GERAÇÃO X Y Z E SUAS HERANÇAS ESTÉTICAS NA MODA – PARTE IV
Don´t forget your sunglasses
Parece exagero dizer que os anos 90 foram o princípio da liberdade real moderna, mas por mais que na década de 70 muitos já tivessem experimentado esta sensação através dos hippies e sua filosofia do amor livre ou dos punks e sua anarquia, foi na década de 90 que o comportamento humano e a tecnologia se somaram e as pessoas puderam ter mais acesso à informação e conhecimento.
No Brasil o fantasma da Ditadura Militar ficara definitivamente no passado. O mundo experimentava a “globalização”, que embora alvo de muitos protestos mundo afora se tornava regra inevitável. O retorno dos 20 anos trazia de volta o olhar pra década de 70 e suas revoluções contraculturais.
A Banda Deee Lite embora tenha nascido ainda nos anos 80, teve seu primeiro sucesso emplacado nos anos 90 e Grooves in The Heart veia se tornar o hino de uma década e recriasse um dos marcos da época Disco, os Clubes.
Com o avanço das tecnologias a música passou a ter companhia constante de pick ups, mixers, baterias eletrônicas orquestradas pelo DJ. Estes novos Mestres de Cerimônias foram responsáveis pela difusão e mutação da música eletrônica em diversas vertentes, e fazer com que os Clubs virassem os templos da primeira grande tribo dos anos 90.
Clubbers
Assim chamados por serem mais facilmente encontrados nas casas noturnas difundiam o house, deep house, big beat, industrial e todas as mais diversas vertentes eletrônicas que eram resumidamente tratadas como “Techno”. Os clubbers foram a tribo mais avant garde da década.
Antenados em toda e qualquer inovação tecnológica, eram os primeiros a saber o que estava acontecendo no cenário global em termos culturais e comportamentais. O estilo era uma mistura de cyberpunk e neohippie, mas havia muita liberdade na criação dos figurinos.
Foi no meio dos Clubs que se cunhou também o termo GLS (para identificar gays, lésbicas e simpatizantes). O universo Clubber era tão segmentado que somente ao final da década de 90 uma publicação nacional de música lançou um artigo entitulado “Techno agora também é coisa de hetero”.
Também foi neste período no Brasil que surgiram os dois maiores movimentos de moda do país, o Phytoervas Fashion e Mercado Mundo Mix. Até então os desfiles de moda no país se restringiam a Alta Costura e aquilo que se consumia era ditado unicamente por marcas de fast fashion estrangeiras como Calvin Klein e Benetton.
Foi através de marcas a exemplo de A Mulher do Padre, Será o Benedito e Alexandre Herchcovitch (e vários outros deste período) que o Brasil passou a ter uma identidade de moda nacional/globalizada.
Mangue Beat
Nessa onda de globalização(sendo o Brasil de proporções continentais), movimentos internos no Brasil como o Mangue Beat do Recife, foram muito bem sucedidos durante os anos 90. Chico Science e Nação Zumbi, Otto, Mundo Livre S/A foram responsáveis não só por mesclar música brasileira, regional, com elementos eletrônicos e do rock, como por toda uma nova visão sobre o nosso país, tanto em termos musicais quanto em termos comportamentais e de moda. Conhecer sua própria identidade passou a ser fashion no Brasil dos anos 90.
Grunge
Tribo que teve sua origem juntamente com bandas de Seatlle como Nirvana e Pear Jam. O termo Grunge é uma corruptela que significa “sujo/relaxado”. O teor das letras geralmente tocavam nas dificuldades de compreensão dos adolescentes pelas suas famílias e a sociedade, e o repúdio a toda e qualquer atitude no sentido de uma adequação falsa à esta, daí o relaxo na estética o que se tornou uma regra entre os fãs do estilo.
Qualquer um que mantivesse os cabelos compridos e sujos, usasse largas camisas de flanela xadrez era automaticamente taxado como tal. Independente da questão relativa à falta de asseio, o Grunge se tornou uma das maiores expressões artísticas dos anos 90. Além das bandas já citadas, outras memoráveis como Alice in Chains, Soungarden e Stone Temple Pilots se tornaram referências mundias.
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