Doisneau estão entre as imagens favoritas de dez a cada dez amantes da fotografia. O “Californian Kiss” de Elliott Erwitt provoca suspiros desde 1955. E a “V-J Day in Times Square” de Alfred Eisenstaedt, foto que anunciou à nação norte-americana o fim da Segunda Guerra Mundial, é tida por muitos como uma das imagens mais importantes do século XX.

Foto por Henri Cartier-Bresson (1968)

Foto por Robert Doisneau (1950)

Foto por Elliott Erwitt (1955)

Foto por Alfred Eisenstaedt (1945)

Recentemente outra fotografia de um beijo no asfalto comoveu o mundo, e acabou tornando-se mais notória que o próprio evento em que foi gerada. Você deve ter visto (e compartilhado) nas redes sociais: em meio à confusão generalizada nas ruas de Vancouver, um homem tenta acalmar sua namorada – que havia sido nocauteada pela polícia local. Uma demonstração de carinho em contraponto à violência presente.

Foto por Rich Lam (2011)

Ok. O momento íntimo do beijo é mais que inspirador. O beijo é mágico. O beijo é lindo. O beijo merece estar entre os temas mais importantes da fotografia. Mas e o guarda-chuva? Que diabos o guarda-chuva tem de tão admirável para ser fotografado?

Não sei. Talvez ele seja um símbolo do urbano, por evitar o contato entre homem e natureza. Talvez demonstre o afastamento das pessoas, por ser artigo de uso individual; ou o contrário, quando duas ou mais pessoas abrigam-se sob o mesmo guarda-chuva. Ou, ainda, pode simplesmente ser um elemento de interesse gráfico. O fato é que o guarda-chuva atrai a visão dos fotógrafos como poucos objetos.

Foto por Flavio Damm (2004)

Buscando pelo termo “street photography” no Google Imagens, o que mais se encontra é foto de gente com guarda-chuva. Pessoas usando guarda-chuva no sol, na neve e, inclusive, na chuva. Dos dezenove street photographers anunciados pelo blog 121 Clicks como “novos talentos”, quatro têm o guarda-chuva em sua imagem de apresentação. Ora, isso tudo só confirma que o guarda-chuva é preferência mundial quando se trata de fotografia de rua.

Foto por Henri Cartier-Bresson (1926)

Portanto, da próxima vez que sair às ruas com uma câmera na mão, procure por um casal dividindo o guarda-chuva. As chances de você fazer a melhor fotografia de sua vida são grandes.

Guto Souza

Guto Souza

Guto Souza nasceu e vive em Curitiba. Publicitário por formação e fotógrafo por paixão. Clica diferentes temáticas e linguagens em busca das suas próprias. Seus textos sobre Fotografia são publicados aos sábados, quinzenalmente.

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