Estamparia: Rapport, Módulo e Grid

Por Bruna Bonifacio

Design de Superfície pode ser entendido como a “ocupação da superfície de objetos da vida cotidiana como suporte para expressões com significados, além de seu desempenho funcional”. (Ruthschilling, Evelise)

Se qualquer superfície pode receber um projeto de design, para a sua realização é necessária a compreensão das etapas desse projeto. Compor uma padronagem a partir da repetição de uma imagem é um processo baseado em conceitos como Rapport, Módulo e Grid.

Rapport

É um termo francês (em inglês conhecido como repeat, e em português, “repetição”) usado para denominar um desenho em repetição, uma representação formada a partir de módulos.
Os elementos visuais e/ou táteis do Design de Superfície compõem uma representação visual visando garantir a unidade, a continuidade, o preenchimento e o ritmo da superfície. Esses elementos propagam o módulo.

Superfície de vidro, produzida por Edgewater

Módulo 

É a menor área que contém todos aqueles elementos visuais que fazem parte da imagem, ele é a unidade da padronagem.

A padronagem é formada a partir da composição e organização dos elementos presentes no módulo em si e do rapport desse módulo (maneira como os módulos conversam ou divergem entre si quando repetidos).

Módulos Visíveis e Repetição Explícita

Módulos Visíveis, em stopitrightnow

Bons designers de superfície afirmam que a representação gráfica mais recomendada é a formada por 9 módulos, dessa forma, o módulo inicial fica no centro e é cercado no comprimento e na largura de modo contínuo por outros 8 módulos.

Módulo, por Evelise Ruthschilling

Sistemas de Repetição, por Evelise Ruthschilling

Existem infinitas maneiras de repetição do módulo. Seu encaixe pode se dar a partir de um eixo, pode haver rotação ou reflexão, tudo isso sem mudar a sua origem. Mudando a origem do módulo, há casos de deslocamento de 50% no eixo (half-drop), além de serem possíveis todas as opções já citadas (translação, rotação e reflexão). Há também a possibilidade de combinação de 2 módulos em posições diferentes criando um módulo mais complexo, e a sua repetição nas mais diversas direções. Além desses exemplos citados de encaixe, existe a possibilidade de uma padronagem ser constituída por módulos que não se encaixem.

Padronagem da Pavão Revestimentos, Translação a partir de um eixo

Half Drop, de Gina and Matt

Athos Bulcão, Estampa Sem Encaixe

A escolha do designer por um ou outro sistema de repetição do módulo imprime o seu conhecimento sobre superfície e sua intenção com aquele padrão. Ao variar a escolha da repetição, o efeito ótico, sensorial e simbólico do padrão se altera por inteiro.

Grid

Ao criar um sistema de repetição para o seu módulo, o designer de superfície utiliza um recurso conhecido do designer gráfico, o grid. É a partir da estrutura garantida pelo grid, que se torna possível criar alternativas e visualizar as relações figura e fundo, testar os novos sentidos e ritmos.

Um dos parâmetros para o sucesso de uma estampa corrida (criada para superfícies como tecidos a metro e papéis de parede) é a compreensão da imagem como sendo contínua e o consequente desaparecimento do seu módulo.

A harmonia nos encaixes dos módulos de maneira sequencial e sem interrupção ou quebras, propaga o ritmo e dá o efeito de superfície contínua.

Estampa com difícil reconhecimento de módulo, de plentyofcolour

Leaves Gold, papel de parede da Hyge & West

Para quem quer saber mais sobre o tema, e conseguir compreender o modo de execução/criação dos sistemas de rapport, o livro Digital Textile Design, de Melanie Bowles e Ceri Isaac, é uma ótima opção.

Nele encontram-se informações sobre estamparia digital atual, sobre materiais e processos de produção de estamparia no geral, além de tutoriais de criação de padrões de maneira simples, a partir de softwares como Illustrator e Photoshop.

Referências:

Bruna Bonifacio

Bruna Bonifacio

Sou Paulista, estou Curitibana. Formada em Design pela UTFPR. Completamente apaixonada por Design de Superfície (de todo tipo). Pesquiso estamparia, texturas, arte contemporânea, arte urbana e afins, sob o ponto de vista do Design de Superfície.

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Design de Superfície pode ser entendido como a “ocupação da superfície de objetos da vida cotidiana como suporte para expressões com significados, além de seu desempenho funcional”. (Ruthschilling, Evelise)

Se qualquer superfície pode receber um projeto de design, para a sua realização é necessária a compreensão das etapas desse projeto. Compor uma padronagem a partir da repetição de uma imagem é um processo baseado em conceitos como Rapport, Módulo e Grid.

Rapport

É um termo francês (em inglês conhecido como repeat, e em português, “repetição”) usado para denominar um desenho em repetição, uma representação formada a partir de módulos.
Os elementos visuais e/ou táteis do Design de Superfície compõem uma representação visual visando garantir a unidade, a continuidade, o preenchimento e o ritmo da superfície. Esses elementos propagam o módulo.

Superfície de vidro, produzida por Edgewater

Módulo 

É a menor área que contém todos aqueles elementos visuais que fazem parte da imagem, ele é a unidade da padronagem.

A padronagem é formada a partir da composição e organização dos elementos presentes no módulo em si e do rapport desse módulo (maneira como os módulos conversam ou divergem entre si quando repetidos).

Módulos Visíveis e Repetição Explícita

Módulos Visíveis, em stopitrightnow

Bons designers de superfície afirmam que a representação gráfica mais recomendada é a formada por 9 módulos, dessa forma, o módulo inicial fica no centro e é cercado no comprimento e na largura de modo contínuo por outros 8 módulos.

Módulo, por Evelise Ruthschilling

Sistemas de Repetição, por Evelise Ruthschilling

Existem infinitas maneiras de repetição do módulo. Seu encaixe pode se dar a partir de um eixo, pode haver rotação ou reflexão, tudo isso sem mudar a sua origem. Mudando a origem do módulo, há casos de deslocamento de 50% no eixo (half-drop), além de serem possíveis todas as opções já citadas (translação, rotação e reflexão). Há também a possibilidade de combinação de 2 módulos em posições diferentes criando um módulo mais complexo, e a sua repetição nas mais diversas direções. Além desses exemplos citados de encaixe, existe a possibilidade de uma padronagem ser constituída por módulos que não se encaixem.

Padronagem da Pavão Revestimentos, Translação a partir de um eixo

Half Drop, de Gina and Matt

Athos Bulcão, Estampa Sem Encaixe

A escolha do designer por um ou outro sistema de repetição do módulo imprime o seu conhecimento sobre superfície e sua intenção com aquele padrão. Ao variar a escolha da repetição, o efeito ótico, sensorial e simbólico do padrão se altera por inteiro.

Grid

Ao criar um sistema de repetição para o seu módulo, o designer de superfície utiliza um recurso conhecido do designer gráfico, o grid. É a partir da estrutura garantida pelo grid, que se torna possível criar alternativas e visualizar as relações figura e fundo, testar os novos sentidos e ritmos.

Um dos parâmetros para o sucesso de uma estampa corrida (criada para superfícies como tecidos a metro e papéis de parede) é a compreensão da imagem como sendo contínua e o consequente desaparecimento do seu módulo.

A harmonia nos encaixes dos módulos de maneira sequencial e sem interrupção ou quebras, propaga o ritmo e dá o efeito de superfície contínua.

Estampa com difícil reconhecimento de módulo, de plentyofcolour

Leaves Gold, papel de parede da Hyge & West

Para quem quer saber mais sobre o tema, e conseguir compreender o modo de execução/criação dos sistemas de rapport, o livro Digital Textile Design, de Melanie Bowles e Ceri Isaac, é uma ótima opção.

Nele encontram-se informações sobre estamparia digital atual, sobre materiais e processos de produção de estamparia no geral, além de tutoriais de criação de padrões de maneira simples, a partir de softwares como Illustrator e Photoshop.

Referências:

Bruna Bonifacio

Bruna Bonifacio

Sou Paulista, estou Curitibana. Formada em Design pela UTFPR. Completamente apaixonada por Design de Superfície (de todo tipo). Pesquiso estamparia, texturas, arte contemporânea, arte urbana e afins, sob o ponto de vista do Design de Superfície.

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