Geração X, Y, Z, Millennials e o que mais virá…
Sobre outra ótica do que significam estes perfis…
Muita gente já está cansada de ouvir falar em Geração Y, Geração Z, em jovens inovadores e sobre suas diferenças com relação a pessoas de uma geração anterior. Ficamos pensando que, talvez, os jovens de agora sejam melhores que de outros tempos, que são mais rápidos e mais eficazes e não atentamos para um fator muito simples que envolve todas estas gerações, as novas e as anteriores: o tempo.
Não digo só do tempo enquanto metáfora cronológica, falo do tempo relacionado aos fatores culturais vigentes num dado momento histórico, falo do tempo enquanto tecnologia disponível, velocidade de comunicação e nível de confiança.
Após a Segunda Guerra, a geração que se seguiu chamada de Baby Boomers nasceu num período de grande desenvolvimento tecnológico industrial (1945-1964). O fantasma da Segunda Guerra criava uma necessidade de consumo para aplacar o medo, visível em toda comunicação americana e européia. Quem nasceu neste período aprendeu que consumir era o mais importante. Nascer, consumir, crescer, consumindo, trabalhar, consumir…
Todos queriam poder ter, fosse um carro, um refrigerador bacana, um liquidificador maior. A busca por melhores condições de vida extrapolaram o bem estar oferecidos por bens materiais.
Foi no período do Baby Boom que também ocorreram grandes conquistas sociais. A luta pelos direitos civis criou bases profundas em toda a sociedade americana. Os Baby Boomers nasciam em plena luta por direitos iguais entre brancos e negros e convivendo com a diversidade.
A chamada Geração X, (1964-1977) cresceu num mundo em busca pela estabilidade da igualdade, obviamente que no Brasil as questões relacionadas ao racismo também caminhavam com dificuldade na sociedade, mas o certo é que a Geração X já nascia menos racista.
Aretha Franklin
Em 1969 ocorria o confronto conhecido como a Revolta de Stonewall.
Gays, lésbicas e transgêneros entraram em confronto com a polícia no bar Stonewall em Nova Iorque ao se manifestarem contra a violência policial. A sociedade americana estava no auge do desenvolvimento tecnológico, o futurismo ditava todas as tendências do design, o homem pisava na Lua. Era um período de euforia futurística.
Na contramão deste movimento, muitos “X’ buscavam frear o desenvolvimento tecnológico, o consumismo e seus efeitos sobre a sociedade. Os hippies eram a reforma da geração anterior, odiavam as guerras, pregavam o amor e a liberdade sexual. Nasciam as pílulas anticoncepcionais e o consumo massivo de LSD.
Hair
A Geração Y (1977-1990), cresceu na turbulência econômica e política dos anos 80.
O grande crescimento de diversos modelos empresariais haviam criados os Yuppies, o conceito de Homem de Negócios reformulava o estilo de vida dos Boomers e enquanto os pais procuravam crescimento constante na vida profissional e a adequação a modelos sociais, os jovens descobriam a internet, os jogos eletrônicos e as tecnologias digitais.
Havia uma busca pelos limites da computação e da Internet. Escolas possuíam laboratórios de informática e os cursos de Processamento de Dados eram os mais procurados. Surgiam os clubbers, as celebridades da música eletrônica e os hackers.
Estreitam-se os limites entre as pessoas e os meios de comunicação. Diminuem-se os preconceitos proporcionalmente ao aumento do acesso ao conhecimento. A informação chega a lugares extremos, do globo e dos guetos. Globalização. A sigla GLS.
Hackers Piratas de Computador 1995
Nascidos imersos em tecnologia, babás eletrônicas, banda larga, smartphones, games em 3D, realidade aumentada, os Millennials, têm a vantagem de terem nascido num mundo onde a Informação é “Just in time”. A privacidade é quase inexistente e quem ainda a mantêm como um bem muito precioso é digno de desconfiança. A Geração atual ainda ensaia os modelos do que ainda deseja pro futuro dos seus filhos. A crise mundial de 2008 mostrou que o modelo econômico dos anos 80, ainda em vigência, já dá adeus ao sucesso individual. O momento é de compartilhamento. O home office ou o coworking. Não mais o consumir, mas o fruir, preferencialmente se possível de maneira coletiva, compro pra mim e para os outros, e o que eu uso é pra mostrar pra todo mundo. É igualitário, social e ponto.
Mas também pode ser fútil, fugaz, obsoleto. A ânsia pela novidade ou pela inovação atropela a necessidade de absorver conhecimento. A inovação de processos elimina modelos antes mesmo de adquirirem maturidade. Perdem-se as referências. O capital humano perde valor, e o jovem tem prazo de validade para ser considerado produtivo.
Cada nova geração identifica os problemas da geração anterior sob a ótica que a estrutura sobre a qual cresceu lhe possibilita. Estrutura esta, construída pela geração anterior.
Como dizia Krisnamurti, todos nós somos unicamente uma construção de memórias. Sem elas não teríamos referência para absolutamente nada. É preciso conhecer o passado para construir um futuro melhor.
Cada geração destas, seja X, Y, ou Z só é superior, de um ponto de vista tecnológico, de sua geração anterior. Mas culturalmente falando é tão deficiente quanto esta se ignorar as bases sobre a qual foi construída, negar sua importância e o conhecimento advindo dela.
Lembra da chamada “voz da experiência”?
Independente de qual seja sua geração, independente de qual seu gênero sexual, independente de sua classe social, independente de seu grau acadêmico, um dia você falará sobre algo que considere revolucionário, e perceberá que sua voz mudou, e ficará feliz por isto.
*No próximo texto abordarei os questionamentos impressos através da moda em cada uma das principais gerações desde os anos 70.
Hippie à Hipster
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