Luzes, Câmera, Animação I

Por Sandro Schmitz

Falar de cinema é sempre um prazer, a sétima arte é magnífica, visto que transforma nossas fantasias e mais insanos sonhos em imagens e sons e muita ação. E essa viagem cinematográfica costuma se iniciar ainda na mais tenra infância pelos meandros da animação, pelos mais diversos desenhos – pessoalmente não gosto muito do termo desenho animado -, especialmente com os clássicos contos de fada, contudo, esse artigo irá mostrar que animação não é apenas coisa de criança não ou, se é, então é de crianças grandes também.

Esse artigo visa fazer uma breve viagem pelo mundo da animação desde suas origens, revendo alguns dos momentos mais importantes desse gênero que tanto colaborou e colabora com o cinema. E, nada mais justo que iniciar com um camundongo que provocou uma das maiores confusões de datas da história do cinema, seu nome: Mickey Mouse. O mundo todo acredita ser o curta “Steamboat Willie”, de 1928, como sendo o primeiro de Mickey, mas essa é uma informação errônea, pois esse é, na realidade o primeiro curta de animação com som na história.

No entanto, a primeira aparição de Mickey é no desenho “Plane Crazy”, lançado no dia 15 de maio de 1928, e já nesse desenho aparecem também a Minnie e a Clarabela. Esse desenho, entretanto, é mudo e serve apenas para apresentar o personagem ao público. Para quem nunca o viu, pode conhecê-lo abaixo:

Na década de 50 irá surgir uma nova força em animação, a “United Productions of America”, que irá surgir com uma proposta diferenciada reagindo ao estilo gráfico naturalístico e sentimental da Disney a UPA irá adotar um estilo de arte moderna, mais econômica e livre em sua forma e concepção, assim sendo irá criar um personagem politicamente incorreto, mas muito interessante, o Mr. Magoo, cujo sucesso foi tão grande que mereceu uma versão em filme em 1997 estrelado por Leslie Nielsen. Para quem deseja relembrar o personagem abaixo um episódio dele:

Já a década de 60, um grande movimento que houve também na animação foi o de grandes bandas de rock realizarem seriados de animação, tais como os Beatles, com os “Beatles cartoons”, e, na de 70, os “The Jackson Five”. A seguir posto um episódios dos “Beatles Cartoons” seriado que existiu durante o período compreendido entre 1965 e 1969 e cada episódio era baseado em uma música da banda. Estou postando o primeiro episódio da série, exibido em 25 de setembro de 1965, e o nome era “Hard Days Night”:

Após a década de 60 irei fazer um salto de três décadas para chegarmos à PiXar, um dos maiores fenômenos empresariais dos últimos anos e diretamente ligado a genialidade de Steve Jobs. A

empresa começou como uma divisão da LucasFilm, onde colaborava na criação de efeitos visuais e era liderada por Dr. Edwin E. Catmull. Em 1986, a empresa foi comprada por Steve Jobs que via uma excelente oportunidade para desenvolver uma série de projetos e essa se estabeleceu como uma companhia independente tendo Catmull como Presidente e Jobs como CEO. Nesse período a empresa foi rebatizada para PixAr fundindo as palavras “pixel” e “art”.

Já nessa época, um dos seus maiores compradores era a Disney que comprava seus softwares de animação, e nesse período um de seus empregados, John Lasseter, para alavancar as vendas, produzia curtas de animação onde demonstrava a qualidades dos softwares. Ao perceber isso a Disney fechou um contrato com a PixAr onde seriam produzidos em parceria três longas animados, sendo que o primeiro foi lançado em 1995. Seu nome: “Toy Story”. Abaixo o trailer do filme.

Durante anos as companhias ficaram realizando diversas produções de forma conjunta, contudo, uma série de divergências contratuais em torno de vários pontos fez com que essa parceria tivesse fim, assim sendo, o filme “Carros” foi o último realizado em parceria pelas duas empresas. Em 2006, a Disney comprou a PixAr e Steve Jobs se tornou o maior acionista individual da Disney. Hoje ambas as empresas continuam produzindo uma série de animações de excelente qualidade e, apesar de integrar o conglomerado Disney, a PixAr teve preservada sua liberdade de criação e um orçamento com bastante liberdade de criação, razão pela qual ela produz uma enorme quantidade de curtas de animação que não são lançados em circuito comercial convencional. Um dos mais belos curtas de animação e que faz uma homenagem ao cinema mudo que vem sendo divulgado é o vídeo que encerra esse ensaio, o nome do vídeo é “Edna”, foi produzido pela PixAr em 2006 e nos traz o saudoso Carlitos, faz referências a diversos filmes do personagem, mas ainda traz referências a diversos outros filmes e personagens de Steven Spielberg e George Lucas em clara referência a sua própria origem. Com certeza, vale a pena assistir:

O mais interessante de se observar nesses curtas de animação é o mundo que eles reproduzem, tendo em vista que são de épocas diferentes, assim sendo é possível visualizarmos a arquitetura da época, o design dos curtas mostrando a ambientação específica de época ou do realismo-fantástico típicos da animação. Um forte elemento desses curtas de animação são os figurinos dos personagens que auxilia a localizar os personagens no tempo ou, se for o caso, no último postado, deslocar o personagem no tempo. Dessa forma, ligando o passado do cinema ao presente/futuro da animação encerro essa coluna de abertura de nossa viagem ao mundo da ficção.

Sandro Schmitz

Sandro Schmitz

Ator, Diretor e Produtor Executivo de Teatro no RS. Analista e Consultor Internacional. Sócio-Diretor da Dealers Negócios Internacionais.

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Falar de cinema é sempre um prazer, a sétima arte é magnífica, visto que transforma nossas fantasias e mais insanos sonhos em imagens e sons e muita ação. E essa viagem cinematográfica costuma se iniciar ainda na mais tenra infância pelos meandros da animação, pelos mais diversos desenhos – pessoalmente não gosto muito do termo desenho animado -, especialmente com os clássicos contos de fada, contudo, esse artigo irá mostrar que animação não é apenas coisa de criança não ou, se é, então é de crianças grandes também.

Esse artigo visa fazer uma breve viagem pelo mundo da animação desde suas origens, revendo alguns dos momentos mais importantes desse gênero que tanto colaborou e colabora com o cinema. E, nada mais justo que iniciar com um camundongo que provocou uma das maiores confusões de datas da história do cinema, seu nome: Mickey Mouse. O mundo todo acredita ser o curta “Steamboat Willie”, de 1928, como sendo o primeiro de Mickey, mas essa é uma informação errônea, pois esse é, na realidade o primeiro curta de animação com som na história.

No entanto, a primeira aparição de Mickey é no desenho “Plane Crazy”, lançado no dia 15 de maio de 1928, e já nesse desenho aparecem também a Minnie e a Clarabela. Esse desenho, entretanto, é mudo e serve apenas para apresentar o personagem ao público. Para quem nunca o viu, pode conhecê-lo abaixo:

Na década de 50 irá surgir uma nova força em animação, a “United Productions of America”, que irá surgir com uma proposta diferenciada reagindo ao estilo gráfico naturalístico e sentimental da Disney a UPA irá adotar um estilo de arte moderna, mais econômica e livre em sua forma e concepção, assim sendo irá criar um personagem politicamente incorreto, mas muito interessante, o Mr. Magoo, cujo sucesso foi tão grande que mereceu uma versão em filme em 1997 estrelado por Leslie Nielsen. Para quem deseja relembrar o personagem abaixo um episódio dele:

Já a década de 60, um grande movimento que houve também na animação foi o de grandes bandas de rock realizarem seriados de animação, tais como os Beatles, com os “Beatles cartoons”, e, na de 70, os “The Jackson Five”. A seguir posto um episódios dos “Beatles Cartoons” seriado que existiu durante o período compreendido entre 1965 e 1969 e cada episódio era baseado em uma música da banda. Estou postando o primeiro episódio da série, exibido em 25 de setembro de 1965, e o nome era “Hard Days Night”:

Após a década de 60 irei fazer um salto de três décadas para chegarmos à PiXar, um dos maiores fenômenos empresariais dos últimos anos e diretamente ligado a genialidade de Steve Jobs. A

empresa começou como uma divisão da LucasFilm, onde colaborava na criação de efeitos visuais e era liderada por Dr. Edwin E. Catmull. Em 1986, a empresa foi comprada por Steve Jobs que via uma excelente oportunidade para desenvolver uma série de projetos e essa se estabeleceu como uma companhia independente tendo Catmull como Presidente e Jobs como CEO. Nesse período a empresa foi rebatizada para PixAr fundindo as palavras “pixel” e “art”.

Já nessa época, um dos seus maiores compradores era a Disney que comprava seus softwares de animação, e nesse período um de seus empregados, John Lasseter, para alavancar as vendas, produzia curtas de animação onde demonstrava a qualidades dos softwares. Ao perceber isso a Disney fechou um contrato com a PixAr onde seriam produzidos em parceria três longas animados, sendo que o primeiro foi lançado em 1995. Seu nome: “Toy Story”. Abaixo o trailer do filme.

Durante anos as companhias ficaram realizando diversas produções de forma conjunta, contudo, uma série de divergências contratuais em torno de vários pontos fez com que essa parceria tivesse fim, assim sendo, o filme “Carros” foi o último realizado em parceria pelas duas empresas. Em 2006, a Disney comprou a PixAr e Steve Jobs se tornou o maior acionista individual da Disney. Hoje ambas as empresas continuam produzindo uma série de animações de excelente qualidade e, apesar de integrar o conglomerado Disney, a PixAr teve preservada sua liberdade de criação e um orçamento com bastante liberdade de criação, razão pela qual ela produz uma enorme quantidade de curtas de animação que não são lançados em circuito comercial convencional. Um dos mais belos curtas de animação e que faz uma homenagem ao cinema mudo que vem sendo divulgado é o vídeo que encerra esse ensaio, o nome do vídeo é “Edna”, foi produzido pela PixAr em 2006 e nos traz o saudoso Carlitos, faz referências a diversos filmes do personagem, mas ainda traz referências a diversos outros filmes e personagens de Steven Spielberg e George Lucas em clara referência a sua própria origem. Com certeza, vale a pena assistir:

O mais interessante de se observar nesses curtas de animação é o mundo que eles reproduzem, tendo em vista que são de épocas diferentes, assim sendo é possível visualizarmos a arquitetura da época, o design dos curtas mostrando a ambientação específica de época ou do realismo-fantástico típicos da animação. Um forte elemento desses curtas de animação são os figurinos dos personagens que auxilia a localizar os personagens no tempo ou, se for o caso, no último postado, deslocar o personagem no tempo. Dessa forma, ligando o passado do cinema ao presente/futuro da animação encerro essa coluna de abertura de nossa viagem ao mundo da ficção.

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Ator, Diretor e Produtor Executivo de Teatro no RS. Analista e Consultor Internacional. Sócio-Diretor da Dealers Negócios Internacionais.

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