Inspirações Sensoriais na Arte

Por Bruna Bonifacio

O contexto de produção dos trabalhos de design de superfície, quais são as linguagens utilizadas e o que pode ser classificado nessa “categoria” do design, são questões nebulosas. Não há fronteiras, nem verdades absolutas. Essa liberdade torna muito interessante a pesquisa e a criação de trabalhos na área.

A busca por trabalhos que expressem características que possam ser incluídas nessa categoria é um processo de descoberta e reflexão. E ele pode resultar em futuros desdobramentos que contribuirão na valorização e enriquecimento do estudo e produção de design.

Por isso, o assunto é abordado a partir de designers que deveríamos conhecer, empresas que produzem trabalhos inovadores, e inspirações.

A inspiração de hoje é Ernesto Neto, um dos mais importantes artistas contemporâneos do país.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1964, ele estudou escultura e intervenção urbana no MAM – RJ. Sofreu fortes influências do Neoconcretismo, e de artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, incluindo o conceito de abstração geométrica, uso de formas orgânicas e o fato de convidar os espectadores a participarem da obra.

Ele começou a expor no Brasil em 1988, e em 1995 já tinha exposição individual no exterior. Ernesto Neto e Vik Muniz foram os representantes do Brasil na Bienal de Veneza em 2001.

Suas obras estão entre esculturas e instalações abstratas. No decorrer de sua carreira, o artista procurou explorar a superfície, os materiais, a relação da forma e seu simbolismo, além de aumentar gradativamente o nível do contato do público com as obras.

Ernesto utiliza lycra, meia-calça feminina, algodão, poliamida, tubos de malha fina e translúcida, bolas de chumbo, polipropileno, isopor, miçangas, espumas e especiarias de diversas cores e aromas, como cravo da índia em pó e pimenta do reino moída.

O artista vê suas obras como extensões do próprio corpo, da própria pele; os tecidos utilizados remetem à epiderme. Ele propõe a interação do público através principalmente do toque com as superfícies macias, elásticas, que (geralmente) ficam pendentes oferecendo também as sensações de peso, força, tensão, equilíbrio.

Ele acha muito interessante ter uma relação entre o frágil e o forte, o duro e o macio, o líquido e o sólido. Todas essas relações estão presentes em suas grandes instalações, que invariavelmente são penduradas ou presas em um teto com pé direito de grandes proporções.

Leviathan Thot

Leviathan Thot

Museu de arte contemporânea de Roma

As interações podem se dar de várias formas. Em algumas obras Ernesto convida o espectador a tocar; em outras, a sentar; na sequência cronológica de sua produção, vem também o convite à percepção olfativa (além da tátil); depois, os trabalhos chamados de “naves”, são feitos para que o público penetre e caminhe pela obra; e participação maior se dá em 2001, nos Humanóides, esculturas produzidas com o objetivo de capturar o corpo humano em seu interior, elas são “vestidas” pelo espectador. Agora, Ernesto expõe as superfícies de lycra multicoloridas, que proporcionam um universo de matéria e cor no qual o espectador pode caminhar e ficar imerso (ObichoSusPensonaPaisaGen).

Para quem se interessou, os trabalhos mais recentes do artista pode ser vistos na exposição ObichoSusPensoNaPaisaGen, que ficará aberta ao público de 12/09 a 16/10/2012, na Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro, com entrada gratuita.

Humanóide

O Bicho SusPenso na Paisagem

O Bicho SusPenso na Paisagem

Para transmitir ideias e potencializar as criações nada melhor do que referências sensoriais artísticas…

“Se você tocar algo (é provável que) alguém o sentirá.
Se você sentir algo (é provável que) alguém estará sendo tocado.” – Rick Valicenti, no livro Novos fundamentos do design, de Ellen Lupton.

Esse vídeo mostra Ernesto Neto, seus materiais, planejamentos e como se dá a montagem de sua enorme instalação, chamada Anthropodino, no Park Avenue Armory.

Referências

Bruna Bonifacio

Bruna Bonifacio

Sou Paulista, estou Curitibana. Formada em Design pela UTFPR. Completamente apaixonada por Design de Superfície (de todo tipo). Pesquiso estamparia, texturas, arte contemporânea, arte urbana e afins, sob o ponto de vista do Design de Superfície.

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Por Bruna Bonifacio

O contexto de produção dos trabalhos de design de superfície, quais são as linguagens utilizadas e o que pode ser classificado nessa “categoria” do design, são questões nebulosas. Não há fronteiras, nem verdades absolutas. Essa liberdade torna muito interessante a pesquisa e a criação de trabalhos na área.

A busca por trabalhos que expressem características que possam ser incluídas nessa categoria é um processo de descoberta e reflexão. E ele pode resultar em futuros desdobramentos que contribuirão na valorização e enriquecimento do estudo e produção de design.

Por isso, o assunto é abordado a partir de designers que deveríamos conhecer, empresas que produzem trabalhos inovadores, e inspirações.

A inspiração de hoje é Ernesto Neto, um dos mais importantes artistas contemporâneos do país.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1964, ele estudou escultura e intervenção urbana no MAM – RJ. Sofreu fortes influências do Neoconcretismo, e de artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, incluindo o conceito de abstração geométrica, uso de formas orgânicas e o fato de convidar os espectadores a participarem da obra.

Ele começou a expor no Brasil em 1988, e em 1995 já tinha exposição individual no exterior. Ernesto Neto e Vik Muniz foram os representantes do Brasil na Bienal de Veneza em 2001.

Suas obras estão entre esculturas e instalações abstratas. No decorrer de sua carreira, o artista procurou explorar a superfície, os materiais, a relação da forma e seu simbolismo, além de aumentar gradativamente o nível do contato do público com as obras.

Ernesto utiliza lycra, meia-calça feminina, algodão, poliamida, tubos de malha fina e translúcida, bolas de chumbo, polipropileno, isopor, miçangas, espumas e especiarias de diversas cores e aromas, como cravo da índia em pó e pimenta do reino moída.

O artista vê suas obras como extensões do próprio corpo, da própria pele; os tecidos utilizados remetem à epiderme. Ele propõe a interação do público através principalmente do toque com as superfícies macias, elásticas, que (geralmente) ficam pendentes oferecendo também as sensações de peso, força, tensão, equilíbrio.

Ele acha muito interessante ter uma relação entre o frágil e o forte, o duro e o macio, o líquido e o sólido. Todas essas relações estão presentes em suas grandes instalações, que invariavelmente são penduradas ou presas em um teto com pé direito de grandes proporções.

Leviathan Thot

Leviathan Thot

Museu de arte contemporânea de Roma

As interações podem se dar de várias formas. Em algumas obras Ernesto convida o espectador a tocar; em outras, a sentar; na sequência cronológica de sua produção, vem também o convite à percepção olfativa (além da tátil); depois, os trabalhos chamados de “naves”, são feitos para que o público penetre e caminhe pela obra; e participação maior se dá em 2001, nos Humanóides, esculturas produzidas com o objetivo de capturar o corpo humano em seu interior, elas são “vestidas” pelo espectador. Agora, Ernesto expõe as superfícies de lycra multicoloridas, que proporcionam um universo de matéria e cor no qual o espectador pode caminhar e ficar imerso (ObichoSusPensonaPaisaGen).

Para quem se interessou, os trabalhos mais recentes do artista pode ser vistos na exposição ObichoSusPensoNaPaisaGen, que ficará aberta ao público de 12/09 a 16/10/2012, na Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro, com entrada gratuita.

Humanóide

O Bicho SusPenso na Paisagem

O Bicho SusPenso na Paisagem

Para transmitir ideias e potencializar as criações nada melhor do que referências sensoriais artísticas…

“Se você tocar algo (é provável que) alguém o sentirá.
Se você sentir algo (é provável que) alguém estará sendo tocado.” – Rick Valicenti, no livro Novos fundamentos do design, de Ellen Lupton.

Esse vídeo mostra Ernesto Neto, seus materiais, planejamentos e como se dá a montagem de sua enorme instalação, chamada Anthropodino, no Park Avenue Armory.

Referências

Bruna Bonifacio

Bruna Bonifacio

Sou Paulista, estou Curitibana. Formada em Design pela UTFPR. Completamente apaixonada por Design de Superfície (de todo tipo). Pesquiso estamparia, texturas, arte contemporânea, arte urbana e afins, sob o ponto de vista do Design de Superfície.

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