Concretismo e design gráfico: o que tem a ver? – Parte I

Por Isabela Fuchs

A arte concreta faz parte do movimento abstracionista moderno tendo se originado lá com o De Stijl – O Estilo – do Mondrian e tudo mais. Nas palavras de Van Doesburg, “a pintura concreta não é abstrata, pois nada é mais concreto, mais real, que uma linha, uma cor, uma superfície”.

A abstração máxima remete a simplicidade extrema e, portanto, falta de ideologia e conceito. Ou como diriam os coxinhas: “isso não é arte”. Mas na verdade a abstração geométrica tem uma série de elementos formais e informais, com seu rigor geométrico e a sua comunicação universal, fazendo com que haja uma aplicação em todas as áreas de comunicação visual. Quer dizer, a universalidade não é um conceito maravilhoso?

Ícone do design e praticamente um símbolo do design internacional em que prezava-se a usabilidade e a acessibilidade: Eames Chair

Ícone do design e praticamente um símbolo do design internacional em que prezava-se a usabilidade e a acessibilidade: Eames Chair

E é justamente nesse quesito de aplicabilidade e universalidade que o design entra (lógico!). É 1947, o MASP é criado devido à, entre n fatores, a industrialização em território tupiniquim. A partir disto, vem ao Brasil o Max Bill em 1951 expor a sua Unidade Tripartida e – há! – ele é professor da Escola de Design de Ulm, super ícone no ensino de design e que é inspiração para professores, estudantes de design e designers em geral. Vale lembrar que Alexandre Wollner estudou na Ulm e ele foi um dos fundadores da ESDI, a Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro. Ou seja, toscamente explicando: foi das raízes do movimento concretista que nasceu o design brasileiro do jeito que ele é.

Unidade Tripartida de Max Bill

Unidade Tripartida de Max Bill

Como se já não tivessem “coincidências” formais e conceituais o bastante entre concretismo e design gráfico no Brasil, temos aquelas famosas leis de gestalt, em que o olho humano percebe um objeto como um inteiro antes de perceber suas partes individuais, através da semelhança, proximidade, continuidade, pregnância, fechamento e unidade. Portanto, certas características formais do concretismo persistem no design gráfico: o ponto, linha e plano, ritmo e equilíbrio, simetria e assimatria, contrastes, enquadramentos, modularidade, grid e afins que são elementos  essenciais para a efetividade de um projeto.

Cartaz do Trainspotting: exemplo de projeto gráfico que coincide formal e conceitualmente com o concretismo e seus ideais.

Cartaz do Trainspotting: exemplo de projeto gráfico que coincide formal e conceitualmente com o concretismo e seus ideais.

Na verdade, esse é o tema do meu tcc. Esperem muitos textos sobre esse assunto 🙂

Isabela Fuchs

Isabela Fuchs

Estudante de Design na UTFPR. Apaixonada por História da Arte, mas também nutro paixões paralelas como Design Editorial, Design de Embalagens e Tipografia.

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