Design Sinestésico
Para que o design possa estabelecer uma comunicação que sensibilize o público pretendido, há vários fatores que devem ser pensados e utilizados de forma criativa e sensível.
Pensar em forma, espaço, cor e textura e trabalhar melhor esses elementos torna o trabalho único, interessante e rico em informações.
As interpretações de quem interagir com o projeto serão mais intensas e profundas. Um projeto de produto ou projeto gráfico pode se tornar um projeto de superfície se o designer codificar e representar as sensações pretendidas de maneira mais abrangente.
O designer deveria se sentir estimulado a buscar mais do que apenas recursos visuais. A miscigenação de linguagens pode adicionar novos elementos à mistura, como também pode reforçar antigos elementos.
Nós temos cinco sentidos a serem explorados (visão, tato, olfato, paladar e audição). Utilizar-se de relações entre esses sentidos deixa o projeto mais interessante, divertido e a identificação do receptor com ele aumenta. Projetos que visam um ou mais sentidos podem ser entendidos como sinestésicos.
Dirt Poster. Esse é um projeto conceitual de Roland Tiangco, seus pôsters foram impressos visando especificamente o manuseio do público-alvo.
Para que a interação deles com a peça gráfica provocasse algo mais intenso do que apenas visualizar um pôster já impresso e colocá-lo em uma parede.
Ao provocar a sujeira nas mãos dos receptores (graças ao pigmento em pó presente na parte de trás do cartaz), Roland, faz bem mais do que apenas instruir ou informar alguma coisa através do cartaz, ele provoca participação ativa e sensorial do receptor com a peça, fazendo design conceitual e sinestésico.
Sinestesia
“A relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente. Ou ainda como sensação, em uma parte do corpo, pelo estímulo em outra parte” (KAWASAKI)
A palavra “sinestesia” é de origem grega: “syn” (simultâneas) e “aesthesis” (sensação), podendo ser interpretada como “sensações simultâneas”.
Um projeto que evidencia o uso dos signos visuais, sonoros e verbais, com ligação de significado entre eles é o “toda imagem tem um som”. Ele foi desenvolvido pela agência de publicidade DM9DDB, os cartazes ao serem manipulados geram um som correspondente à imagem impressa. Por exemplo, o cartaz de papel de seda com a imagem de uma fogueira impressa nele, emite o som de uma fogueira quando é manuseado.
Uma obra de design só faz sentido quando outros interagem com ela, e projetar pensando em sentimento, interpretação, reinterpretação gera ainda mais sentido/motivo para a sua produção e para a permanência dessa obra na vida do usuário (aumento da vida útil do projeto).
Seja para a experimentação pessoal do designer, para a maior identificação do público, para a satisfação de estar produzindo algo mais do que apenas comercial ou para aumentar sua vida útil, proporcionar sinestesia é sempre um caminho interessante.
Referencias
- KAWASAKI, Yuji. Design Gráfico Sinestésico: A relação da visão com os demais sentidos na comunicação. 195 f. Dissertação (Mestrado) – Fau Usp, São Paulo, 2008.
- BURKE, Peter. Hibridismo cultural. São Leopoldo: Ed. UNISINOS, c2003. 119p.
- http://www.brainstorm9.com.br/4157/advertising/saxsofunny-toda-imagem- tem-um-som>
- http://havenpress.com/projects/roland-tiangco/
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