Universos fantásticos: Olaf Hajek

Por Isabela Fuchs

Olaf Hajek é um artista alemão que constrói um mundo místico e cheio de colagens interessantes com composições curiosas. Alguns humanos meio humanos e alguns outros no ambiente mitológico e psicodélico da natureza. Essa mescla de ser humano com a botânica e a vida presente da natureza, com toda a sua energia, poderia ser uma coisa meio Alex Grey, meio obviamente transcedental (NÃO TÔ FALANDO MAL DE ARTE VISIONÁRIA!) mas não. Uma colagem dentro de uma colagem: Olaf Hajek coletou algumas referências visuais muito legais que compuseram uma humanidade curiosa. Boticceli é uma referência evidente com seus personagens com uma carinha de Primavera, cartazes cubanos, surrealismo, bem como uns ares meio folk. A natureza que eu digo que Olaf Hazek lida, não é a natureza de Carlos Castaneda, de ayahuasca e de enteógenos. É uma natureza sigela, delicada e simples. Sem mistérios; trata da beleza de uma flor morta, de um passarinho bonito, dos figos… Uma coisa mais Thoreau.

A arte botânica em si é, de fato, maravilhosa, mas só porque a natureza é maravilhosa! E a natureza por sua essência, em suas sensações e leveza é renovadora. Não acho que Olaf Hajek seja um dos artistas que levantam enormes debates e que contem e recontem histórias em suas obras. Em um sentido restritamente estético é uma arte até que profunda em termos de composição e cor. É algo que você pendura em casa, mas não conversa sobre. No máximo fala “pô, bem legal o cara”, mas nada além disso. Ele é um ilustrador cool e só, um cara que o Fleet Foxes colocaria na capa do cd. Mas cada macaco em sua árvore.

É uma arte meio estamparia sim, e é comercial sim, estampando diversos produtos, revistas e campanhas. É uma arte aplicável, paupável, mas acho muito forte falar que é sem significado porque de fato, tem. No sentido estético, claro –  mas reduzir a estética ao fútil é subestimar o poder da complexidade de um mundo visível e sensorial.