Um cerne lo-fi
O nu é lindo em qualquer meio artístico. Brutal, escandaloso ou sutil, não importa – é bonito e delicado de qualquer maneira pois mostra uma faceta não revelada facilmente. Quando se fala em fotografia o negócio parte pra outra vertente: é mais escancarado mesmo, porque é feita pra seduzir sexualmente e não pra mostrar uma imponência e referencial de beleza com suas proporções maravilhosas como o Davi de Michelangelo, por exemplo.
O viés delicado do nu na fotografia é mais do que bonito, é realmente inspirador. Um deleite. Principalmente quando o nu em questão não é o estar pelada por estar pelada, pra mostrar seu corpo e dizer pro mundo como ele é bonito, mas mais um você sendo você mesmo, se entregando. O nu no caso não seria intencional, mas uma coisa bem natural. Não é a nudez que é escancarada, mas a pessoa, o seu cerne. Um nu não que te chama pro corpo, no intuito de desejá-lo, mas de simplesmente admirá-lo. É, aí sim bate um pouco com a nudez do Davi.
Tamara Lichtenstein faz isso: tira qualquer tipo de pudor que pode estar presente em quem vê suas fotografias, e mostra o nu como o estado mais puro da sensibilidade humana. Não são modelos da Victoria Secret que fazem parte das suas fotografias, mas meninas normais, bonitas como qualquer outra e de uma maneira totalmente lo-fi. Ah, e ela é uma daquelas pessoas que você tem raiva por ter mais ou menos a sua idade e ser infinitamente melhor que você. Ela tem vinte e quatro anos.
Não são apenas meninas peladas, mas um retrato extremamente cru e sensível de quem elas são.
Por um mundo com mais pessoas com um olhar como o de Tamara.
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