Prototipagem

Prototipar, sim ou com certeza?

Por Diego Silvério

Não sou uma boa referência sobre a construção de protótipos. Nunca fui engajado na faculdade para fazer mock-ups, passar massa plástica, fazer pintura ou qualquer outra atividade manual afim. Sempre que havia a necessidade, apelava para um jeito mais rápido de realizar essa tarefa obrigatória, delegava para outras pessoas ou simplesmente pulava essa etapa. Acreditei, até certo ponto, que a tecnologia poderia suprir isso. Mas não estou falando das impressoras 3D, que somente há pouco tempo se tornaram mais acessíveis, mas sim dos modelos virtuais hiper-realistas. Hoje vejo que eu estava errado.

 

Como todo erro, sempre há tempo para corrigir de alguma forma.

Agora começo a entender na prática qual a real necessidade de fazer um protótipo físico, realista ou não, para os projetos de produto. Ao prototipar, é possível ver se os riscos que você mapeou  na fase inicial do projeto foram resolvidos e se os requisitos se concretizaram no seu produto. É possível também antecipar potenciais problemas de uso ou de produção, experimentar modificações e melhorias no produto e coletar informações e impressões dos consumidores sobre a estética e o real uso do produto. O termo produto pode ser substituído por qualquer entrega final que o projeto tenha como fim, seja um serviço, uma interface, um software ou um produto físico. Os benefícios são enormes, mas as resistências também. Os custos de um protótipo aumentam de forma drástica de acordo com a complexidade dele, e esse é um dos argumentos que mais ouço na hora de decidir ou não pela prototipagem. Em momentos críticos dos projetos, é compreensível a hesitação sobre essa decisão, porém os benefícios são grandes e os resultados podem ser surpreendentes.

 

Sabendo da importância e dos benefícios, surge a dúvida: qual é o momento ideal para prototipar?

O tempo todo. Claro que é o ideal, porém inviável. Tomando o PMBok como referência, podemos identificar alguns momentos cruciais para investir tempo e dinheiro na prototipagem. O PMBok divide o projeto em cinco fases: 1) iniciação; 2) planejamento; 3) execução; 4) controle; e 5) encerramento. As fases de planejamento e execução exigem uma análise mais profunda do produto que estamos projetando e produzindo. A fase de planejamento é caracterizada pelo detalhamento minucioso do projeto, e neste momento surgem oportunidades e idéias do que pode ser feito, porém nem tudo pode funcionar ou se encaixar no projeto, e é nesse momento que a prototipagem se encaixa. Talvez uma forma mais simples, porém importante para testar idéias e incluí-las no seu planejamento. Existe ainda um momento de transição entre as duas fases, planejamento e execução, em que a prototipagem se mostra na sua melhor forma. É nesse momento em que é possível agregar as ideias e, dependendo do projeto, ver uma solução um pouco mais concreta e antecipada do seu produto. No caso da fase de execução, a prototipagem se torna mais cara e complexa, porém muito importante para visualizar de forma mais completa o desenvolvimento do produto. É possível prototipar nas outras fases do projeto, sendo que cada uma exige um nível diferente de protótipo e entregará resultados diferentes.

Excelente forma de visualização estética do produto

Excelente forma de visualização estética do produto.Fonte: HowStuffWorks

É importante ressaltar que, quanto mais o projeto avança, maior a complexidade e o custo do protótipo e menor a margem de manobra caso seja identificado alguma necessidade de correção no projeto. Isso não diminui a importância do protótipo no fim da fase de  desenvolvimento, porém se a prototipagem ocorrer somente nesse momento, poderá surgir uma série de problemas que poderiam ser evitados em uma análise anterior. Independente da técnica ou da tecnologia, o importante é prototipar para identificar oportunidades e evitar problemas posteriores.

[Imagem destaque] Fonte: http://neverhadyourcar.com/post/9628602495/making-of-the-ford-evos-concept-a-journey-in

Diego Silvério

Diego Silvério

Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), vencedor de prêmios nacionais e internacionais e já desenvolveu projetos para a Intelbrás, Linde, Tigre, Nokia e HSBC. Hoje é designer da Whirlpool e se aventura dentro das áreas de negócios, estratégia e economia.

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Prototipar, sim ou com certeza?

Por Diego Silvério

Não sou uma boa referência sobre a construção de protótipos. Nunca fui engajado na faculdade para fazer mock-ups, passar massa plástica, fazer pintura ou qualquer outra atividade manual afim. Sempre que havia a necessidade, apelava para um jeito mais rápido de realizar essa tarefa obrigatória, delegava para outras pessoas ou simplesmente pulava essa etapa. Acreditei, até certo ponto, que a tecnologia poderia suprir isso. Mas não estou falando das impressoras 3D, que somente há pouco tempo se tornaram mais acessíveis, mas sim dos modelos virtuais hiper-realistas. Hoje vejo que eu estava errado.

 

Como todo erro, sempre há tempo para corrigir de alguma forma.

Agora começo a entender na prática qual a real necessidade de fazer um protótipo físico, realista ou não, para os projetos de produto. Ao prototipar, é possível ver se os riscos que você mapeou  na fase inicial do projeto foram resolvidos e se os requisitos se concretizaram no seu produto. É possível também antecipar potenciais problemas de uso ou de produção, experimentar modificações e melhorias no produto e coletar informações e impressões dos consumidores sobre a estética e o real uso do produto. O termo produto pode ser substituído por qualquer entrega final que o projeto tenha como fim, seja um serviço, uma interface, um software ou um produto físico. Os benefícios são enormes, mas as resistências também. Os custos de um protótipo aumentam de forma drástica de acordo com a complexidade dele, e esse é um dos argumentos que mais ouço na hora de decidir ou não pela prototipagem. Em momentos críticos dos projetos, é compreensível a hesitação sobre essa decisão, porém os benefícios são grandes e os resultados podem ser surpreendentes.

 

Sabendo da importância e dos benefícios, surge a dúvida: qual é o momento ideal para prototipar?

O tempo todo. Claro que é o ideal, porém inviável. Tomando o PMBok como referência, podemos identificar alguns momentos cruciais para investir tempo e dinheiro na prototipagem. O PMBok divide o projeto em cinco fases: 1) iniciação; 2) planejamento; 3) execução; 4) controle; e 5) encerramento. As fases de planejamento e execução exigem uma análise mais profunda do produto que estamos projetando e produzindo. A fase de planejamento é caracterizada pelo detalhamento minucioso do projeto, e neste momento surgem oportunidades e idéias do que pode ser feito, porém nem tudo pode funcionar ou se encaixar no projeto, e é nesse momento que a prototipagem se encaixa. Talvez uma forma mais simples, porém importante para testar idéias e incluí-las no seu planejamento. Existe ainda um momento de transição entre as duas fases, planejamento e execução, em que a prototipagem se mostra na sua melhor forma. É nesse momento em que é possível agregar as ideias e, dependendo do projeto, ver uma solução um pouco mais concreta e antecipada do seu produto. No caso da fase de execução, a prototipagem se torna mais cara e complexa, porém muito importante para visualizar de forma mais completa o desenvolvimento do produto. É possível prototipar nas outras fases do projeto, sendo que cada uma exige um nível diferente de protótipo e entregará resultados diferentes.

Excelente forma de visualização estética do produto

Excelente forma de visualização estética do produto.Fonte: HowStuffWorks

É importante ressaltar que, quanto mais o projeto avança, maior a complexidade e o custo do protótipo e menor a margem de manobra caso seja identificado alguma necessidade de correção no projeto. Isso não diminui a importância do protótipo no fim da fase de  desenvolvimento, porém se a prototipagem ocorrer somente nesse momento, poderá surgir uma série de problemas que poderiam ser evitados em uma análise anterior. Independente da técnica ou da tecnologia, o importante é prototipar para identificar oportunidades e evitar problemas posteriores.

[Imagem destaque] Fonte: http://neverhadyourcar.com/post/9628602495/making-of-the-ford-evos-concept-a-journey-in

Diego Silvério

Diego Silvério

Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), vencedor de prêmios nacionais e internacionais e já desenvolveu projetos para a Intelbrás, Linde, Tigre, Nokia e HSBC. Hoje é designer da Whirlpool e se aventura dentro das áreas de negócios, estratégia e economia.

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