Marian Bantjes

Por Bruna Bonifacio

Marian Bantjes é designer, tipógrafa, escritora e ilustradora. Ela começou como tipógrafa em 1984, dez anos depois, abriu sua própria empresa de design, e nove anos depois, largou tudo para se empenhar em uma experiência na qual acredita mais.

[Nota do Editor: Mais um post da série Designers que deveria conhecer]

Desde 2003 ela se pergunta três coisas antes de iniciar um projeto: Vai trazer alegria? Envolve criatividade? Existe admiração?

Marian classifica o trabalho como altamente pessoal, obsessivo e às vezes simplesmente estranho. Ela privilegia o amor ao invés do dinheiro.

an incantation

The national: orpheum

O que Marian chama de obsessivo pode ser visto nos seus trabalhos, no detalhamento, na precisão, no cuidado que ela tem com os ornamentos e as tipografias. A designer adora utilizar materiais não muito comuns (muitas vezes orgânicos ou elementos da natureza, como açúcar, macarrão e flores), não muito usados para aqueles fins e de maneiras diferenciadas. Ela pensa nas propriedades dos materiais para criar algo inesperado.

Na sua fala no TED há uma demonstração de seu processo criativo, com a construção de módulos para padronagem altamente detalhados, que foram integrados e combinados, compondo uma malha complexa; em cada módulo, ela incluía uma letra, que formavam as palavras necessárias na arte. A leitura é bem difícil, mas não impossível. Seu objetivo não era proporcionar legibilidade, e sim fazer um trabalho do qual tivesse orgulho posteriormente, um trabalho que de alguma forma maravilha-se quem o visse.

Read before Eat

“The world is full of wonder, but the world of design is not.”

Marian acredita que existe um força muito sedutora entre texto e imagem. Seu livro, I Wonder, é exemplo disso. O livro parece uma bíblia, sua capa é de cetim, com folhas de ouro e prata, a lateral das folhas também é dourada e possui uma fita roxa para marcar a página. O seu interior é incrível. A impressão foi feita em 5 cores, CMYK + dourado. Marian trabalhou nesse projeto por 15 meses, pois ela escreveu, ilustrou e projetou todo o livro.

Ele não é sobre o trabalho da designer. São textos de Marian sobre assuntos diversos, como o porque de se maravilhar e de se admirar com o que quer que seja; estrelas; cemitérios; coletânea de opiniões sobre os ornamentos; honra; heráldica, e outros. Alguns desses textos foram artigos publicados na Speak Up, agora reescritos e editados para esse trabalho.

Marian ornamenta as páginas, sem aquele limite, área mínima ou área de respiro. Alguns textos possuem tipografia não legível facilmente, por motivos específicos do conteúdo, “secrets”, por exemplo, é bem complicado, mas como o título já diz, o seu conteúdo é segredo.
Essa é a sua mensagem, ela quer mostrar que nós designers geralmente somos obrigados a privilegiar o texto, que o lema “less is more” está errado; o conteúdo e as imagens do seu livro tem uma relação muito importante, eles são totalmente interdependentes, nenhum dos dois pode existir sem o outro. Ela quer divulgar a percepção de que páginas ornamentadas em um livro não é coisa somente para o público infantil, que é possível mudar esse conceito. A designer estimula criações que surpreendam e maravilhem os espectadores, que agreguem valor e significado.

Trabalhos interessantes, não-comuns, intrigantes, com grande repercussão na mídia podem causar um senso de questionamento e inquietação nas mentes das pessoas, e ajudar na imaginação delas.
Garantir inspiração e imaginação fluindo, junto com todas as informações vindas de todas as direções e disciplinas, é um incentivo para ela fazer o que faz, e dedicar tanto tempo a esses trabalhos.

Para quem acha que essa filosofia não lhe é estranha, não está errado. O designer Stefan Sagmeister acredita em conceitos bem parecidos, ele também é amigo de Marian Bantjes e parceiro dela em alguns projetos, como a tipografia utilizando açúcar.

Sugar

“It is their beauty that makes me read them; it is their beauty that makes me consider their meaning; it is their beauty that makes me keep at them, even if they occasionally resist easy decipherment.” – Stefan Sagmeister, prefácio de I Wonder.M

Referências:

Bruna Bonifacio

Bruna Bonifacio

Sou Paulista, estou Curitibana. Formada em Design pela UTFPR. Completamente apaixonada por Design de Superfície (de todo tipo). Pesquiso estamparia, texturas, arte contemporânea, arte urbana e afins, sob o ponto de vista do Design de Superfície.

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Marian Bantjes

Por Bruna Bonifacio

Marian Bantjes é designer, tipógrafa, escritora e ilustradora. Ela começou como tipógrafa em 1984, dez anos depois, abriu sua própria empresa de design, e nove anos depois, largou tudo para se empenhar em uma experiência na qual acredita mais.

[Nota do Editor: Mais um post da série Designers que deveria conhecer]

Desde 2003 ela se pergunta três coisas antes de iniciar um projeto: Vai trazer alegria? Envolve criatividade? Existe admiração?

Marian classifica o trabalho como altamente pessoal, obsessivo e às vezes simplesmente estranho. Ela privilegia o amor ao invés do dinheiro.

an incantation

The national: orpheum

O que Marian chama de obsessivo pode ser visto nos seus trabalhos, no detalhamento, na precisão, no cuidado que ela tem com os ornamentos e as tipografias. A designer adora utilizar materiais não muito comuns (muitas vezes orgânicos ou elementos da natureza, como açúcar, macarrão e flores), não muito usados para aqueles fins e de maneiras diferenciadas. Ela pensa nas propriedades dos materiais para criar algo inesperado.

Na sua fala no TED há uma demonstração de seu processo criativo, com a construção de módulos para padronagem altamente detalhados, que foram integrados e combinados, compondo uma malha complexa; em cada módulo, ela incluía uma letra, que formavam as palavras necessárias na arte. A leitura é bem difícil, mas não impossível. Seu objetivo não era proporcionar legibilidade, e sim fazer um trabalho do qual tivesse orgulho posteriormente, um trabalho que de alguma forma maravilha-se quem o visse.

Read before Eat

“The world is full of wonder, but the world of design is not.”

Marian acredita que existe um força muito sedutora entre texto e imagem. Seu livro, I Wonder, é exemplo disso. O livro parece uma bíblia, sua capa é de cetim, com folhas de ouro e prata, a lateral das folhas também é dourada e possui uma fita roxa para marcar a página. O seu interior é incrível. A impressão foi feita em 5 cores, CMYK + dourado. Marian trabalhou nesse projeto por 15 meses, pois ela escreveu, ilustrou e projetou todo o livro.

Ele não é sobre o trabalho da designer. São textos de Marian sobre assuntos diversos, como o porque de se maravilhar e de se admirar com o que quer que seja; estrelas; cemitérios; coletânea de opiniões sobre os ornamentos; honra; heráldica, e outros. Alguns desses textos foram artigos publicados na Speak Up, agora reescritos e editados para esse trabalho.

Marian ornamenta as páginas, sem aquele limite, área mínima ou área de respiro. Alguns textos possuem tipografia não legível facilmente, por motivos específicos do conteúdo, “secrets”, por exemplo, é bem complicado, mas como o título já diz, o seu conteúdo é segredo.
Essa é a sua mensagem, ela quer mostrar que nós designers geralmente somos obrigados a privilegiar o texto, que o lema “less is more” está errado; o conteúdo e as imagens do seu livro tem uma relação muito importante, eles são totalmente interdependentes, nenhum dos dois pode existir sem o outro. Ela quer divulgar a percepção de que páginas ornamentadas em um livro não é coisa somente para o público infantil, que é possível mudar esse conceito. A designer estimula criações que surpreendam e maravilhem os espectadores, que agreguem valor e significado.

Trabalhos interessantes, não-comuns, intrigantes, com grande repercussão na mídia podem causar um senso de questionamento e inquietação nas mentes das pessoas, e ajudar na imaginação delas.
Garantir inspiração e imaginação fluindo, junto com todas as informações vindas de todas as direções e disciplinas, é um incentivo para ela fazer o que faz, e dedicar tanto tempo a esses trabalhos.

Para quem acha que essa filosofia não lhe é estranha, não está errado. O designer Stefan Sagmeister acredita em conceitos bem parecidos, ele também é amigo de Marian Bantjes e parceiro dela em alguns projetos, como a tipografia utilizando açúcar.

Sugar

“It is their beauty that makes me read them; it is their beauty that makes me consider their meaning; it is their beauty that makes me keep at them, even if they occasionally resist easy decipherment.” – Stefan Sagmeister, prefácio de I Wonder.M

Referências:

Bruna Bonifacio

Bruna Bonifacio

Sou Paulista, estou Curitibana. Formada em Design pela UTFPR. Completamente apaixonada por Design de Superfície (de todo tipo). Pesquiso estamparia, texturas, arte contemporânea, arte urbana e afins, sob o ponto de vista do Design de Superfície.

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