Da onde surgem as tendências
Muitas pessoas crêem que as tendências de moda surgem apenas porque um estilista egocêntrico quis que fosse assim, nem mesmo imaginam que haja um processo criativo e de pesquisa comportamental por trás disso tudo e é isso que iremos buscar entender.
Tendência, do latim tendentia, significa no sentido figurado ato de propensão; inclinação; disposição ou propósito. As tendências podem nascer de pessoas com alta capacidade de se expressar e diferenciar-se das outras, essas recebem o nome de trendsetters (lançadores de tendência) ou vanguardistas.
Segundo o cientista norte-americano Popcorn (1993), cada tendência é uma parte do todo, juntas elas definem o futuro e estudá-las é uma das formas de anteciparmos novas realidades. Elas apenas refletem os estados futuros dos consumidores e por isso podem começar pequenas, mas depois ganharem força.
Para interpretá-las se faz necessário o uso de analistas e ou pesquisadores, os chamados coolhunters, que monitoram o momento social econômico e político em que se situam os consumidores. Empresas consultoras de tendência buscam detectar o zeitgeist, o espírito do tempo, buscando definir para onde caminha o sentimento do consumidor contemporâneo. Esses profissionais que trabalham para os bureaus de estilo são responsáveis por esmiuçar o senso comum e a partir destes dados divulgarem o que chamamos de Macrotendências.
Além de analisar o comportamento coletivo, é importante estar sempre atento as necessidades de consumo dos indivíduos. Captar o contexto social em que vivemos é essencial para a escolha de elementos que irão compor uma coleção, afinal de contas, o comportamento adotado pelo indivíduo da época poderá dizer muito sobre as suas escolhas finais. Depois de a macrotendência ser definida é que as micros serão criadas, mas estas ramificações ficam a critério do artista que irá trabalhá-las, resultando em produtos de moda propriamente ditos.
Os Coolhunters surgiram no início dos anos 90, esses investigadores tornaram-se uma arma eficaz para entender os estímulos que movem os consumidores, não é para menos, tudo que esteja surgindo pode ser informação para esses profissionais.
No entanto, os consumidores podem ser divididos em 3 categorias: inovadores, disseminadores e influenciados. Estudiosos afirmam que é preciso observar os consumidores “gurus” para analisar em que velocidade os disseminadores estarão adotando esses produtos/serviços para apostar no futuro. Prever quais serão os produtos preferidos do público significa assegurar que não haja ruptura de stocks, ou seja, que as peças não irão simplesmente acabar ou que irá faltar matéria-prima para a produção. Assim a indústria da moda se arma para um produto “x” não ficar encalhado nas araras e causar um enorme prejuízo aos seus bolsos.
Contudo, dentro desse mecanismo a mídia também tem sua participação essencial, é ela que transforma aspirações em consumo. A existência dos veículos de comunicação possibilita que a disseminação de informação sobre essas tendências gere o que chamamos de “influência do gosto”, ou seja, a imprensa influencia no gosto do leitor. Mas, isso já faz parte de outra discussão.
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