A produção do Design Autoral

Por Hugo Sigaud

Case coleção Privilège, de Hugo Sigaud

O processo de produção de uma peça é ponto de fundamental importância no design de produtos. E não importa se esse desenho será executado ‘a mano’, artesanalmente e em pequenas quantidades, ou em séries grandes, por meio de máquinas. O Design Autoral, aquele onde o designer atua como autor presente, e não como figura omitida e impessoal, quebra constantemente todas as barreiras que a atividade estabelecia com as Artes Plásticas. A mensagem, a crítica e a expressão como um todo que esses designs carregam é o que os tornam tão autênticos, icônicos e representativos de uma época.

O case que será apresentado aqui para ilustrar essa problemática é a coleção Privilège, criada em 2012, composta de banco e cadeira, com inspiração nos improvisados ‘banquinhos de obra’, encontrados justamente nos canteiros de obra da construção civil. A força do desenho e a sua simplicidade característica, lembrando até mesmo as bandeirinhas de Volpi, é o que chama atenção e trás a reflexão. E é esse improviso, fazendo uso de materiais e técnicas vernaculares, que me fez ter a vontade de inverter papéis e reinterpretar o objeto.

Na coleção, a busca por encaixes simples, sem que cola ou pregos fossem necessários, foi a principal dificuldade construtiva. Os cortes devem ser precisos e o material rígido e bem acabado. Então, a solução encontrada para a execução final foi o corte CNC, assistido por computador, e o acabamento manual, em um processo de produção híbrido.

Os protótipos apresentados nas fotos são fundamentais para entender a ergonomia e a proporção final dos objetos, mesmo que ainda  não se faça necessário o acabamento final e nem o processo produtivo de quando estiver tudo pronto. Quando essas questões estão totalmente alinhadas, uma peça piloto deve ser feita, agora com os recursos de produção finais e com acabamentos perfeitos para se ter a sensação de um produto finalizado. Esse piloto é um produto final, porém executado em uma só unidade, para checar se está tudo nos conformes. Foram executados mais de dez protótipos para que essa coleção tomasse sua forma final. Alguns foram para testes ergonômicos, outros de encaixes e outros de resistência do material e do processo de produção.

Quando desenhamos algo à mão, ou até mesmo passamos para softwares tridimensionais, temos muitas conclusões sobre o produto final. Mas apenas quando o trazemos para a realidade é que temos um trabalho realmente finalizado. É por isso que a importância de conhecer diversos processos de produção, quando se lida com clientes ou até mesmo se produz para si mesmo, é tão fundamental. E esse know-how, por incrível que pareça, ajudará no processo criativo, dirigindo soluções para ideias exequíveis, e não somente utópicas.

A coleção foi adotada pela Collectania, importante loja de design de São Paulo, e estará em exposição em breve.

Hugo Sigaud

Hugo Sigaud

Hugo Sigaud ainda estuda Arquitetura e Urbanismo no Centro Univeritário Belas Artes de São Paulo, escreve periodicamente para a revista Kaza e começa a desenhar para importantes marcas. www.hugosigaud.com.br

Conteúdo relacionado

Comentários

Os comentários estão encerrados.

A produção do Design Autoral

Por Hugo Sigaud

Case coleção Privilège, de Hugo Sigaud

O processo de produção de uma peça é ponto de fundamental importância no design de produtos. E não importa se esse desenho será executado ‘a mano’, artesanalmente e em pequenas quantidades, ou em séries grandes, por meio de máquinas. O Design Autoral, aquele onde o designer atua como autor presente, e não como figura omitida e impessoal, quebra constantemente todas as barreiras que a atividade estabelecia com as Artes Plásticas. A mensagem, a crítica e a expressão como um todo que esses designs carregam é o que os tornam tão autênticos, icônicos e representativos de uma época.

O case que será apresentado aqui para ilustrar essa problemática é a coleção Privilège, criada em 2012, composta de banco e cadeira, com inspiração nos improvisados ‘banquinhos de obra’, encontrados justamente nos canteiros de obra da construção civil. A força do desenho e a sua simplicidade característica, lembrando até mesmo as bandeirinhas de Volpi, é o que chama atenção e trás a reflexão. E é esse improviso, fazendo uso de materiais e técnicas vernaculares, que me fez ter a vontade de inverter papéis e reinterpretar o objeto.

Na coleção, a busca por encaixes simples, sem que cola ou pregos fossem necessários, foi a principal dificuldade construtiva. Os cortes devem ser precisos e o material rígido e bem acabado. Então, a solução encontrada para a execução final foi o corte CNC, assistido por computador, e o acabamento manual, em um processo de produção híbrido.

Os protótipos apresentados nas fotos são fundamentais para entender a ergonomia e a proporção final dos objetos, mesmo que ainda  não se faça necessário o acabamento final e nem o processo produtivo de quando estiver tudo pronto. Quando essas questões estão totalmente alinhadas, uma peça piloto deve ser feita, agora com os recursos de produção finais e com acabamentos perfeitos para se ter a sensação de um produto finalizado. Esse piloto é um produto final, porém executado em uma só unidade, para checar se está tudo nos conformes. Foram executados mais de dez protótipos para que essa coleção tomasse sua forma final. Alguns foram para testes ergonômicos, outros de encaixes e outros de resistência do material e do processo de produção.

Quando desenhamos algo à mão, ou até mesmo passamos para softwares tridimensionais, temos muitas conclusões sobre o produto final. Mas apenas quando o trazemos para a realidade é que temos um trabalho realmente finalizado. É por isso que a importância de conhecer diversos processos de produção, quando se lida com clientes ou até mesmo se produz para si mesmo, é tão fundamental. E esse know-how, por incrível que pareça, ajudará no processo criativo, dirigindo soluções para ideias exequíveis, e não somente utópicas.

A coleção foi adotada pela Collectania, importante loja de design de São Paulo, e estará em exposição em breve.

Hugo Sigaud

Hugo Sigaud

Hugo Sigaud ainda estuda Arquitetura e Urbanismo no Centro Univeritário Belas Artes de São Paulo, escreve periodicamente para a revista Kaza e começa a desenhar para importantes marcas. www.hugosigaud.com.br

Conteúdo relacionado

Comentários

Os comentários estão encerrados.