A onda do saco plástico

Por Diego Silvério

Na última semana entrou em vigor a tão falada lei da sacola plástica em São Paulo. Na realidade não se trata de uma lei, mas sim  de um acordo entre a associação paulista de supermercados e o governo do estado.  Existem diversas alternativas para a famosa sacola plástica de polietileno de alta densidade (PEAD): biodegradáveis, retornáveis, de pano, de juta, recicladas… .E mesmo com tantas opções, a medida gerou uma discussão muito grande, desde a comercialização de outras sacolas para carregar as compras até a falta de sacolas para os lixos domésticos.

A questão que quero levantar não está exatamente na sacola plástica. É claro que os designers devem ficar atentos a esse movimento, já que na Europa esse hábito possui alguns anos de vida e molda uma série de fatores ligados ao consumo dos produtos. Pasmem, até Bangladesh aplicou medidas similares em 2002. No Brasil, além de São Paulo e ainda que tenha causado menos impacto de mídia, Belo Horizonte também entrou em vigor uma lei similar. Talvez demore um pouco, mas em breve teremos mais notícias sobre isso.

Diante dessas medidas visando diminuir o impacto do consumo no meio ambiente, a dúvida que surge é: o designer está preparado para isso? Em um projeto gráfico ou de produto, quais são as medidas tomadas para facilitar na hora de descartar e reciclar? Tomando esta medida como ponto de partida, o que os designers podem fazer para torná-la uma oportunidade de mercado?

Vamos tomar como parâmetro outra ação que caminhará na direção da redução de impacto ambiental. Está em análise, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei (lei 2551/11) que prevê redução no imposto de renda das pessoas que entregarem seus resíduos recicláveis em postos de coleta adequados.  Isto significa que as pessoas terão incentivos financeiros para a separação e adequada destinação do seu lixo reciclável. Olhando para os produtos atualmente, eles são ou serão preparados para isso? O consumidor consegue distinguir o que é reciclável ou não? Ou pior… o consumidor consegue identificar se o produto contém resíduos tóxicos?

Não entrarei no mérito das metodologias, ferramentas e normas para proporcionar e facilitar a reciclagem. Antes de colocar a mão na massa e utilizar os meios, o designer precisa criar consciência sobre o assunto. Garanto a você, leitor, que isso não está diretamente ligado às exigências do seu cliente, do seu chefe ou da empresa em que você trabalha. Antes de uma oportunidade de novos projetos ou negócios,  esta é uma questão de cidadania e princípios.

Fonte:
Revista Exame – Câmara analisa a redução no IR de quem reciclar (17/01/2012)
Folha On-line – Supermercados de SP param de fornecer sacola hoje (25/01/2012)

Imagem:
Jornal O Paraná / Vandré Dubiela

Diego Silvério

Diego Silvério

Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), vencedor de prêmios nacionais e internacionais e já desenvolveu projetos para a Intelbrás, Linde, Tigre, Nokia e HSBC. Hoje é designer da Whirlpool e se aventura dentro das áreas de negócios, estratégia e economia.

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A onda do saco plástico

Por Diego Silvério

Na última semana entrou em vigor a tão falada lei da sacola plástica em São Paulo. Na realidade não se trata de uma lei, mas sim  de um acordo entre a associação paulista de supermercados e o governo do estado.  Existem diversas alternativas para a famosa sacola plástica de polietileno de alta densidade (PEAD): biodegradáveis, retornáveis, de pano, de juta, recicladas… .E mesmo com tantas opções, a medida gerou uma discussão muito grande, desde a comercialização de outras sacolas para carregar as compras até a falta de sacolas para os lixos domésticos.

A questão que quero levantar não está exatamente na sacola plástica. É claro que os designers devem ficar atentos a esse movimento, já que na Europa esse hábito possui alguns anos de vida e molda uma série de fatores ligados ao consumo dos produtos. Pasmem, até Bangladesh aplicou medidas similares em 2002. No Brasil, além de São Paulo e ainda que tenha causado menos impacto de mídia, Belo Horizonte também entrou em vigor uma lei similar. Talvez demore um pouco, mas em breve teremos mais notícias sobre isso.

Diante dessas medidas visando diminuir o impacto do consumo no meio ambiente, a dúvida que surge é: o designer está preparado para isso? Em um projeto gráfico ou de produto, quais são as medidas tomadas para facilitar na hora de descartar e reciclar? Tomando esta medida como ponto de partida, o que os designers podem fazer para torná-la uma oportunidade de mercado?

Vamos tomar como parâmetro outra ação que caminhará na direção da redução de impacto ambiental. Está em análise, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei (lei 2551/11) que prevê redução no imposto de renda das pessoas que entregarem seus resíduos recicláveis em postos de coleta adequados.  Isto significa que as pessoas terão incentivos financeiros para a separação e adequada destinação do seu lixo reciclável. Olhando para os produtos atualmente, eles são ou serão preparados para isso? O consumidor consegue distinguir o que é reciclável ou não? Ou pior… o consumidor consegue identificar se o produto contém resíduos tóxicos?

Não entrarei no mérito das metodologias, ferramentas e normas para proporcionar e facilitar a reciclagem. Antes de colocar a mão na massa e utilizar os meios, o designer precisa criar consciência sobre o assunto. Garanto a você, leitor, que isso não está diretamente ligado às exigências do seu cliente, do seu chefe ou da empresa em que você trabalha. Antes de uma oportunidade de novos projetos ou negócios,  esta é uma questão de cidadania e princípios.

Fonte:
Revista Exame – Câmara analisa a redução no IR de quem reciclar (17/01/2012)
Folha On-line – Supermercados de SP param de fornecer sacola hoje (25/01/2012)

Imagem:
Jornal O Paraná / Vandré Dubiela

Diego Silvério

Diego Silvério

Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), vencedor de prêmios nacionais e internacionais e já desenvolveu projetos para a Intelbrás, Linde, Tigre, Nokia e HSBC. Hoje é designer da Whirlpool e se aventura dentro das áreas de negócios, estratégia e economia.

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