Henrique Oliveira
O post de hoje é sobre um passeio que eu fiz (tardiamente, mas fiz!) semana passada à nova sede do MAC (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo). Em 2013, no seu aniversário de 50 anos, o Museu se mudou para o antigo prédio do Detran (ícone da arquitetura moderna), um complexo arquitetônico concebido nos anos 50 por Oscar Niemeyer. Ele fica ao lado do Parque Ibirapuera e a travessia pode ser feita por uma passarela, entrada e estacionamento são gratuitos.
O Museu é enorme, possui 8 andares, além do Mezanino e um prédio anexo. Seu acervo é formado por obras de artistas importantes como Picasso, Tarsila do Amaral, Modigliani, Calder, Kandinsky, Volpi, artistas italianos do período entre guerras. No oitavo andar, os visitantes tem acesso ao terraço do prédio e a uma linda visão da cidade de São Paulo.
No prédio anexo, tive a sorte de conhecer uma obra de um artista brasileiro incrível, Henrique Oliveira. Artista plástico, pintor, escultor, trabalha com instalações e intervenções que mesclam arquitetura e escultura.
No MAC é possível visitar a obra Transarquitetônica, pensada especialmente para a sala na qual se encontra, a obra serpentea em torno das colunas da arquitetura do local. Em um dos extremos, uma construção similar a que vemos em museus, galerias e até em residências contemporâneas (um cubo branco, um espaço clean) e no outro temos a natureza (floresta artificial formada por madeira e galhos), passando por construções de alvenaria, taipa, e tapumes.
Visitar sua obra é uma experiência totalmente sensorial. Quando chegamos na sala, ouvimos sons, que pareciam pessoas interagindo com ela, mas não tínhamos certeza se era possível o toque ou se era alguma trilha sonora. Ao chegar mais perto, ficamos muito felizes e animadas ao ver que era possível entrar nessa instalação imensa (1600m2) e percorrê-la por toda sua extensão.
Leva algum tempo, você tem que caminhar por dentro da obra, se perder e se encontrar em seus caminhos labirínticos, é um passeio pelas diferentes texturas, luzes, cheiros e sons. Transarquitetônica envolve todos os sentidos e nos faz refletir sobre a história da arquitetura e as transformações arquitetônicas pelas quais passamos.
Nesse vídeo, o artista fala mais sobre o conceito de sua obra e você pode acompanhar os detalhes de construção da Transarquitetônica:
Depois da exposição fui pesquisar mais sobre o artista e sua trajetória, e achei muito interessante. Henrique começou como artista plástico com foco na pintura em tela, em 2000, ele levou sua arte para um plano bidimensional (com a obra Tapume). E a partir de então, começou a reparar mais na cidade de São Paulo e em suas superfícies interessantes, nas paredes antigas, em restos de estruturas de anúncios e outdoors, superfícies diferentes, madeiras compensadas, tapumes usados em construções e descartados.
As obras realizadas com esse material foram evoluindo e se tornando cada vez mais tridimensionais, complexas e coloridas com o passar dos anos.
Ele diz adorar o fato do material tapume ter diferentes camadas, os veios existentes nas peças transmitem a ideia de movimento e deixam mais dinâmicas as obras feitas com esse material. A importância dada pelo artista à textura e à superfície pode ser sentida assim que o visitante tem contato com a obra, totalmente revestida, do chão ao teto.
Henrique gosta de criar um ciclo com o material utilizado. Pensa que a madeira estava na natureza, foi cortada e moldada para uso em uma construção, e depois descartada; então, ele resgata esse material, o trata, e cria um novo uso para a mesma, tornando-a parte de uma obra que representa a natureza de onde ela foi tirada. De alguma forma, acredita que assim traz o material de volta à sua origem.
Neste momento, Henrique Oliveira está com obras expostas em alguns locais:
- “Transarquitetônica”, no MAC, em São Paulo, até 30 de novembro
- “Baitogogo”, no Palais de Tokyo, em Paris, até outubro
- Obra em Domaine de Chaumont-sur-Loite, França, até 02 de novembro
- Obra na Arthur Ross Gallery, EUA, até outubro
Adorei conhecer um pouco do trabalho do artista e super recomendo a experiência sensorial a todos que puderem fazer uma visita ao MAC ou a algum desses outros centros culturais.
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